EXPLORANDO AS RODOVIAS
Para matar a fome ou a sede, opções não faltam às margens das rodovias da região
Sabores à beira das estradas fazem parte do caminho de quem viaja
Última atualização: 09/02/2024 16:54
Há quem diga que o caminho a ser percorrido é mais importante que o destino final. Verdade ou não, fato é que, pelas rodovias da região, não faltam opções para motoristas e viajantes que desejam se alimentar, matar a sede ou, até mesmo, levar um produto rural para casa. Tudo isso às margens das estradas e com preços acessíveis.
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Na RS-240 e na 287 no Vale do Caí, assim como ao longo das rodovias BR-116 e RS-239 para quem deseja ir à serra ou ao litoral, é possível encontrar quase tudo à beira da estrada. Tendinhas simples, outras mais elaboradas, caminhões e barracas repletas de sabor para aqueles que desejam explorar os sabores locais e valorizar a produção regional.
Em Montenegro, na RS-287, por exemplo, os motoristas podem encontrar o caminhão de Tadeu Petry, produtor rural de 34 anos, que espera os clientes para vender seus produtos como batata, cebola, uva, melancia, vinhos secos e suaves. Os pêssegos custam R$ 10,00 a cada três quilos. E foi justamente isso que atraiu o motorista Carlos Antunes da Silva, de São Sebastião do Caí. Ele parou ao Ver o anúncio e levou uma sacola cheia com a fruta.
Petry conta que faz cinco anos que fica no mesmo local, e que é aos finais de semana que as vendas mais ocorrem. Dependendo do dia, um produto sai mais que o outro. “Eu procuro sempre ficar neste local, porque quem viaja por aqui com frequência, já sabe onde me encontrar. Muitos passam só uma vez, mas é normal”, comenta.
Mesmo de longe, clientes fiéis
A estrada é um local de passagem. Mas, se têm aqueles que vão, tem também os que voltam. E quando o produto é bom, aí mesmo é que os viajantes tornam-se clientes fiéis. O produtor rural Luiz Carlos Schmitz, 56, é agricultor a vida inteira e se coloca às margens da RS-240 para vender suas melancias, principalmente aos sábados e domingos. E a fruta, que com ele pode ser comprada a R$ 10,00, é muito bem avaliada pelos clientes.
“Eu sou caminhoneiro e produtor rural, então além de viver na estrada, também entendo quando o produto é bom. E com certeza o do Luiz é excelente. Há muitos anos eu passei aqui e comprei uma melancia e sempre quis voltar, mas por conta da distância, não era possível. Hoje passei e reconheci o caminhão dele, então precisei parar”, relata Vilmar da Costa, morador de Palmitinho, quase divisa com Santa Catarina.
Também são clientes fiéis o casal Ana Marília Santos da Conceição e José Edenilson da Costa. Ambos são de Novo Hamburgo, mas a cada 15 dias viajam para Taquari, nos pais de José. Na volta, a parada para comprar uma melancia com Luiz é obrigatória. “Nós só compramos aqui, o preço é muito bom e o sabor melhor ainda”, conta Ana Marília, que acabou levando quatro unidades para casa.
Já em Portão, utilizar a rua Otávio Juventil da Rosa é uma alternativa de rota a quem deseja desviar do pedágio, mas é também uma opção para encontrar o caldo de cana e os pastéis de Odilar Chaves, 62. Há cerca de um ano no local, o comerciante utiliza o local de segunda à sábado, sempre a partir das 10 da manhã. O caldo de cana é o carro-chefe de Chaves, mas quem estiver com sede pode se abastecer também com água e refrigerante. E pra quem tem fome, além do pastel, o espetinho também está à venda.
À serra e ao litoral
Os motoristas que utilizam a RS-239, seja em direção ao Vale do Paranhana, litoral ou até mesmo a Serra, também estão bem servidos de opções. Ao longo da rodovia, são inúmeras as tendas, e as melancias são encontradas em quantidade e variedade. Além dos comércios tradicionais, os viajantes encontram até lenha e carvão para o churrasco ou fogão. O chimarrão também está garantido com a oferta de erva e cuias.
Mas quem opta por ir à serra pela BR-116, têm a certeza de que encontrará diversos produtos coloniais. Com José Inácio Arnold, 58, em frente à Colônia Japonesa, em Dois Irmãos, as melancias podem ser encontradas diariamente, enquanto houver sol. “Faz cinco anos que estou aqui, trabalho de segunda a segunda. Essas melancias vem de Encruzilhada do Sul, porque as da região não estão mais boas”, explica. E sobre o sabor, Arnold fala com propriedade, pois se criou na lavoura e cresceu vendendo melancias. “Temos que vender produtos de qualidade pro motorista voltar. Tenho clientes até de Porto Alegre que vêm comprar comigo”, detalha.
Subindo a rodovia pela Rota Romântica, o casal Carlos e Lurdes Mielke comercializam seus produtos há 44 anos entre Picada Café e Nova Petrópolis. O negócio familiar tem de tudo: feijão, milho, aipim, verduras, bergamotas, laranjas, morangos, figos… As filhas Bruna e Ellen se criaram junto à “fruteira” às margens da rodovia.
Opções não faltam. Em cada quilômetro percorrido, uma nova chance de matar a sede ou a fome, ou mesmo apreciar e valorizar a cultura local, se oferece aos viajantes. Uma parada aqui e outra ali, fazem parte do caminho e as experiências gastronômicas adquiridas podem tornar cada destino ainda mais marcante.