A sede da Paquetá em Sapiranga vai fechar? Esta tem sido uma das perguntas desta quinta-feira (30), após a demissão em massa de funcionários da fábrica do Vale do Sinos. De acordo com o Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga e Região, que acompanha o caso, foram mais de 100 desligamentos de funcionários que estavam no modelo layoff – com contrato de trabalho temporariamente suspenso.
“O que o jurídico da empresa nos falou hoje [30], é que acabaram desligando o pessoal que estava na layoff, que terminou em outubro, mas novembro todo ficaram ainda em casa e também algumas pessoas que já tinham pedido para sair. Foi feita a demissão de cerca de 120 pessoas. Ficam ainda na empresa umas trezentas e poucas pessoas”, conta o secretário-geral do sindicato, Leandro Rodrigues dos Santos.
Como a primeira parcela do 13º salário foi efetuada na última quarta-feira (29), Santos não acredita que a calçadista irá fechar as portas de vez. “Não posso dizer que vão fechar. Acho que não demitiriam uns e deixariam outros. E também efetuaram o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro. O que os advogados da empresa nos disseram é que estão fazendo adequações na empresa”, diz o representante da categoria.
A Paquetá foi procurada pela reportagem do Grupo Sinos. Em nota, o diretor financeiro da companhia, Eurico Nunes, não deu detalhes sobre as demissões, mas afirma que “este processo é parte da reestruturação da Paquetá” e que prefere “conduzir este assunto com os colaboradores dispensados”.
Alguns ex-funcionários já informaram que irão acionar a Justiça para garantir seus direitos. “Nos chamaram hoje [30] e falaram que não vão ter condições de nos manter, que a empresa está mal e com muitas dívidas. E nos demitiram. Vamos entrar na Justiça para receber”, conta a agora ex-funcionária de 45 anos, que prefere não se identificar.
Esta semana, a companhia de calçados fechou unidades no Ceará. Conforme Santos, mais de mil funcionários foram demitidos nos últimos dias na região Nordeste.
Ação de bloqueio de bens
Os ex-colaboradores que entrarem com ação judicial após o dia 11 de dezembro, quando acaba o prazo de aviso prévio, poderão ser incluídos no processo do Ministério Público do Trabalho em Novo Hamburgo que conseguiu antecipação de tutela em ação que solicita o bloqueio de bens da Paquetá para pagamento de rescisões trabalhistas em atraso.
O bloqueio cautelar inclui bens móveis e imóveis, além de veículos e ativos financeiros do Grupo, no valor mínimo de R$ 4 milhões, enquanto não for apresentada pela Paquetá Calçados uma proposta de quitação das dívidas trabalhistas.
Problemas financeiros
A recuperação judicial do Grupo Paquetá começou em 2019, com dívida acumulada em R$ 428 milhões e mais de 12 mil credores. Em 11 de novembro deste ano, o processo de recuperação judicial foi encerrado e teve relação com aporte de R$ 7,373 milhões após uma determinação judicial que determinou o pagamento sob pena de ser decretada a falência da empresa, o que foi requerido por credores.
O valor cobre apenas os débitos com vencimento de até dois anos após o início da recuperação judicial, o que aconteceu em agosto de 2023. Assim, os credores poderão ainda pedir execução de outras dívidas e até mesmo pedido de falência, conforme informou o escritório Brizola e Japur Administração Judicial, que atua na administração judicial (fiscal nomeada pelo Juiz).
Em nota enviada à reportagem no dia 14 de novembro deste ano, o diretor financeiro da empresa disse que a finalização do processo de recuperação judicial era uma etapa vencida e que o grupo “continua trabalhando fortemente em seus processos de reestruturação”.
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