ANTI-ENCHENTE
O que os municípios da região têm feito para combater enchentes por qualquer episódio de chuva
Sapiranga e Novo Hamburgo são alguns dos poucos municípios que já haviam iniciado obras antes da catástrofe registrada entre o final de abril e o mês de maio
Última atualização: 02/07/2024 15:27
As recentes ocorrências climáticas, que têm causado inundações em diversas cidades da região, reforçam a necessidade de intervenções do poder público para minimizar os transtornos causados por qualquer episódio de chuva.
A implementação de sistemas anti-enchente, contudo, ainda são tímidos mesmo após o Rio Grande do Sul vir há um ano enfrentando problemas relacionados ao transbordo de rios e arroios.
Somente após a catástrofe registrada entre o final de abril e o mês de maio, quando mais de 400 municípios gaúchos foram afetados pela enchente, é que prefeituras e os governos estadual e federal começaram a anunciar projetos e investimentos milionários para combater enchentes, especialmente.
Entretanto, ações realizadas em um município do Vale do Sinos antes da maior enchente da história do Estado minimizaram os problemas na cidade.
O município de Sapiranga praticamente passou ileso das últimas enchentes por conta de obras de macrodrenagem que estão sendo executadas em uma região da cidade que sempre sofreu com inundações em períodos chuvosos.
A escavação de bacias de acumulação em terrenos públicos também contribuíram no enfrentamento às cheias.
Ações iniciaram após enchente de junho do ano passado
Em junho do ano passado, Sapiranga sofreu com a enchente na zona urbana, e essa ocorrência foi determinante para o governo municipal colocar em ação o plano anti-enchente. A principal medida foi o início da construção de uma galeria pluvial de aproximadamente 500 metros, com quatro metros de largura e dois metros de altura, a partir do entroncamento das avenidas Mauá e 20 de Setembro.
A obra de macrodrenagem determina uma nova rota de escoamento da água do Arroio Mauá, que antes se interligava ao Arroio Sapiranga na altura da Avenida Vasco da Gama, o que acabava ocasionando inundações na região da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O investimento é de R$ 5,5 milhões.
Arroios desassoreados e abertura de “piscinões”
A obra de macrodrenagem foi apenas uma das inúmeras ações de infraestrutura realizadas na cidade no último ano. “Após a enchente de junho de 2023, também realizamos a limpeza de seis arroios, e abrimos dois piscinões em áreas públicas para minimizar os problemas que vínhamos sofrendo”, conta o secretário de Planejamento, Carlos Mauricio Regla.
As iniciativas se mostraram exitosas: nestes últimos episódios de chuva excessiva, entre os meses de abril e maio, e no mês de junho, nenhum arroio saiu para fora e os bairros São Luis e Centenário, que normalmente alagavam, desta vez, não sofreram com a cheia.
Ainda conforme o secretário, o desassoreamento aconteceu na extensão de 6 quilômetros nos arroios Bambu, São Luis, Centenário, Vasco da Gama, Teutônia e Vilela. Já as bacias de acumulação (piscinões) foram construídas na Rua João Luderitz, em frente à Apae, e na Rua Ursa Maior com a Marechal Arthur da Costa e Silva.
As ações preventivas devem seguir. O município já está em fase final de contratação de nova empresa para realizar a limpeza e desassoreamento de arroios. “Serão mais 11 quilômetros de arroios limpos ainda este ano. Tudo isso faz com que a água corra com facilidade para a região do Rio dos Sinos e não transborde os arroios na área urbana”, garante.
Macrodrenagem também em Novo Hamburgo
Quem também já havia iniciado obras para reduzir os impactos das fortes chuvas foi Novo Hamburgo. No início de abril, a prefeitura iniciou uma obra de macrodrenagem na Estrada da Integração Leopoldo Petry, próximo à rótula com a Rua Guia Lopes, na Vila das Flores, no bairro Canudos.
A Secretaria de Obras está construindo uma nova contenção de 23 metros de comprimento ao lado do Arroio Manteiga para minimizar a possibilidade de alagamentos.
No local, é feita a instalação de peças de concreto pré-moldado de seis toneladas para substituir o muro do local, que entrou em colapso em janeiro após fortes chuvas. As peças de concreto têm 3 metros de altura e 2,5 metros de base.
Também no início de abril, antes do período de chuvas, Novo Hamburgo realizou outra obra de macrodrenagem na Avenida Nações Unidas, entre as ruas 24 de Maio e Caxias do Sul, nos bairros Vila Rosa e Operário.
O local recebeu uma nova rede em cerca de 550 metros de sua extensão, com canos de concreto de um metro de diâmetro. Outra canalização também foi construída nas ruas Afonso Celso e Henry Dunant fazendo uma interligação no trecho.
Pós-enchente surgem inúmeras ações
Campo Bom - Após a enchente registrada entre o final de abril e o mês de maio, diversas prefeituras começaram a anunciar planos anti-enchente. Campo Bom foi o primeiro, ainda no mês de maio.
Entre as medidas previstas estão a desobstrução e limpeza de redes pluviais e o desassoreamento de arroios. Isso tudo, entende o município, vai ajudar a reduzir o impacto das chuvas. A administração afirma que fará um investimento imediato de R$ 3 milhões.
A prefeitura também promete realizar estudos para a construção de diques nos bairros 25 de Julho, Porto Blos e Vila Rica. Já entre as ações de curto prazo estão a aquisição de bombas para a implantação de um sistema de bombeamento móvel nos bairros Operária e Vila Rica, a instalação de comportas nos sistemas de drenagem de Operária e Vila Rica, bem como o redimensionamento do sistema da Operária.
“A maior tragédia climática da nossa história provavelmente não poderia ter sido evitada, mas nós entendemos que há medidas que o Município pode, sim, tomar, a fim de garantir mais proteção aos seus moradores”, afirmou o prefeito Luciano Orsi.
Estância Velha - Outra cidade que age para evitar novos alagamentos é Estância Velha. Embora não tenha sido afetada pela enchente da forma que outras cidades, nos últimos tempos, chuvas fortes deixam ruas alagadas.
Por conta disso, a cidade iniciou obras para mitigar esse problema e instituiu um grupo de trabalho para acompanhar o andamento das ações.
Igrejinha - O município de Igrejinha também foi duramente afetado pelas últimas cheias do Rio Paranhana, e ainda trabalha em ações emergenciais para reconstruir a cidade.
Entretanto, no quesito preventivo, também estão sendo executadas ações como a manutenção dos equipamentos de medição de chuvas e do nível do Rio Paranhana no município.
O serviço será realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em parceria com a Defesa Civil de Igrejinha. Com os reparos, os dados perdidos serão recuperados, permitindo um monitoramento contínuo e preciso.
A ação inclui a verificação do funcionamento, calibração e troca de peças, se necessário, em seis pluviômetros automáticos e uma estação hidrológica estrategicamente distribuídos em pontos-chave da cidade.