Empossado governador na Assembleia Legislativa, Eduardo Leite (PSDB) mostrou um outro lado ao discursar no Palácio Piratini. Se durante a posse na Assembleia ele optou por falar tecnicamente em um discurso lido sobre os projetos do governo, na residência oficial o governador optou por falar de improviso e falar sobre amor. “Se nós acreditamos efetivamente no amor, ele não pode ser seletivo, mas sim a cada uma das pessoas como Deus ensinou. É por isso que estou aqui ao lado do Thalis, o meu amor, o meu carinho”, discursou Leite se dirigindo ao seu namorado, o médico Thalis Bolzan.
Antes da declaração, Leite pontuou o ineditismo da sua posse. “Esta é a primeira eleição em que eu me apresento sem precisar deixar de falar algo pessoal”, destacou o governador reeleito, que divulgou publicamente ser homosexual em meio ao seu primeiro mandato. Seus adversários não deixaram de utilizar a orientação sexual do governador para tentar atáca-lo durante o pleito de 2022. A campanha de Onyx Lorenzoni (PL) insinuou por diversas vezes que caso o tucano fosse reeleito, o Estado não teria uma primeira-dama, fato que, de forma sutil, foi trazido a tona e respondido pelo governador durante seu discurso. “O Rio Grande do Sul não tem uma primeira dama, mas tem alguém que é de verdade”, declarou Eduardo Leite durante a posse.
Na coletiva de imprensa ao final da cerimônia de posse, Leite voltou a falar sobre o tema. “Nunca vivi um personagem, nunca tentei convencer, quando me entendi como um homem gay, nunca busquei convencer de que não era. Mas levei essa vida com reserva, com descrição, sabedor que a sociedade em que vivemos durante muito tempo foi convencida, e eu mesmo, de que era algo errado”, lembrou Leite.
O governador também explicou os motivos e a importância que entende em falar sobre um tema que ainda gera muitos tabus e preconceitos. “Eu sei o quanto sofri e o quanto isso pune até a nossa capacidade de produzir quando a gente não consegue ser por completo, por inteiro quem a gente é. Se algum recado eu quis dar ao falar abertamente sobre isso, é que se nós queremos ter como sociedade a capacidade de produzir mais, de sermos melhores, de conseguir gerar mais riqueza e valor, a gente não pode ter parte da população vivendo pela metade. A gente não pode ter pessoas que cortem na carne, não vivendo plenamente quem elas são e consequentemente deixando de entregar o melhor de si para a sociedade porque se punem, se podam por conta do que a sociedade impôs a elas.”
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