Prendas e peões, oriundos de distantes querências, tomaram o Parque de Eventos Olmiro Brandão, desde as primeiras horas da manhã deste sábado (20), para o terceiro dia do 2º Rodeio Nacional e 12º Rodeio Estadual.
A tradicional festa reuniu milhares de pessoas tendo em vista a fase classificatória das provas de tiro de laço – masculinas e femininas – programadas para este terceiro dia de evento.
A estimativa da Associação das Entidades Tradicionalistas de Nova Santa Rita (AETNSR) é que havia quase 400 acampamentos montados. Quem compareceu, sabe que o número é realista, já que na tarde deste sábado não era fácil encontrar um local para deixar o carro na sombra.
Após encarar nove horas de viagem de Santa Rosa até Nova Santa Rita, Eduardo Brandão elogiou a estrutura do parque e as atrações montadas para evento desde a noite de quinta-feira (18), quando chegou na cidade.
“Coincidiu com as minhas férias, então ajeitei o cavalo e vim passear com a mulher”, conta o professor de 45 anos. “Eu não conhecia Nova Santa Rita e só tenho elogios para fazer. Muito bonita a festa”.
Embora Brandão tenha chegado ao parque somente com a esposa, a maioria chegou de turma. Os piquetes se organizaram em comitiva e teve até quem estacionou um ônibus cheio no Olmiro Brandão.
Carlos Jesus Saldanha, 56 anos, saiu de Montenegro com um grupo de peões e prendas a cavalos. Ele admite que já não participa de uma prova de tiro de laço há décadas, mas tinha interesse de participar do torneio de bocha organizado no evento.
“O tempo vai passando e a gente vai preferindo fazer menos força na vida”, brincou. “Fico ali de pé, com tentando acertar o balim enquanto tendo não deixar o latão de cerveja esquentar com a outra mão”.
Presente durante o evento, o prefeito Rodrigo Battistella destacou que o evento que, a cada ano, transforma a cidade em referência cada vez maior para a cultura gaúcha.
“A cultura gaúcha pulsa em cada rodeio”, afirmou. “Na lida diária dos rodeios, cultivamos valores como respeito, trabalho duro e paixão pela nossa terra, fundamentos que nos definem como gaúchos”.
Declamadores
Mesmo que o rodeio em Santa Rita tenha sido organizado com shows de grandes nomes da tradição gaúcha, sobrou espaço também para os pequenos talentos. Na manhã de sábado, prendas e peões mirins participaram da declamação que fazia parte da programação artística da festa.
O pequeno Davi Johann foi destaque. O menino de 9 anos praticou por 6 meses até que o poema criado por Maximiliano Alves de Moraes saísse perfeito. Foi aplaudido de pé. “Fiquei um pouco nervoso”, disse. Só não ficou mais nervoso que a mãe, Kellen Garcia, 39 anos, que aplaudiu o filho de pé. “Garanto que eu estava mais nervosa que ele”, riu ao dizer.
Prendas brilharam na pista
Cavalos encilhados e selados; corda bem segura na mão e chapéu preso na cabeça; rímel, batom e sorrisos. Muitos sorrisos. Na manhã de sábado, o espetáculo na prova de tiro e laço foi delas.
A fase classificatória do torneio reuniu talentos de todas as idades em um espetáculo que empolgou o público presente no Olmiro Brandão. Nem o forte sol afastou os olhares do que acontecia na areia.
Aos 16 anos, Mariana Scherdien era um dos destaques da festa campeira. A jovem veterana é multicampeã de tiro de laço em provas pelo Estado. Em Nova Santa Rita mesmo, durante o rodeio do ano passado, levantou o troféu e garantiu a premiação.
“Eu monto desde os dois anos e comecei a participar de provas desde muito nova”, relata. “Parece muito difícil, mas não tem segredo. Eles soltam o bicho brabo, mas a gente dá um jeito de domar”.
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A participante mais jovem a estar inscrita na prova deste ano, Helena Ribeiro, 7 anos, também começou a montar aos 2 anos e bem longe do interior. O cenário era os verdes campos do bairro Harmonia, onde os pais têm propriedade.
“Eu gosto de montar”, disse. “Às vezes, o cavalo está zangado, mas converso com ele e acaba meu amigo de novo rapidinho”, disse a jovem prenda, que garantiu pontuação máxima na disputa.
Tio da jovem, Matheus Chagas, 23 anos, revelou que o acompanhamento da pequena só é necessário para subir ou descer do cavalo, já que o domínio após estar com o animal é completo.
“Ela se vira muito bem e não tem quem não fique impressionado com a habilidade”, elogiou.