É difícil precisar onde e quando a tradição começou, mas, a cada ano, e em diferentes cidades, os passeios em veículos abertos pelas ruas enfeitadas para o Natal chamam atenção de crianças e adultos. Os nomes dados aos veículos variam, pode ser Din-Din, Amiguinho, Trenzinho, entre outros.
Foto: Divulgação
Seja qual for o nome e formato, passear pelas ruas iluminadas em um veículo aberto e enfeitado com a temática natalina faz brilhar os olhos, como o caso do casal Taisa de Oliveira, 35 anos, e Douglas Castro, 39, que aproveitaram a noite do último domingo (10) para ver Campo Bom de um jeito diferente. “A gente vê ele passar às vezes pelo nosso bairro, então hoje pensamos em fazer uma coisa diferente e decidimos andar pela primeira vez”, conta Taisa enquanto curtia o passeio no Trenzinho Amiguinho.
Mesmo vivendo há muitos anos na cidade, o casal nunca tinha aproveitado o passeio no veículo. O Amiguinho fica mais atrativo à noite, quando, além das ruas iluminadas, o próprio veículo também ganha luzes natalinas. “Não dá pra perder o espírito de criança, e é bem divertido poder ver a nossa cidade de uma forma diferente.”
Encanto infantil
Adriana de Mello, 40, foi levada pela filha Renata de Mello, 6, que ao contrário do casal Taisa e Douglas, tem muita experiência no Amiguinho. Todos os anos ela aproveita o passeio no período de Natal. “Acho legal que as pessoas ficam felizes principalmente, e eu sou feliz”, diz a pequena Renata.
Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial
Para a menina, o passeio é uma tradição da qual não abre mão. “É muito legal, eu adoro andar de trem”, resume.
Em 2018, o ator Cristiano Schenkel fez as primeiras viagens no que apelidou de Trenzinho do Vale, inspirado em experiências que já havia acompanhado em outras cidades. “A gente já tinha visto alguns trenzinhos em outros lugares, e a gente via essa crescente de Natal aqui em Dois Irmãos e sentia essa necessidade de ter algo para levar o turista para poder andar pelas ruas da cidade”, lembra.
Há três anos, a atriz e professora Karina Bayer, 47, começou a se integrar mais ao Natal na Praça, evento realizado na cidade de Sapiranga. Como um duende que ajuda a divertir crianças, jovens e adultos que andam no Trenzinho, que passa pelas ruas da cidade, ela diz ter mudado a própria relação com o Natal.
“A gente sai com um espírito novo, mais animado, mais fraterno, mais aberto a essas experiências. E o Natal parece que tem uma magia diferente”, conta Karina, ao falar sobre o sentimento ao fim de um dia de trabalho como uma duende do Papai Noel.
Atrativo para turistas
Com o crescimento do Natal dos Anjos, realizado anualmente em Dois Irmãos. O desafio auto imposto pelo próprio Schenkel, era de transformar aquele vínculo que el trazia da infância com trens a se tornar uma atração turística.”Essa história do trem surge com a família da minha mãe que morava do lado do túnel em Linha Bonita, que fica em Salvador do Sul. E minha mãe nasceu ali do lado desse túnel e sempre me contou histórias muito legais de trem, então eu acho que essa paixão vem daí.”
Diferenças de público
Schenkel demonstra que a sua maior satisfação com o Trenzinho do Vale é conseguir atrair o público para um ambiente familiar. “A gente consegue agregar toda família, porque o pai e a mãe eu acho que também traz aquela recordação, essa memória boa, de poder pegar um ventinho no rosto, poder olhar as luzes de Natal, se ter um vidro na frente.”
Karina, por sua vez, ressalta a diversidade de público, que não se resume a uma faixa etária. “O interessante desse público é que ele é um público misto, são todas as idades. Você tem desde idoso, muitas famílias, crianças, jovens que vêm em grupos.” E cada um desses grupos encara de uma maneira diferente a atração.
“As crianças, especialmente, elas vão pelo prazer do encantamento, do próprio Trenzinho em si, elas querem brincar. O adulto ele já tem mais essa questão de fazer o passeio para se divertir, para curtir com a família, mas ele gosta de observar o trajeto”, observa Karina, que ainda chama atenção para o fato de os jovens buscarem sempre realizar o passeio em grupo.
Para quem trabalha, os passeios também se transformam em momentos de reconexão com a data, mas também com as pessoas e o trabalho de atuação. “Esse trabalho acaba se tornando muito vivo, interativo e intenso. É sempre um novo espetáculo a cada momento que o trenzinho faz uma volta inteira pela cidade”, avalia Karina, que completa ao falar sobre a satisfação dupla de realizar o trabalho. “Isso alimenta a gente também como artista e como ser humano.”
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