ENCHENTE NO RS

Pesquisadores holandeses apontam falhas e alternativas para proteção às cheias em Porto Alegre

Grupo visitou a Capital em junho e apresentou agora o resultado dos levantamentos feitos na cidade

Publicado em: 19/08/2024 19:05
Última atualização: 19/08/2024 19:06

O grupo de pesquisadores holandeses que visitou o Rio Grande do Sul em junho, ainda em meio à crise causada pelas enchentes do mês anterior, divulgou nesta segunda-feira (19) o resultado das análises feitas sobre o sistema de proteção a cheias.

A pesquisa comandada pelo Conselheiro Institucional da Agência Empresarial Holandesa (Netherlands Enterprise Agency - RVO) e chefe da equipe especializada em Adaptação às Mudanças Climáticas Urbanas, Liderança em Complexidade, Recuperação Pós-Desastre, Ben Lamoree, apontam que as falhas aconteceram por erros de execução do projeto e planejamento dos diques de contenção.


Pesquisadores holandeses apontam falhas e alternativas para proteção às cheias em Porto Alegre Foto: Luciano Lanes/PMPA

A apresentação dos resultados foi feita na sede do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) de Porto Alegre. De acordo com os pesquisadores holandeses, o sistema de proteção estava fragilizado e acabou falhando ao enfrentar uma situação maior do que aquela para qual foi projetado. Como falhas de projeto, os pesquisadores apontaram a localização das estações de bombeamento, que na avaliação deles foram posicionadas em um nível muito baixo.

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Como não estavam acima da cota de proteção, as casas de bombas alagaram e 20 das 23 falharam. A indicação dos pesquisadores é que estas deveriam estar acima dos diques de contenção.

Segundo os pesquisadores, o desenho e a execução dos diques, especialmente na Zona Norte da cidade, também apresentaram problemas. Ambas análises apontam para erros de projeto e vão de encontro ao que havia sido levantado pelo Instituto de Pesquisas Hidrográficas (IPH) da UFRGS durante as enchentes e corrobora com o discurso de defesa do governo municipal.

Melhorias

O grupo visitou comportas, casas de bombas e diques nas zonas Norte, Sul, Centro e Ilhas para avaliar a estrutura atual do sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre. Os especialistas também conversaram com moradores das regiões afetadas pelas inundações, para saber mais sobre suas realidades e vivências. Além de apontar falhas, eles também apresentaram propostas de melhorias a curto e longo prazo.

Como resposta de emergência e recuperação de curto prazo, a comitiva holandesa recomenda garantir a disponibilidade da capacidade de bombeamento temporário para emergências, o monitoramento de curto prazo do sistema de diques, possivelmente usando drones especializados e, de preferência, antes do início da estação chuvosa.

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“Em relação à infraestrutura, nossa recomendação é repor aquilo que foi destruído, e, ao mesmo tempo, considerar outras opções estruturais, pois de acordo com nossa experiência na Holanda, o aumento do nível dos diques tem limite. Então, uma ação complementar que sugerimos é a criação de mais espaço para o rio, a exemplo do programa que temos na Holanda, chamado: Room for the River. Significa ampliar as áreas próximas aos rios, para que eles possam fluir conforme sua vasão, também, incluindo dragagem e a abertura de canais adicionais, quando não existem. Há várias soluções de engenharia que precisam ser investigadas, essa é nossa recomendação”, ressalta Ben Lamoree.

Entre as sugestões de recuperação de longo prazo e adaptação do sistema, estão soluções estruturais e não estruturais para a proteção, que precisam ser exploradas. Em particular, opções para aumentar os níveis de infraestrutura de proteção contra inundações e para reduzir os níveis máximos de inundação ao redor de Porto Alegre.

Em termos de medidas estruturais, isso levará a intervenções de infraestrutura muito diferentes. Medidas não estruturais são essenciais, particularmente, a possível adaptação da governança institucional multinível de proteção contra inundações e o alerta precoce e assertivo para a população.

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