Além dos pais e quatro irmãs, o jovem que morreu afogado no Rio dos Sinos, em Campo Bom, também deixou a namorada. Na tarde da última quarta-feira (4), Maicon Roberto Becker Ferreira, de 19 anos, foi nadar com um colega de trabalho próximo a sua casa, no bairro Barrinha, quando atravessou o rio e não conseguiu voltar. “Perdi meu chão quando perdi ele”, diz Adriana Carolina Naibert de Castro, 18.
A jovem que faz aniversário no próximo domingo (8) conta que o namorado planejava uma surpresa. Ele pretendia fazer um churrasco para celebrar a data com amigos do casal na noite desta sexta-feira (6), mas como ela havia convidado ele para ir comemorar com outros amigos, Maicon revelou o plano e decidiram adiar a “surpresa” para outro dia. “Não consigo comer e nem dormir. Desde que ele se foi só choro”, desabafa Adriana. “Além de namorado, ele era meu amigo.”
Apesar do relacionamento do casal ser recente, desde os festejos de ano-novo, eles tinham planos de casar e construir uma família. “Passei sábado, domingo e segunda com ele. Depois voltei para casa porque tinha que trabalhar. Pedi para ele vir junto, mas ele sempre foi um menino esforçado e trabalhador, disse que tinha que trabalhar”, lembra a namorada.
Marcos Roberto Ferreira, 38, pai de Maicon fala que um dos sonhos do filho era casar. “Ele sempre falava em juntar dinheiro e ir morar com a namorada, casar com ela e construir uma família.” A namorada lembra que o jovem estava feliz com a ideia. “Realmente ele estava feliz porque íamos casar, conforme o sonho dele e meu também”, revela. Ela conta que Maicon já procurava trabalho na cidade de Taquara, onde ela mora e já tem uma casa com alguns móveis.
“Sinceramente o Maicon era tudo o que eu tinha”, diz emocionada Adriana. Ela lembra que quando passou por problemas familiares o namorado esteve ao lado dela. “Me ajudou a passar por uma fase horrível em minha vida”, lembra. Mas é do jovem gentil e querido ela sempre irá recordar. “Aonde ele estava não tinha tristeza. Sempre foi um guri de ouro, que se preocupava com todos a sua volta”, finaliza.
O corpo do jovem foi sepultado na tarde da quinta-feira (5) no Cemitério de Santa Cristina do Pinhal, em Parobé.
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'Tragédia foi praticamente no quintal de casa', diz o pai
A família natural de Parobé se mudou há quatro anos para Campo Bom, onde reside na mesma casa, que fica próximo ao local onde Maicon morreu afogado. “Tragédia foi praticamente no quintal de casa”, observa o pai do jovem.
Marcos relata que na quarta-feira, por volta das 6h30, ele e o filho saíram para trabalhar. Quando chegaram na empresa foram informados que uma máquina estava danificada e por isso teriam o dia de dispensa. “Quando voltamos para casa eu pedi para ele me ajudar com uns serviços no pátio. Passamos a manhã trabalhando nisso. Depois almoçamos e eu decidi ligar para o meu patrão e ver se já tinha serviço, ele disse que teria apenas para mim”, detalha o pai.
Por volta das 13 horas, Marcos foi trabalhar. Cerca de meia hora depois recebeu a notícia de que o filho teria se afogado. A empresa também fica próxima ao local onde a tragédia aconteceu. “Antes de eu sair, ele pediu para ir no meu lugar. Como eu tive férias e ele não, quis que ele ficasse descansando. Ele queria ir cuidar das máquinas. Eu preferia ter ficado e ter ouvido ele”, lamenta o pai, pontuando que o jovem não costumava ir nadar naquele trecho. “Ele gostava de pescar, ia muito com os tios, por isso já nadava. Era um bom nadador”, conta.
Filho mais velho e único homem, ele tinha quatro irmãs. O pai relata que entre as brigas normais de irmãos, Maicon era muito carinhoso e cuidadoso com elas, além de zeloso com a família. “Ele era um menino trabalhador, ajudava a família. Quando recebia, primeiro ajudava nas contas e até fazia ‘rancho’ e depois, com o que sobrava, fazia as coisas dele.”
Entre os planos do jovem, revela o pai, estava o de tirar habilitação para dirigir. Além disso, havia o sonho de casar com a namorada. “Ele também falava muito em fazer curso de inglês para ter mais oportunidades de trabalho.” Marcos ainda conta que o filho queria crescer no atual emprego, “falava que queria ser operador”. No entanto, quando criança o sonho era ser jogador de futebol.
Torcedor do Internacional, ainda na infância acompanhava o pai aos finais de semana, em partidas de futebol nos campos da cidade. Atualmente, Maicon aproveitava as folgas para ir jogar bola com amigos nos sábados e domingos. “Até quando pude, eu jogava bola junto com dele. Depois por causa de uma lesão não pude continuar”, afirma Marcos, pontuando ainda que o Maicon também gostava de estar com os amigos e primos. “Eles sempre estavam juntos”, finaliza.
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