Um fato praticamente raro no mundo político ocorreu no município de Taquara, no Vale do Paranhana, na sessão da Câmara de Vereadores de terça-feira (28). O Legislativo aprovou, por 13 votos contra um, a abertura de processo contra o presidente da Casa, Marcelo Maciel (União Brasil), por uma discussão na qual teria se envolvido com a vereadora Carmem Fontoura (PSB), que também integra a Mesa Diretora e ocupa o cargo de secretária. Inclusive, chegou a ser formalizado boletim de ocorrência policial.
Em plenário, por meio de sorteio, a comissão foi definida para apurar a inusitada situação e na manhã desta quarta-feira (29) a composição de cargos e funções foi deliberada. O presidente é Telmo Vieira (PTB) e o vice-presidente Junior Eltz (PSB). Já a relatoria ficará a cargo de Sandro Montemezzo (PSD). “O presidente terá cinco dias para apresentar a defesa. No momento que isso ocorrer, a comissão acolhe e começam os trabalhos”, detalhou Vieira.
Como consequência disso, se o parecer do colegiado indicar e o plenário acolher, Maciel poderá ser dissolvido do cargo máximo do Legislativo.
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A origem da discórdia
A situação de divergência ocorreu a partir do projeto para concessão de auxílio-alimentação aos funcionários do Legislativo. Daí em diante há um conflito de versões.
Carmem destaca que a proposta foi apresentada, mas não teria ocorrido reunião presencial para discussão da matéria entre os integrantes da Mesa. “Nós respondemos ok, mas não confirmando (o projeto), mas, sim, que recebemos para analisar”, disse.
Em função dos impasses, o projeto chegou a ir para plenário e lá ocorreu pedido de vista.
Já na visão do presidente, o Executivo fez forte pressão para que o projeto não avançasse. Como os funcionários da Câmara viriam a receber o benefício indenizatório, entende que os demais servidores do Município também iriam reivindicar o valor.
No final das contas, foi o que acabou acontecendo de fato. A proposta não está mais tramitando no Legislativo. Só que dentro destas idas e vindas, no dia 21 de março ocorreu reunião com os integrantes da Mesa Diretora e contou com a participação de mais parlamentares. E lá que a confusão efetivamente iniciou.
“Quando pedi para falar, ele bateu fortemente na mesa com gritos disparando ofensas”, afirma Carmem. Conforme a parlamentar, por conta disso, permaneceu em silêncio e se retirou da sala. “Me senti muito mal por não ter respeitado meu direito como vereadora de apurar os pontos referentes ao projeto. Ficou bem claro, enquanto os vereadores homens falavam, ele ouviu”, acrescentou.
Maciel nega as acusações. “Tenho provas, tudo documentado e testemunhas. Agora, eu tenho que me defender desse processo dentro do parâmetro democrático”, afirma.
O presidente afirma que é vítima de retaliação por parte do governo. “Eu acho que está havendo uma vitimização e, infelizmente, um grande jogo político. Uma pressão antecipando o processo para 2024”, finalizou.
Maciel ressaltou que desembarcou da base governista e exemplifica que, desde então, enfrenta atritos com a Administração.
Professora Sirlei diz que caso foi um "ataque machista"
A prefeita de Taquara, Professora Sirlei (PSB), emitiu posicionamento em solidariedade à vereadora Carmem Fontoura em suas redes sociais na manhã desta quarta-feira. A chefe do Executivo classificou o episódio como um “ataque machista”. “Infelizmente, durante muitos anos, nós mulheres fomos silenciadas ou coagidas ao nos manifestarmos. Não podíamos ter opinião nem nos expressar. Os tempos mudaram e este tipo de situação hoje é inadmissível”, afirmou.
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