CATÁSTROFE

Pesquisadores da UFRGS apontam que RS sofreu megadesastre por deslizamentos durante as enchentes

Catástrofe no Rio Grande do Sul, com recorde de chuva em maio deste ano, provocou 16.862 movimentos de massa no território gaúcho

Publicado em: 04/11/2024 11:27
Última atualização: 04/11/2024 11:28

A catástrofe no Rio Grande do Sul, com recorde de chuva em maio deste ano, provocou 16.862 movimentos de massa no território gaúcho. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mapearam cerca de 18 mil km², a partir de imagens de satélite de alta resolução, para identificá-los. Segundo a UFRGS, o Instituto de Geociências aponta que o Estado teve um megadesastre por deslizamentos durante as cheias.


Pesquisadores da UFRGS apontam que RS sofreu megadesastre por deslizamentos durante as enchentes Foto: Divulgação

O estudo busca incentivar medidas de prevenção e adaptação na Serra Gaúcha, no Vale do Taquari, no Vale do Rio Pardo e na Quarta Colônia. Caxias do Sul é a cidade com a maior quantidade de cicatrizes de movimentos de massa mapeados, totalizando 656, seguida de Veranópolis, com 636 cicatrizes, sendo que cicatrizes de movimentos de massa são marcas da movimentação de solo e/ou rochas visíveis no terreno. Já os pontos de ruptura demarcam os pontos iniciais do movimento de massa, que registram o início do rompimento do terreno ao longo de encostas

Os detalhes da pesquisa foram divulgados na última terça-feira (29) pelo Instituto de Geociências (IGeo/UFRGS), Laboratório de Sensoriamento Remoto Geológico, Geomorfológico e Dinâmicas de Paisagem (Latitude/UFRGS) e pelo Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia (CEPSRM). A área de análise envolveu, predominantemente, as bacias hidrográficas Taquari-Antas, Caí, Sinos, Pardo, Alto e Baixo Jacuí e Vacacaí-Mirim e cobre 150 municípios mais atingidos por movimentos de massa na Região Hidrográfica do Guaíba.

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De acordo com a UFRGS, de 4 de maio até 21 de agosto de 2024, uma equipe de 50 membros, entre professores, estudantes, técnicos e colaboradores externos da UFRGS, mapeou as áreas atingidas. O mapeamento foi coordenado pelo professor do IGeo Clódis Andrades-Filho e pelo mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto (PPGSR/UFRGS) Lorenzo Mexias. O Webmapa faz parte do Repositório de informações geográficas para suporte à decisão - Rio Grande do Sul 2024 da UFRGS.

O professor explica que a maior concentração de chuva naquele período ocorreu no nordeste do Estado, região de relevo majoritariamente acidentado onde está localizada a Serra Gaúcha, o Vale do Taquari, o Vale do Rio Pardo e a Quarta Colônia. “Por conta dos efeitos desse evento extremo, a movimentação de massa mais expressiva aconteceu nas encostas dos vales em 30 de abril e 1º e 2 de maio, predominando os movimentos dos tipos: deslizamentos, fluxos de detritos, queda de blocos e rastejo do solo”, explica.

Com o mapeamento 100% concluído, é possível ter noção do volume real da destruição por deslizamentos. Ao final, foram registradas 15.376 cicatrizes de movimentos de massa e 16.862 pontos de ruptura. "Em número de movimentos de massa, este evento é o maior já registrado no Brasil, uma vez que o último de grandes proporções ocorreu no Rio de Janeiro em 2011 e teve 4.300 cicatrizes de movimentos de massa", destaca Andrades-Filho.

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O mapeamento aponta 150 municípios gaúchos atingidos por deslizamentos este ano, com um montante de mais de 10 mil propriedades atingidas diretamente, além de muitos acessos por estradas comprometidos. "Os efeitos dos movimentos de massa nas encostas do RS exigem, além da resposta emergencial, o estabelecimento de medidas de prevenção e adaptação do modo de vida e convivência nessas áreas que seguirão sendo consideradas de risco. Assim, medidas que permitam a adaptação a eventos extremos da vida nas áreas rurais, para minimizar riscos, são fundamentais", salienta.

Entre essas medidas de adaptação, o estudo destaca:

  • medidas de contenção e drenagem em lavouras de modo a reduzir a movimentação do solo e o acúmulo de água em áreas frágeis do terreno;
  • zoneamento das áreas de maior risco e estabelecimento de medidas de uso restrito do solo e proteção ambiental;
  • formação dos profissionais locais gestores, técnicos, dos agricultores e professores sobre risco geológico e adaptação;
  • aperfeiçoamento de sistemas de alertas, que considerem o risco geológico nas encostas a partir de dados técnico-científicos precisos e adequados à realidade socioambiental local e regional, etc.

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