A aparição de bugios-ruivos em ambientes urbanos tem gerado comentários e dúvidas dos moradores da região metropolitana. Apesar de comuns no Rio Grande do Sul, a presença destes primatas eram restritas a áreas rurais ou de preservação ecológica.
Nos últimos dias, ao menos três cidades da região registraram aparições em áreas urbanas (Sapiranga, Dois Irmãos e Gravataí). Conforme o professor Marcelo Pereira de Barros, orientador de Pós-Graduação em Qualidade Ambienta da Universidade Feevale, essa assiduidade deve se tornar cada vez mais comum nos próximos anos.
LEIA TAMBÉM: Cegonha é avistada às margens da BR-116 em Novo Hamburgo
“Acontece que o crescimento imobiliário está ocorrendo por cima da mata. O habitat natural dos bugios está ficando cada vez mais espremido, esse fenômeno não é legal para os animais”, explica o professor. Barros afirma que com o habitat reduzido, os mamíferos se aproximam das casas, especialmente de áreas periféricas. “Os bugios são animais inteligentes, eles se locomovem pelas copas das árvores. É o crescimento urbano e a fauna se misturando.”
Outra questão que pode explicar a aparição frequente destes macaco é o comportamento do seu bando. “Os mais velhos são deixados para trás pelo bando. Como se locomovem rapidamente, os mais velhos não conseguem acompanhar e são deixados para trás. Então continuam procurando comida.”
CONFIRA: Na vibe do surf e skate, banda hamburguense apresenta seu novo single em shows
Barros diz que os bugios podem viver até os 20 anos e passam 70% do dia dormindo. “Mas, agora nesta época do ano, se movimentam mais. Pelo calor e também por conta da alimentação, composta principalmente por frutas e folhas. Outro ponto é o período de reprodução.”
O professor reitera que os bugios-ruivas estão ameaçados de extinção e saliente que eles não transmitem febre-amarela. “Não são transmissores, isso é uma lenda”, completa.
Caso um bugio-ruivo seja visto, a comunidade deve entrar em contato com a Patrulha Ambiental de seu município.
Relação com as queimadas
Ao contrário do que pode se pensar, o professor da Feevale afirma que não há relação das queimadas na Amazônia e no Pantanal com o comportamento dos bugios no Rio Grande do Sul. “Claro que o comportamento destes mamíferos está mundo por conta das mudanças climáticas, mas não podemos fazer essa ligação com as queimadas aqui no Sul.”
Entretanto, outros animais da fauna gaúcha são afetados pelas queimadas no Norte e Centro-Oeste do Brasil. “As aves são muito afetadas. Elas precisam de muito ar para conseguir voar e a fuligem interfere nisso.”