RIO GRANDE DO SUL
Alvo de investigação do Ministério Público, José Otávio Germano renuncia ao cargo de prefeito de Cachoeira do Sul
Político estaria envolvido em "escritório do crime" montado na Prefeitura de Cachoeira do Sul, segundo o MP
Última atualização: 07/12/2023 10:39
Alvo de uma investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS) em conjunto com a Divisão de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil, o ex-deputado e ex-secretário estadual de Segurança José Otávio Germano (PP) renunciou ao cargo de prefeito de Cachoeira do Sul.
Ele está afastado do cargo por decisão judicial desde 29 de setembro, quando foi o alvo principal da Operação Fandango. Secretários municipais e assessores que ocupavam cargos de confiança na Prefeitura também foram afastados na operação. Angela Schuh (PP) assume então como prefeita titular de Cachoeira.
Durante cumprimento de mandado de busca na casa de José Otávio no fim de setembro, promotores e policiais encontraram cocaína no quarto dele. O político alegou que seria Pó Pelotense usado para tratar feridas na pele.
A carta de renúncia foi entregue na manhã desta quinta-feira (7) pelo advogado de José Otávio ao presidente da Câmara de Vereadores, Magaiver Borba Dias Soares. O texto de uma lauda e meia inicia agradecendo aos 13.574 eleitores que, em 2020, votaram em José Otávio para prefeito de sua cidade-natal.
O político agradece também o apoio de colegas de partidos e familiares, aos servidores da Prefeitura e aos vereadores. "Muito obrigado aqueles que dividiram seus dias comigo", cita, lembrando "dias de alegria e, principalmente, os momentos de tristezas e fraquezas".
"É com pesar que tomo esta decisão, porém consciente e honesta. É o momento de cuidar de mim, da minha saúde. A minha renúncia é necessária ao meu tratamento", informa José Otávio, que não detalha seu problema de saúde.
Desde que tomou posse, em 2021, ele se afastou do cargo pelo menos quatro vezes alegando problemas de saúde. Chegou a ser submetido a cirurgia no quadril. No entanto, pessoas próximas informam que há muitos anos José Otávio tenta se livrar de uma dependência química. Anos atrás ele se envolveu em ocorrências policiais em Porto Alegre por conta do uso de drogas.
A investigação do MP identificou suposto esquema de propina, fraude em licitações e desvio de recursos públicos na Prefeitura de Cachoeira. Os promotores informam que "o chefe do Executivo montou uma estrutura formada por servidores, empresários e agentes privados para atendimento de seus interesses pessoais, como pagamento das mais diversas despesas".
Entre as despesas estaria desde o conserto de carro particular até orgias com prostitutas. Áudios e mensagens interceptadas pela investigação do MP revelam compra de uísque, sushi e até mesmo remédio de disfunção erétil.