CAMPANHA
Outubro Rosa: Um mês para conscientizar e para se prevenir contra o câncer de mama
Na Oncologia Centenário, em São Leopoldo, são atualmente 637 pacientes em tratamento da doença
Última atualização: 03/10/2024 08:42
A genética da família, após a avó materna e a mãe terem tido câncer de mama, já causava preocupação à terapeuta holística Melissa Portal, 38 anos, em relação à doença. Em 2016, quando experimentava a alegria da maternidade, o corpo de Mel começou a dar os primeiros sinais de alerta.
"Meu peito ficou com a pele estilo casca de laranja, meu mamilo começou a ficar invertido, mas não reconheci os sinais", lembra. "Em junho daquele ano estava tudo certo, minha bebê mamava bastante, havia feito eco e mamografia. Foi então que meu médico pediu para repetir os exames e eu gelei", recorda.
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O temido diagnóstico veio poucos meses depois. “Descobri no dia 21 de dezembro de 2016, no dia do aniversário do meu marido e a um mês do 1º aninho da minha filha”, diz. Três anos depois, a doença evoluiu. “Desde 2017, parei seis meses de químio, depois disso tive ciclos a cada 21 dias. Em 2019, descobri minhas metástases no pulmão e nos ossos. No final de setembro de 2021, tive um sangramento no cérebro e precisei operar de emergência. De 2021 em diante, fiz várias radiocirurgias no cérebro e neste ano fiz de crânio total, que ficará agindo até o ano que vem”, conta.
Segundo Mel, por conta do histórico familiar, o tema do câncer sempre foi tabu, principalmente entre as mulheres da casa. “Minha vó escondeu de família, só descobriram porque já tinha ferida na pele. Minha mãe ficou órfã cedo, foi criada pelas tias, descobriu o câncer depois de me amamentar. Ela nos deixou com 28 anos, quando eu tinha quase 2. No caso da mãe, os médicos achavam que era leite empedrado”, comenta. A perda da mãe tão jovem, fez com que Mel quisesse saber mais sobre a doença desde cedo. “Desde muito nova quis entender, por isso comecei a estudar, pesquisar, correr atrás”, explica.
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“Quando tive o meu diagnóstico fui atrás de um conhecimento maior, mas sempre quis saber. Sempre pensei que a medicina ia evoluir, que eu ia ter outros métodos e ia vencer, de cara limpa. E assim que sigo, sempre quis trazer esta leveza, especialmente para a minha filha, para que para ela o câncer não fosse este tabu, que não é aquela doença como a minha família me explicava. E eu acho que as crianças precisam entender isso porque é muito próximo a elas, é uma mãe, uma vó, uma tia”, completa.
Taxa de cura de 95% para o diagnóstico precoce
Na Oncologia Centenário, em São Leopoldo, atualmente são 637 pacientes em tratamento da doença, 471 em atendimento de quimioterapia e outras 166 pacientes em atendimento de radioterapia. Em 2024, de janeiro a setembro, foram 1.179 atendimentos feitos na clínica, número 5,55% maior que o total no mesmo período do ano passado. De acordo com a médica oncologista Nátaly Oliari de Moraes, o tratamento do câncer de mama é individualizado, dependendo de paciente para paciente.
“Temos usado muito de medicina de precisão, que já faz parte do nosso ambiente. Algumas vão usar quimioterapia. Buscamos um tratamento mais conservador em termos de cirurgia, por isso, algumas vão ser expostas ao tratamento neoadjuvante, que é o tratamento antes da cirurgia, para alguns casos. Hoje sabemos que mesmo casos diagnosticados tardiamente, a gente tem uma infinidade de tratamentos e a ciência têm desenvolvido cada vez mais, dando uma visão aos protocolos de pesquisa a fim de incentivar a luz do conhecimento e elevar ao melhor tratamento estas pacientes.
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A médica destaca a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. “O diagnóstico precoce representa 95% de chance de taxa de cura para estas mulheres”, frisa. Por isso, segundo ela, exames periódicos são importantes. "Aconselhamos a apalpação da mama. Mas o que realmente tem impacto nesse diagnóstico vai ser a mamografia no período correto”, destaca.
Segundo ela, o exame deve ser feito anualmente por mulheres a partir dos 40 anos. Outra dica importante da especialista é a observação das mamas. “As alterações que também levam a crer em câncer, são lesões às vezes ulceradas na mama, lesões que imitam o aspecto casca de laranja, mas estes são casos de tumores um pouco mais avançados. Geralmente o tumor começa com uma nodulação na mama que, às vezes, é pouco perceptível ao toque. Por isso a importância da mamografia”.
Banco de perucas
Nátaly conta que neste ano uma das campanhas promovidas pela Oncologia com parceiros é pela implementação de um banco de perucas no local. “Estamos realizando algumas ações e eventos para financiar o banco, a fim de promover a autoestima das pacientes oncológicas”, diz. Segundo ela, a campanha busca doação de perucas, cabelos, telas e manequins. Interessados em ajudar podem entrar em contato pelo telefone 98310-7758 e falar com Karina.
E-book aborda a temática para crianças
Lançado nesta semana, o e-book “A flor que nasceu na careca” foi escrito por Melissa Portal tendo como inspiração sua história pessoal de superação. Segundo Mel, o livro é uma maneira doce de explicar sua jornada às crianças. Na história, quando a pequena Alice, coleguinha de sua filha Luiza, pergunta sobre sua cabeça calva, Melissa responde com ternura, transformando sua experiência em uma metáfora inspiradora: uma flor que nasce em sua careca, representando amor e esperança.
Com uma abordagem leve e cheia de positividade, o livro ensina às crianças que, mesmo nos momentos mais difíceis, algo bonito pode florescer. Repleta de sensibilidade, a obra traz não só uma narrativa inspiradora, mas também atividades reflexivas, convidando os pequenos leitores a desenharem suas próprias flores e a cultivarem sementes de coragem e amor. “Ideal para crianças e adultos, "A Flor que Nasceu na Careca" é uma celebração da vida, do amor que cura e da esperança que cresce, mesmo em meio aos desafios”, explica Mel. O livro está à venda por R$20 na Amazon .
Encontro gratuito reunirá especialistas no próximo dia 8
Na próxima terça-feira (8), a partir das 14 horas, a Oncologia Centenário, em parceria com a Associação Médica de São Leopoldo, Liga Feminina de Combate ao Câncer e Grupo Força Rosa, realizará a 2ª edição do Encontro Rosa. O evento, no auditório da Oncologia (Avenida Oitavo BC, 111, Fião) reunirá especialistas em diferentes temas para conscientizar sobre o câncer de mama. O encontro gratuito é aberto ao público em geral e não necessita de inscrição prévia. Haverá sorteio de brindes e será fornecido certificado de participação.
Programação:
14 horas – Apresentação com a psiquiatra Solange Seidl Gomes;
14h10 – “Câncer de mama: o que precisamos saber”, com a mastologista Renata Rockembach;
14h30 - “Prevenção e tratamento oncológico”, com a oncologista Nátaly Oliari de Moraes;
14h50 – “Reconstrução mamária”, com o cirurgião plástico Ciro Portinho;
15h10 – “A mente, mente”, com a psicóloga Márcia Viana;
15h30 - “A importância da fisioterapia para pacientes mastectomizadas”, com a fisioterapeuta Fabrícia Jaeger
15h50 – Apresentação do Coral Força Rosa
16h – Cofee break