TEATRO DO CRIME
Polícia descobre delegacia clandestina em Novo Hamburgo
Estrutura usada para golpes do nudes em todo o País foi desativada nesta quarta-feira pela 1ª DP da cidade
Última atualização: 29/08/2024 16:23
Em prédio no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, funcionava uma delegacia de polícia clandestina usada para golpes do nudes em todo o País. Boletins de ocorrência e inquéritos falsificados apontam para centenas de vítimas em vários estados. A estrutura, que também era base do tráfico de drogas sintéticas, foi descoberta na tarde desta quarta-feira pela 1ª DP de Novo Hamburgo. Os agentes apreenderam uma carga de objetos e documentos adulterados, além de 2,6 mil comprimidos de ecstasy, avaliados em R$ 130 mil. Dois homens e uma mulher foram presos.
“Nossa equipe foi cumprir mandado de busca em um local suspeito e deparou com este cenário inédito e surpreendente”, declara o delegado da 1ª DP, Tarcísio Kaltbach. Uma sala no segundo andar do prédio, na Rua Sapiranga, era réplica de um gabinete policial. A operação ganhou nome: Teatro do Crime.
Ornamentos
Painéis com logomarca da Polícia Civil e bandeiras oficiais ornamentavam o ambiente com computadores e impressoras para simular registro de ocorrências e tomada de depoimentos. Também havia camisetas da instituição, algemas, distintivos, rádios comunicadores, pilhas de documentos falsificados, simulacros de fuzil e pistola e vários outros adornos, como canecas com logotipo da Polícia.
Em uma caixa de papelão, os agentes encontraram 13 pacotes lacrados com 200 pílulas de ecstasy em cada. As “balas”, vendidas em festas na faixa de 50 reais a unidade, são de duas modalidades. Uma verde, chamada de Barcelona e na forma do distintivo do clube espanhol, e outra dourada, com a logomarca Gold, em alusão a barras de ouro. Na caixa havia também um tijolo de maconha.
O esquema
Os golpistas atraem homens mais velhos, por meio das redes sociais, utilizando fotos de mulheres jovens e adolescentes. As vítimas vão se iludindo com a sedução, na medida em que a conversa evolui, e passam a trocar fotos íntimas.
Agora com imagens comprometedoras, entram em ação os falsos policiais. Passando-se por agente ou delegado, dizem que há inquérito aberto por assédio e até pedofilia, quando a falsa namorada virtual representa uma criança ou adolescente menor de 12 anos.
Há situação mais extrema em que os golpistas simulam certidão de óbito para dizer que a menina se matou pelo constrangimento das fotos íntimas, apavorando ainda mais o homem.
Na tortura psicológica do golpe, que já resultou em suicídios de vítimas, os policiais pedem dinheiro para não fazer o indiciamento. Eles usam o cenário da falsa DP para enviar vídeos sobre a investigação. Há representação até de dramáticos depoimentos de pais da menina para impressionar ainda mais. Um teatro do crime.
Nos documentos da quadrilha da falsa DP, há registros de pagamentos na faixa de R$ 30 mil, mas o delegado cogita valores mais elevados. Entre as centenas de vítimas, há empresários, profissionais liberais, agricultores. São homens do Vale do Sinos e outras regiões do RS, além outros estados. A pandemia provocou uma explosão de casos e especializou a quadrilha.
Na delegacia clandestina de Canudos, foram apreendidos banners não só da Polícia gaúcha, como também de Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. Até da Polícia Federal. “Isso indica a origem das vítimas”, expõe o delegado. Também havia bandeiras de diferentes estados.
Entre os falsos inquéritos, BOs e certidões de óbito, há cópias das conversas eróticas por whatsApp com os homens. “Temos uma complexa investigação pela frente em razão de vítimas dos mais diversos lugares. O golpe era milionário”, observa Kaltbach.
Papéis, computadores e celulares serão analisados. Um pesado cofre lacrado, recolhido no fim da tarde, deve ser aberto nesta quinta. “Temos aí os crimes de extorsão, tráfico, formação de quadrilha, e uso indevido de símbolos de função pública."
Quadrilha catarinense se instalou no prédio
O prédio, de uma família hamburguense, ficou com o filho de um casal que se mudou para Lomba Grande. “Pelo que apuramos, esse jovem recebeu golpistas de Santa Catarina há três meses nesse imóvel residencial. A gente ainda não sabe exatamente quantos estavam morando ali, mas certamente todos estão envolvidos”, considera o delegado. A Operação Teatro do Crime foi desencadeada por volta das 15 horas.
O jovem dono, de 19 anos, tem uma barbearia no térreo, onde foi preso. Não tinha antecedentes criminais. Em outro andar, foi detido um golpista catarinense de 30 anos. O suposto líder, de 26 anos, desceu correndo as escadas e fugiu para o mato. Os agentes encontraram documentos falsos do fugitivo, que está com mandados de prisão por vários crimes em Santa Catarina.
A mulher do procurado, de 24 anos, foi detida em um salão de beleza na área central. “Encontramos documentos dela na casa e fomos ao trabalho. Ela confessou que sabia da delegacia clandestina, mas afirmou que não tinha conhecimento da droga”, diz Kaltbach. No decorrer da tarde desta quarta-feira, advogados de Santa Catarina ligaram para a 1ª DP atrás de informações dos clientes.
Veja vídeo
Em prédio no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, funcionava uma delegacia de polícia clandestina usada para golpes do nudes em todo o País. Boletins de ocorrência e inquéritos falsificados apontam para centenas de vítimas em vários estados. A estrutura, que também era base do tráfico de drogas sintéticas, foi descoberta na tarde desta quarta-feira pela 1ª DP de Novo Hamburgo. Os agentes apreenderam uma carga de objetos e documentos adulterados, além de 2,6 mil comprimidos de ecstasy, avaliados em R$ 130 mil. Dois homens e uma mulher foram presos.
“Nossa equipe foi cumprir mandado de busca em um local suspeito e deparou com este cenário inédito e surpreendente”, declara o delegado da 1ª DP, Tarcísio Kaltbach. Uma sala no segundo andar do prédio, na Rua Sapiranga, era réplica de um gabinete policial. A operação ganhou nome: Teatro do Crime.
Ornamentos
Painéis com logomarca da Polícia Civil e bandeiras oficiais ornamentavam o ambiente com computadores e impressoras para simular registro de ocorrências e tomada de depoimentos. Também havia camisetas da instituição, algemas, distintivos, rádios comunicadores, pilhas de documentos falsificados, simulacros de fuzil e pistola e vários outros adornos, como canecas com logotipo da Polícia.
Em uma caixa de papelão, os agentes encontraram 13 pacotes lacrados com 200 pílulas de ecstasy em cada. As “balas”, vendidas em festas na faixa de 50 reais a unidade, são de duas modalidades. Uma verde, chamada de Barcelona e na forma do distintivo do clube espanhol, e outra dourada, com a logomarca Gold, em alusão a barras de ouro. Na caixa havia também um tijolo de maconha.
O esquema
Os golpistas atraem homens mais velhos, por meio das redes sociais, utilizando fotos de mulheres jovens e adolescentes. As vítimas vão se iludindo com a sedução, na medida em que a conversa evolui, e passam a trocar fotos íntimas.
Agora com imagens comprometedoras, entram em ação os falsos policiais. Passando-se por agente ou delegado, dizem que há inquérito aberto por assédio e até pedofilia, quando a falsa namorada virtual representa uma criança ou adolescente menor de 12 anos.
Há situação mais extrema em que os golpistas simulam certidão de óbito para dizer que a menina se matou pelo constrangimento das fotos íntimas, apavorando ainda mais o homem.
Na tortura psicológica do golpe, que já resultou em suicídios de vítimas, os policiais pedem dinheiro para não fazer o indiciamento. Eles usam o cenário da falsa DP para enviar vídeos sobre a investigação. Há representação até de dramáticos depoimentos de pais da menina para impressionar ainda mais. Um teatro do crime.
Nos documentos da quadrilha da falsa DP, há registros de pagamentos na faixa de R$ 30 mil, mas o delegado cogita valores mais elevados. Entre as centenas de vítimas, há empresários, profissionais liberais, agricultores. São homens do Vale do Sinos e outras regiões do RS, além outros estados. A pandemia provocou uma explosão de casos e especializou a quadrilha.
Na delegacia clandestina de Canudos, foram apreendidos banners não só da Polícia gaúcha, como também de Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. Até da Polícia Federal. “Isso indica a origem das vítimas”, expõe o delegado. Também havia bandeiras de diferentes estados.
Entre os falsos inquéritos, BOs e certidões de óbito, há cópias das conversas eróticas por whatsApp com os homens. “Temos uma complexa investigação pela frente em razão de vítimas dos mais diversos lugares. O golpe era milionário”, observa Kaltbach.
Papéis, computadores e celulares serão analisados. Um pesado cofre lacrado, recolhido no fim da tarde, deve ser aberto nesta quinta. “Temos aí os crimes de extorsão, tráfico, formação de quadrilha, e uso indevido de símbolos de função pública."
Quadrilha catarinense se instalou no prédio
O prédio, de uma família hamburguense, ficou com o filho de um casal que se mudou para Lomba Grande. “Pelo que apuramos, esse jovem recebeu golpistas de Santa Catarina há três meses nesse imóvel residencial. A gente ainda não sabe exatamente quantos estavam morando ali, mas certamente todos estão envolvidos”, considera o delegado. A Operação Teatro do Crime foi desencadeada por volta das 15 horas.
O jovem dono, de 19 anos, tem uma barbearia no térreo, onde foi preso. Não tinha antecedentes criminais. Em outro andar, foi detido um golpista catarinense de 30 anos. O suposto líder, de 26 anos, desceu correndo as escadas e fugiu para o mato. Os agentes encontraram documentos falsos do fugitivo, que está com mandados de prisão por vários crimes em Santa Catarina.
A mulher do procurado, de 24 anos, foi detida em um salão de beleza na área central. “Encontramos documentos dela na casa e fomos ao trabalho. Ela confessou que sabia da delegacia clandestina, mas afirmou que não tinha conhecimento da droga”, diz Kaltbach. No decorrer da tarde desta quarta-feira, advogados de Santa Catarina ligaram para a 1ª DP atrás de informações dos clientes.
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