POLUIÇÃO
Pó de cimento no ar preocupa moradores de Esteio e problema é denunciado ao Ministério Público
População de bairro afirma que convive diariamente com poluição de fabrica; no começo do mês, a explosão de um caminhão-silo da empresa trouxe a situação à tona
Última atualização: 18/01/2024 11:24
A explosão de um caminhão-silo dentro da fábrica de cimento da Votorantim, no bairro Novo Esteio, no início deste ano, pode ter sido um caso isolado, porém diversos moradores relatam que o pó de cimento no ar é uma situação com que convivem desde que a empresa se instalou no local.
Por isso, o vereador Sandro Severo reuniu depoimentos da população e fez uma denúncia ao Ministério Público do Estado (MPRS) em relação ao problema da poluição do ar. A fábrica foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou sobre o caso.
"Protocolei um importante requerimento junto ao Ministério Público Estadual. No início do ano, centenas de moradores nos denunciaram acerca do pó cinza que seria originado da citada fábrica de cimento que funciona há 70 anos em nossa cidade. Além de sujar janelas, paredes, carros e plantas, o pó também é nocivo por conta de eventuais impactos na saúde da população, pois em caso de inalação da sílica, que faz parte do cimento, poderia causar a longo prazo uma doença pulmonar crônica nas pessoas. Não vamos mais tolerar tais absurdos", relatou o parlamentar.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) divulgou nota, em que diz que faz "continuamente o monitoramento de emissões da empresa Votorantim, através de relatórios apresentados trimestralmente e semestralmente referentes ao monitoramento das emissões das chaminés e qualidade do ar."
"Não consigo abrir uma janela durante o dia"
Dois moradores falam sobre os problemas vividos devido ao pó de cimento, uma questão que existe há muito tempo no bairro. “Esse problema não é nada recente, moro aqui há 20 anos. Eles (Votorantim) sempre falam que passaram por algumas adequações, mas não mudam. Eu moro aqui e eu não consigo abrir uma janela durante o dia, devido ao pó de cimento”, explica um morador, que solicitou para não ser identificado.
Outro residente do bairro, José Antônio, com a casa bem próxima à fábrica de cimento, também deu sua opinião. “O carro tem que ficar dentro da garagem sempre, pois com esse pó de cimento, se o carro ficar na rua e chover, ele cria uma casca que empedra. Em cima das roupas, dentro de casa, em cima de carro, tem pó de cimento”, relata ele, com indignação.
Saúde prejudicada
A moradora Santa Ana Dorneles de Moraes, de 78 anos, desenvolveu problemas respiratórios devido ao pó de cimento. “Quando vim para cá, há 42 anos, eu não tinha nada de problema de saúde. Eu tive bronquite e me curei faz dois meses, e agora tive asma. Quase morri na segunda-feira, passei o dia no hospital. A empresa já estava aqui quando eu vim para cá. Trabalhei com cimento também, na parte de limpeza. Tudo isso agrava as coisas. Nunca tive asma e agora me atacou que quase morri. Eles tinham que fazer algo para arrumar isso. O remédio que eu uso custa 143 reais. É horrível essa situação”.
O médico Ricardo Vallejos explica que o pó de cimento pode ser extremamente prejudicial para a saúde, especialmente se inalado por muitos anos, como a moradora Santa Ana. “A pessoa pode desenvolver doença pulmonar grave, com grande restrição da capacidade respiratória, podendo ficar até dependente do uso domiciliar de oxigênio, além de muitas medicações.”
Vazamento em caminhão-silo
No dia 6 de janeiro, ocorreu o vazamento de um caminhão-silo de uma transportadora contratada pela empresa. Segundo relato do gerente do posto de combustíveis, que fica em frente à fábrica, Mauro Monteiro, o incidente causou diversos danos para o bairro Novo Esteio. “O posto escureceu todo, foi coisa feia. Trincou vidros do comércio, e de alguns carros, com a força da explosão. A sujeira foi indo embora aos pouquinhos. A empresa não fez nada para ajudar a comunidade”, reclamou. A prefeitura informou que o monitoramento é de competência da Fepam.
A explosão de um caminhão-silo dentro da fábrica de cimento da Votorantim, no bairro Novo Esteio, no início deste ano, pode ter sido um caso isolado, porém diversos moradores relatam que o pó de cimento no ar é uma situação com que convivem desde que a empresa se instalou no local.
Por isso, o vereador Sandro Severo reuniu depoimentos da população e fez uma denúncia ao Ministério Público do Estado (MPRS) em relação ao problema da poluição do ar. A fábrica foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou sobre o caso.
"Protocolei um importante requerimento junto ao Ministério Público Estadual. No início do ano, centenas de moradores nos denunciaram acerca do pó cinza que seria originado da citada fábrica de cimento que funciona há 70 anos em nossa cidade. Além de sujar janelas, paredes, carros e plantas, o pó também é nocivo por conta de eventuais impactos na saúde da população, pois em caso de inalação da sílica, que faz parte do cimento, poderia causar a longo prazo uma doença pulmonar crônica nas pessoas. Não vamos mais tolerar tais absurdos", relatou o parlamentar.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) divulgou nota, em que diz que faz "continuamente o monitoramento de emissões da empresa Votorantim, através de relatórios apresentados trimestralmente e semestralmente referentes ao monitoramento das emissões das chaminés e qualidade do ar."
"Não consigo abrir uma janela durante o dia"
Dois moradores falam sobre os problemas vividos devido ao pó de cimento, uma questão que existe há muito tempo no bairro. “Esse problema não é nada recente, moro aqui há 20 anos. Eles (Votorantim) sempre falam que passaram por algumas adequações, mas não mudam. Eu moro aqui e eu não consigo abrir uma janela durante o dia, devido ao pó de cimento”, explica um morador, que solicitou para não ser identificado.
Outro residente do bairro, José Antônio, com a casa bem próxima à fábrica de cimento, também deu sua opinião. “O carro tem que ficar dentro da garagem sempre, pois com esse pó de cimento, se o carro ficar na rua e chover, ele cria uma casca que empedra. Em cima das roupas, dentro de casa, em cima de carro, tem pó de cimento”, relata ele, com indignação.
Saúde prejudicada
A moradora Santa Ana Dorneles de Moraes, de 78 anos, desenvolveu problemas respiratórios devido ao pó de cimento. “Quando vim para cá, há 42 anos, eu não tinha nada de problema de saúde. Eu tive bronquite e me curei faz dois meses, e agora tive asma. Quase morri na segunda-feira, passei o dia no hospital. A empresa já estava aqui quando eu vim para cá. Trabalhei com cimento também, na parte de limpeza. Tudo isso agrava as coisas. Nunca tive asma e agora me atacou que quase morri. Eles tinham que fazer algo para arrumar isso. O remédio que eu uso custa 143 reais. É horrível essa situação”.
O médico Ricardo Vallejos explica que o pó de cimento pode ser extremamente prejudicial para a saúde, especialmente se inalado por muitos anos, como a moradora Santa Ana. “A pessoa pode desenvolver doença pulmonar grave, com grande restrição da capacidade respiratória, podendo ficar até dependente do uso domiciliar de oxigênio, além de muitas medicações.”
Vazamento em caminhão-silo
No dia 6 de janeiro, ocorreu o vazamento de um caminhão-silo de uma transportadora contratada pela empresa. Segundo relato do gerente do posto de combustíveis, que fica em frente à fábrica, Mauro Monteiro, o incidente causou diversos danos para o bairro Novo Esteio. “O posto escureceu todo, foi coisa feia. Trincou vidros do comércio, e de alguns carros, com a força da explosão. A sujeira foi indo embora aos pouquinhos. A empresa não fez nada para ajudar a comunidade”, reclamou. A prefeitura informou que o monitoramento é de competência da Fepam.
Por isso, o vereador Sandro Severo reuniu depoimentos da população e fez uma denúncia ao Ministério Público do Estado (MPRS) em relação ao problema da poluição do ar. A fábrica foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou sobre o caso.
"Protocolei um importante requerimento junto ao Ministério Público Estadual. No início do ano, centenas de moradores nos denunciaram acerca do pó cinza que seria originado da citada fábrica de cimento que funciona há 70 anos em nossa cidade. Além de sujar janelas, paredes, carros e plantas, o pó também é nocivo por conta de eventuais impactos na saúde da população, pois em caso de inalação da sílica, que faz parte do cimento, poderia causar a longo prazo uma doença pulmonar crônica nas pessoas. Não vamos mais tolerar tais absurdos", relatou o parlamentar.