Com o Aeroporto Internacional Salgado Filho fechado por tempo indeterminado e restrições nas operações da Base Aérea de Canoas (Baco) e do Aeroporto Regional de Caxias do Sul, uma terceira via entrou no radar das autoridades.
O Aeroporto Regional de Torres passou por duas vistorias nesta semana e é considerado por especialistas como a melhor alternativa para o período de fechamento do Salgado Filho.
Está a pouco mais de duas horas do Centro de Porto Alegre, mas a boa condição da free way e da BR-101 compensa a distância. “E não tem o problema recorrente do nevoeiro, que nesta época do ano atrapalha as operações em Canoas e Caxias pela manhã”, diz Rodrigo Machado, especialista em manutenção de aviões que trabalha em Torres.
Pista é maior que a do Santos Dumont, no Rio
O aeroporto de Torres está localizado próximo à Estrada do Mar (RS-389) e é administrado pelo governo do Estado. Foi construído nos anos 1990, mas nunca contou com operação permanente de linha área.
A última experiência foi no verão de 2021, quando a Azul Conecta operou a rota Porto Alegre-Torres com um Grand Caravan para nove passageiros. A baixa demanda fez com que a rota sazonal não fosse retomada no verão seguinte.
A pista do aeroporto de Torres é asfaltada e tem 1.500 metros de comprimento por 30 de largura. É maior que a do aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio de Janeiro, que tem 1.323 metros de comprimento por 42 de largura. A pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tem 1.900 metros de comprimento.
Atualmente o aeroporto de Torres é utilizado por aviões particulares de pequeno e médio portes, além de escola de pilotagem e paraquedismo. Também conta com serviço de manutenção. Na alta temporada são cerca de 50 voos mensais.
Precisa de melhorias na estrutura
Segundo o comandante Nelson Riet, piloto com 60 anos de experiência (a maior parte na Varig, onde fazia rotas internacionais), a pista de Torres tem capacidade para pousos e decolagens até mesmo de Boeing 737, como os utilizados pela Gol. “A questão é o entorno e o terminal, que precisariam de uma boa intervenção”, salienta.
A avaliação vai ao encontro do que viram, nesta semana, técnicos dos governos estadual e federal, da Infraero, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Fraport, concessionária responsável pelo Salgado Filho. Foram duas vistorias, uma na quarta (12) e outra nesta sexta-feira (14).
Na próxima quinta-feira (20) a Anac deve emitir um laudo técnico atestando que a operação em Torres é possível, mas com ajustes na estrutura. O terminal é pequeno e não conta com sistema de raio-x, por exemplo. Outro ponto de atenção é o cercamento da pista, considerado muito vulnerável.
Companhias aéreas serão consultadas
Segundo o secretário nacional de Planejamento, Sustentabilidade e Competitividade no Turismo, Milton Zuanazzi, assim que o laudo da Anac foi concluído, as companhias aéreas que operam no RS serão acionadas para discutir a possibilidade de voar para Torres.
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“Quanto maior for o número de aeroportos capacitados no Estado, melhor. E quanto mais próximos estiverem de Porto Alegre e da região da Serra, melhor”, disse Zuanazzi.
Investimento de pelo menos R$ 8 milhões
O prefeito de Torres, Carlos Souza, mostrou-se otimista com as avaliações preliminares. Disse que o município já está trabalhando na limpeza do terminal e de todo o entorno da pista.
Souza calcula que, para a operação de voos comerciais, o aeroporto precisaria de um investimento imediato de aproximadamente R$ 8 milhões. O aporte ficaria a cargo do governo do Estado, que responde pelo aeroporto.
Na vistoria desta sexta-feira o secretário estadual de Turismo, Luiz Fernando Rodriguez Júnior, informou que o Estado já está investindo R$ 2 milhões em reformas no terminal.