A semana começou com um carro que caiu em uma cratera na esquina da Rua Vera Cruz, e inicialmente se tinha a informação de que a via fazia esquina com a Avenida Nações Unidas, no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo.
Porém, de acordo com a Prefeitura, o local é a projeção de extensão da Nações Unidas, mas não se trata da avenida em si. Portanto, nesta leitura, o trecho é na verdade parte do dique de contenção, onde não poderiam transitar veículos.
O motivo para veículos como o Volkswagen Gol que caiu no buraco na segunda-feira (22) estarem trafegando no local sem qualquer fiscalização abre uma discussão entre Novo Hamburgo e São Leopoldo.
A gestão hamburguense alega que, antes das enchentes, o acesso de veículos “era muito raro em razão das condições ruins para o trânsito” e que o caminho só foi aberto devido a decisões do governo vizinho durante as cheias do Rio dos Sinos, que “utilizou o dique como caminho para acessar a parte solapada do dique na área leopoldense e fez melhorias no local, [por isso] o acesso ficou facilitado”.
Por sua vez, o governo da cidade vizinha se defende e afirma que todas as suas ações, descritas como urgentes e necessárias para a recomposição do dique do bairro Santos Dumont, foram feitas a partir de um compromisso firmado perante o Ministério Público (MP).
A administração de São Leopoldo ainda enfatiza que o serviço só foi possível por interferência do órgão, “uma vez que, em um primeiro momento, houve a negativa da Prefeitura de Novo Hamburgo de permitir o acesso ao dique para a execução dos serviços”.
A disputa
Mesmo após o período mais crítico da enchente, a região seguiu recebendo o tráfego de veículos. Segundo a prefeitura de Novo Hamburgo, houve uma tentativa de evitar o acesso com a colocação de uma placa na entrada pela Rua Manágua, que indicava a proibição de circulação de veículos no dique, sendo permitido apenas para aqueles que estivessem em serviço. No entanto, a sinalização foi roubada.
“Importante reforçar que o dique não foi construído para suportar o trânsito de veículos”, afirma o governo de Novo Hamburgo, que também critica a prefeitura de São Leopoldo.
Para o governo hamburguense, a administração da cidade vizinha não atuou para buscar um caminho alternativo. “Durante a ação da prefeitura de SL, a prefeita Fatima Daudt tem enfatizado o pedido de utilizar o dique como caminho e proposto que as duas prefeituras trabalhassem em conjunto para construir outra alternativa de acesso, o que foi recusado pela prefeitura leopoldense.”
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Em sua defesa, o governo de São Leopoldo nega que tenha se eximido da responsabilidade de buscar uma solução negociada entre as duas administrações municipais. “Em nenhum momento o governo leopoldense se negou em buscar uma solução conjunta com o governo hamburguense, a fim de construir um outro caminho de serviço que permitisse acesso aos territórios”, diz.
A prefeitura leopoldense enfatiza que, durante o momento crítico em que o Estado vivia, o acesso pelo ponto se tratava de questão de urgência. “Se fazia necessário o acesso para reparação do dique, drenagem das águas nos territórios lindeiros, e assim evitar uma tragédia maior”, explica.
Após a conclusão da primeira parte da recomposição do dique da Vila Brás, a administração de São Leopoldo informa ainda que usou, paralelamente, o caminho pela Avenida Mauá, em São Leopoldo, para finalizar a estrutura. O primeiro acesso só não foi possível pelo local porque a via ficou tomada pela água em maio.
Sobre as casas às margens do dique no bairro Santo Afonso, o governo de Novo Hamburgo afirma que as mesmas estão em local inapropriado, contudo afirma que a solução é de responsabilidade da União.
“Aquelas residências junto ao dique são todas irregulares e sua retirada precisa integrar o plano de reconstrução do dique a ser executado pelo governo federal”, afirma em nota o governo municipal, lembrando ainda que o Exército brasileiro está realizando o levantamento topográfico do trecho, que deve ser concluído nesta semana no lado hamburguense.
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