FREE-FLOW

"Parece até um sonho": Moradores de Portão celebram fim do pedágio

Depois de quase 30 anos, a praça de pedágio de Portão será substituída pelo Free-flow em Capela de Santana

Publicado em: 28/03/2024 14:40
Última atualização: 28/03/2024 14:41

"Parece até um sonho." É o que o frentista Fabrício de Oliveira Pratta, de 41 anos, comenta sobre o iminente fim da cobrança de pedágio no município, programado para às 23 horas dessa sexta-feira (29). No sábado (30), inicia-se a cobrança nos pedágios free flow de Capela de Santana e São Sebastião do Caí. A responsável pela cobrança é a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), que opera na região há pouco mais de um ano.

Moradores da região sofriam com o prejuízo diariamente para trajetos simples do cotidiano Foto: Amanda Krohn/Especial

De acordo com o prefeito do município, Delmar “Kiko” Hoff, a praça de pedágio de Portão existe há quase 30 anos. Pratta, morador do bairro Rincão do Cascalho, conta que utiliza o desvio todos os dias para fugir das cobranças. “Eu moro a apenas cinco minutos do meu trabalho, mas preciso sair meia hora antes todos os dias. Caso contrário, acabo pagando R$ 12 reais de pedágio para ir e mais R$ 12 para voltar”, reclama.

Além do deslocamento, Pratta cita o gasto com a gasolina. “Recebo apenas um salário mínimo e isso gera um custo de pelo menos R$ 200 por mês. Mas se eu pagasse o pedágio, o preço seria mais de R$ 700. É um absurdo o que se gasta por causa desse pedágio, então é muito gratificante ver isso acabar.”

O vigilante Locevaldo da Silva, 60, do mesmo bairro, também respira aliviado. “Graças a Deus!”. Para ele, o gasto é exorbitante mesmo quando se utiliza o desvio. “Preciso dele pra tudo: hospital, escola, posto de saúde... se eu desviar, gasto mais de 700 reais com a gasolina. Agora vai aliviar porque passo quatro, cinco vezes no pedágio por dia.”

Locevaldo da Silva já está animado com a economia que passará a ter no final do mês Foto: Amanda Krohn/Especial

E os funcionários?

De acordo com a CSG, os funcionários que atualmente trabalham nas cancelas da praça de pedágio de Portão terão a opção de serem realocados para outra unidade da empresa. Na nota oficial encaminhada pela empresa em dezembro de 2023, consta que o Plano de Retenção ou Desligamento Incentivado (PRDI) visa “promover a retenção ou desligamento por adesão, de forma livre e espontânea, rescindindo o contrato de trabalho em comum acordo com o empregado, beneficiando ambos os lados”.

Na época, a empresa afirmou que 15 funcionários já haviam sido realocados para funções como assistente de relacionamento, assistente de cadastro, supervisor de CCA, entre outras, e que outros 37 colaboradores tiveram incentivos para ficar até o fim do períodos da operação nas praças de Flores da Cunha e Portão. “Também foram abertas 48 novas vagas em outras funções na companhia”, cita o material.

Em nota oficial encaminhada pela assessoria de comunicação nesta quinta-feira (28), a CSG afirmou que do total de 57 trabalhadores, 100% dos funcionários ativos adeririam ao PRDI e 13 deles foram realocados seja de função ou de cidade, como Farroupilha e Caxias do Sul entre outros, já que os pórticos de free flow e a sede da CSG ficam em cidades diferentes as das praças de Flores da Cunha e Portão.

"Com a implantação do sistema de cobrança automática nosso quadro de funcionários com funções diretas ao free flow quase triplicou, ou seja, além das 57 vagas que já existiam, abrimos outras 107 oportunidades, somando 164 postos de trabalho", acrescenta o material. "Dessas novas vagas, foram oportunizados primeiramente para os trabalhadores das duas praças e depois aberto processo seletivo externo. Com relação às funções, mudou-se pouca coisa, visto que houve a necessidade tanto de vagas operacionais, desde assistentes e analistas, como de supervisores ecoordenadores", finaliza.

Alívio de um, prejuízo de outro

Enquanto a cobrança termina em Portão, ela começa em Capela de Santana (quase no limite com Montenegro), São Sebastião do Caí, Ipê, Farroupilha e Carlos Barbosa. No caso de Capela, os motoristas que trafegarem pelo quilômetro 31 da RS-240 pagarão R$ 9 para ir e R$ 9 para voltar. Insatisfeitos, os capelense já desistiram de obter algum retorno da prefeitura ou da Câmara de Vereadores.

O empresário Robledo Ezequiel Temp, de 50 anos, alega que passou a tentar debater com a Assembleia Legislativa. “Do prefeito e da Câmara de Vereadores não virá mais nada”, afirma. “Estamos trabalhando na Assembleia Legislativa, buscando apoio para revisão do contrato do governo com CSG”, relata. “Fomos bem recebidos e estamos estudando como vamos atuar junto com o órgão. Ainda não definimos o modelo”, continua. O prefeito e a Câmara foram procurados, mas não deram retorno até fechamento desta edição na noite de ontem.

Novo protesto

Temp acrescentou, ainda, que ele e seu grupo pretendem participar do protesto da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), programado para ocorrer às 15h da segunda-feira, 1º de abril, em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre. "Pretendemos estar lá com protesto dos pedágios, levaremos nossas faixas", avisa. O empresário já liderou um protesto em Capela de Santana, no dia 18 de fevereiro, e representou seu próprio município na coordenação do protesto em São Sebastião do Caí, no dia 2 de março.

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