PACTO CONTRA ENCHENTES
O que foi dito no seminário "Desafio da Região Metropolitana: O que fazer após a maior enchente da história do RS"
Evento reuniu quase 500 pessoas no auditório do bloco 14 da Ulbra, em Canoas, na tarde desta segunda-feira
Última atualização: 09/07/2024 18:17
Dezoito lideranças e autoridades se revezaram ao microfone durante o seminário "Desafio da Região Metropolitana: O que fazer após a maior enchente da história do Rio Grande do Sul", realizado pelo Grupo Sinos nesta segunda-feira (8) no campus da Ulbra em Canoas.
O evento teve cerca de 500 participantes, que praticamente lotaram o auditório do prédio 14 da Ulbra para conhecer as propostas de lideranças políticas e técnicas para que tragédias como a de maio não se repitam na região.
O evento teve patrocínio master da Caixa - governo federal; o patrocínio de Corsan, BRDE e Assembleia Legislativa e o apoio de Ulbra e Fiergs. Veja abaixo o que cada autoridade disse e, no vídeo, assista à integra do seminário.
Mario Gusmão, fundador do Grupo Sinos
Fundador e presidente emérito do Grupo Sinos, o jornalista Mario Gusmão frisou que “passado aquilo que de mais urgente tínhamos, que era salvar vidas, precisamos voltar as atenções para pensar no que fazer para que uma coisa assim não volte mais a acontecer”. “Como idealizadores deste seminário, vamos organizar as ideias e entregar aos governos do Estado e federal, e esperamos que medidas sejam implementadas o mais rápido possível”, destacou o fundador do Grupo Sinos.
Thomas Heimann, reitor da Ulbra
Reitor da Ulbra, Thomas Heimann valorizou a iniciativa do Grupo Sinos. A Ulbra foi escolhida para sediar o evento como um símbolo por ter abrigado 8 mil pessoas e 2 mil animais, sendo o maior abrigo do Estado nesse período de catástrofe climática. “A Ulbra não hesitou quando foi chamada para abrigar tantos flagelados, e tentamos dar o melhor a todas as vítimas. Neste seminário, quero olhar para o futuro, precisam de ações de Estado. Que as propostas se tornem realidade o quanto antes.”
Adolfo Brito, presidente da Assembleia Legislativa
Presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Brito destacou que a AL votou todos os projetos do Executivo para superar a adversidade, inclusive com a constituição de uma secretaria para a reconstrução do Estado. “Semana passada, a Assembleia esteve em Brasília, ao lado de prefeitos, para cobrar do governo federal celeridade na destinação de recursos para a reconstrução do Estado. Nós vamos continuar juntos na busca da recuperação social e econômica do Rio Grande do Sul”, pontuou.
Maneco Hassen, secretário executivo da Secretaria Extraordinária da Reconstrução
Representando o ministro para Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, o secretário-executivo Maneco Hassen destacou medidas para ajudar na retomada, como o Auxílio Reconstrução e o programa de manutenção dos empregos. Citou que nos próximos dias serão liberados recursos para a reconstrução de todas as escolas e postos de saúde. “Sabemos que o que aconteceu aqui poderia ser evitado, por isso, precisamos tratar da implementação de sistemas anti cheias.”
Luiz Carlos Busato, deputado federal representando a Câmara dos Deputados
Representando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o deputado federal Luiz Carlos Busato afirmou que a prevenção das cheias é um tema que está na pauta de todos os discursos, mas não estava nas eleições passadas. “Quando fui secretário de Obras do Estado, levei quatro projetos preventivos ao governo federal, e apenas dois estão em andamento, mas já poderiam estar em fase de licitação. Agora, precisamos lutar para garantir recursos para colocar em prática, para evitar novas tragédias.”
Eduardo Leite, governador do RS
O governador Eduardo Leite destacou que há projetos de proteção a cheias aprovados, aguardando recursos para serem colocados em prática. Ele estimou um investimento de R$ 4 bilhões para colocá-los em prática. “Ainda precisamos fazer a revisão das bacias do Sinos, do Jacuí e do Caí. Estamos prestes a anunciar o programa de desassoreamento de rios, em parceria com os municípios. Para consolidar isso, é preciso uma visão técnica, por isso criamos um comitê para tratar dessa pauta.”
Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre
Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo ponderou que “não se pode falar de proteção de cheias de um município, mas de bacias”. “De quem é a responsabilidade de proteção de cheias? Diz a legislação que é da União. Mas é preciso ter dinheiro, e o governo federal precisa assumir seu papel. Antes de falar em grandes obras, é preciso repor o que foi destruído.” Ele defendeu a criação de uma autoridade metropolitana sobre o assunto que guie os governos municipais e o governo do Estado.
Jairo Jorge, prefeito de Canoas
Prefeito de Canoas, Jairo Jorge frisou que são sete os desafios principais enfrentados: salvamentos, abrigos, drenagem da água represada, limpeza, ajuda à população atingida, recuperação da infraestrutura pública e ações de prevenção. Neste último ponto, cita o fortalecimento dos diques nos bairros Mathias Velho, Harmonia e Niterói. “Também vamos modernizar as casas de bombas e construir um novo dique no Mato Grande e São Luiz, além da construção de casas de bombas. Esse conjunto de obras requer R$ 1,4 bilhão.”
Renato Scalabrin, superintendente de rede da Caixa em Porto Alegre
Superintentende da Caixa Econômica Federal, Renato Scalabrin reforçou a disponibilidade do banco em apoiar todas as iniciativas dos governos federal, estadual e municipais, com linhas de crédito e estruturação das iniciativas de recuperação e prevenção. “A Caixa, como um banco público, está inserida em todas as iniciativas do governo federal, como no encaminhamento dos programas emergenciais”, lembrou. “É a soma de ideias que ajudará a vencer esse desafio e na reconstrução do Rio Grande do Sul”, concluiu.
Ary Vanazzi, prefeito de São Leopoldo
Prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi citou a criação de um programa de recuperação econômica para manter os negócios e empregos. “Também estamos solicitando recursos para a construção de novas casas, com um projeto do Minha Casa Minha Vida já aprovado.” Em relação à prevenção, frisou que é preciso ter uma visão macro de toda a bacia. “É preciso um órgão que planeje esse sistema de drenagem e de proteção, e que haja fiscalização rigorosa das ações. Mas não adianta reunir ideias e guardar isso numa gaveta.”
Fatima Daudt, prefeita de Novo Hamburgo
Prefeita de Novo Hamburgo, Fatima Daudt alertou para a necessidade de investimentos e coordenação. “Os diques não foram projetados para um evento como este, e a estrutura está comprometida.” Fatima defende, ainda, a criação de uma autoridade metropolitana para que a região receba recursos para implementar um grande sistema anti-cheias. “Esse órgão precisa ter independência para receber recursos, nos moldes do que existe na Europa.”
Luiz Zaffalon, prefeito de Gravataí
Prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon pontuou que a cidade adotou ações preventivas a partir de eventos climáticos anteriores, com o desassoreamento de arroios que são afluentes do Rio Gravataí. “Gravataí não tem diques e nem casas de bombas, e isso precisa ser feito nos bairros Vila Rica, Vale Ville e Novo Mundo. Estamos atualizando nosso plano de drenagem, e esse plano irá determinar o que precisamos fazer para proteger a cidade das cheias do Rio Gravataí.”
Andréa Ilha, presidente do CAU/RS
Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS, Andréa Ilha afirmou que é preciso pensar as cidades de uma forma diferente. “Criamos um comitê para interlocução com os gestores. Apresentamos propostas aos governos federal e estadual, e trabalhamos na elaboração de editais para a contratação de profissionais para pensar medidas que precisam ser feitas nas cidades”, pontuou, sugerindo a criação de um órgão público de planejamento regional.
Joel Goldenfum, diretor do IPH/UFRGS
Diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH), Joel Goldenfum fez um alerta: “A natureza não sabe o limite das cidades. Por isso, é preciso preparação, proteção e prevenção regional”, afirmou. O especialista defendeu melhorias no sistema de previsões do tempo, recuperação do sistema de proteção de cheias e elaboração de estudos regionais, além de delimitar áreas de risco e implementar a cultura de proteção e prevenção.
Nanci Walter, presidente do CREA/RS
Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea/RS), Nanci Walter citou que foi criado comitê de crise climática para dar apoio às prefeituras. “Já realizamos trabalhos de levantamento técnico em pelo menos cinco cidades. Agora, precisamos pensar como vamos devolver as escolas para as crianças, como vamos reativar as UBSs. Não precisamos de tantos outros estudos. Já temos estudos, agora, precisamos fazer o que é correto.”
Walter Lídio Nunes, presidente da Sociedade de Engenharia do RS
Presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, Walter Lídio Nunes destacou que a entidade pensa em ações em diferentes eixos. “Um deles é o entendimento de que estamos vivendo uma crise da qual não estávamos preparados, por isso, precisamos criar uma agenda de Estado, com visão de gestão dos ciclos das águas, e uma metodologia para gerir crises. A agenda de Estado tem que ser uma posição política subordinada aos efeitos climáticos, ao repartimento hidrológico e de ocupação do solo em todas as bacias.”
Viviane Feijó, presidente do Comitesinos
Presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), Viviane Feijó lembrou que existe sistema de alertas, constituído pela Defesa Civil, mas é preciso melhorar o tempo de resposta. “É preciso do aporte financeiro da União, da participação dos municípios e de um órgão que gerencie esse sistema em nível estadual, para que a região hidrográfica seja acompanhada como um todo. Precisamos ter mais áreas para a proteção dos recursos hídricos, além de educação ambiental”, enumerou.
Francisco Hörbe, superintendente da Metroplan
Superintendente da Metroplan, Francisco Hörbe informou que há um programa contra cheias, baseado em um estudo de 2012, que prevê intervenções nas bacias do Rio Gravataí, Sinos e Delta do Jacuí. “Esses projetos consistem em ações de dragagem dos rios, implementação de diques, instalação de casas de bombas, implementação de sistemas de drenagem e construção de bacias de acumulação. Também concordamos com a ideia de uma governança regional, além da implementação de um centro para informação e alertas.”