SAÚDE
No dia da Enfermagem, profissionais lembram desafios e aprendizados da pandemia
No Hospital Centenário, profissionais da área estão vivendo momentos bem distintos dos enfrentados nos últimos três anos
Última atualização: 07/03/2024 15:25
Um dia especial, marcado por notícias que trazem alívio e alento. Nesta sexta-feira (12), Dia Internacional da Enfermagem, profissionais da área estão vivendo momentos bem distintos dos enfrentados nos últimos três anos, quando uma nova realidade chegou e exigiu ainda mais trabalho, dedicação e amor. Desta vez, a rotina segue com atendimentos urgentes e salvar vidas continua sendo prioridade, mas o medo já não é tão grande como o visto durante a pandemia e a possibilidade do piso para a categoria ser instituído, de fato, é mais real.
Há exatamente uma semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde pública global pela Covid-19 - o que não tira o título de pandemia da doença, mas a definiu agora como um "problema de saúde estabelecido e contínuo". Não significa dizer que a pandemia acabou, mas que o número de mortes e internações pelo coronavírus diminuiu bastante e com tendência a se manter assim. O que traz alívio geral e a sensação de que uma parte de uma grave e triste guerra foi vencida.
Ala Covid
É o que observam as profissionais de saúde do Hospital Centenário, de São Leopoldo, Cláudia da Silva, 46 anos, e Micheli Almeida Couto, 41. Ambas trabalharam na emergência e UTI Covid durante os piores períodos da pandemia e vivenciaram rotinas diárias de caos na luta contra a doença.
Enfermeira há 16 anos na casa de saúde, Cláudia conta que trabalhava na emergência em março de 2020, quando a coordenação perguntou à equipe quem se habilitaria para trabalhar na então criada emergência Covid. Ela e mais um colega se colocaram à disposição. "Como eu morava sozinha, entendi que não era justo que meus colegas que moravam com a família corressem o risco de levar o vírus para casa. Então, me prontifiquei e me despedi da minha família", revelou, citando o medo de um vírus ainda desconhecido.
Com a técnica de enfermagem Micheli, que atua há 13 anos no hospital, sendo todos eles na emergência, o convite para trabalhar na ala Covid assustou e fez ela até se mudar para garantir mais segurança. "Porque eu tenho pais idosos, uma filha asmática. Mas pensei 'estou aqui e vou encarar'. Fui morar junto com uma amiga que trabalhava aqui. Moramos juntas por 4 meses. Saí de casa para deixar minha família mais protegida", comentou.
Ajuda psicológica e casos marcantes
Os primeiros dias foram de organização do serviço, até que pacientes começaram a ser internados pelo coronavírus. Em pouco tempo, o hospital teve que ajustar três UTIs Covid na ala para poder atender os casos graves. “Tivemos que pedir material emprestado para outros setores, respiradores, porque nós tínhamos uma demanda grande”, contou Cláudia.
Além de muitos treinamentos para ensinar a como se proteger, o número de EPIs diários que elas precisavam usar aumentou, e o hospital disponibilizou também ajuda psicológica para que os profissionais conseguissem lidar com o trabalho exaustivo e dolorido. “Por mais que a gente se esforçasse, a gente tinha perdas e sofria junto com as famílias”, lamenta a enfermeira, exemplificando com a perda do primeiro jovem internado pela doença no local, que a abalou muito.
Entre os casos que marcaram, as duas recordam do primeiro internado, seu Antenor. Já que os pacientes não podiam receber visitas, Micheli pediu à coordenação para fazer uma videochamada com a família dele. Dias depois, ele ganhou alta e o contato continuou. “A gente tinha um vínculo com as famílias, pelas videochamadas, que ajudava um pouco elas. Foi muito emocionante”, resumiu a técnica.
Vacinação e uso de máscaras
“A gente pega um ônibus, metrô, e vê as pessoas tossindo, espirrando, sem máscara, sem nada. A gente pensa que a humanidade poderia ter crescido um pouco, mas não cresceu”, lastima Cláudia. “Com a máscara, tu também diminui a transmissão de outras doenças respiratórias, como aconteceu com o uso dela na época da Covid”, recorda a enfermeira, defendendo também a vacinação.
"Foi um teste psicológico", avalia técnica em enfermagem
Hoje num patamar bem mais tranquilo, as profissionais falam sobre o sentimento que ficou dos últimos três anos. “Foi um aprendizado emocional, um teste psicológico. Foi bem complicado, muito assustador a gente lidar com uma coisa que não conhecemos”, explicou Micheli, que atualmente trabalha na emergência pela manhã e na UTI algumas noite por semana.
“Mas, graças a Deus, deu tudo certo. A gente conseguiu, aos trancos e barrancos”, acrescentou. “Nenhuma faculdade, nenhum curso, te ensina a passar pelo que passamos naquele período”, complementou Cláudia, que atua agora na UTI Neonatal.
Um dia especial, marcado por notícias que trazem alívio e alento. Nesta sexta-feira (12), Dia Internacional da Enfermagem, profissionais da área estão vivendo momentos bem distintos dos enfrentados nos últimos três anos, quando uma nova realidade chegou e exigiu ainda mais trabalho, dedicação e amor. Desta vez, a rotina segue com atendimentos urgentes e salvar vidas continua sendo prioridade, mas o medo já não é tão grande como o visto durante a pandemia e a possibilidade do piso para a categoria ser instituído, de fato, é mais real.
Há exatamente uma semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde pública global pela Covid-19 - o que não tira o título de pandemia da doença, mas a definiu agora como um "problema de saúde estabelecido e contínuo". Não significa dizer que a pandemia acabou, mas que o número de mortes e internações pelo coronavírus diminuiu bastante e com tendência a se manter assim. O que traz alívio geral e a sensação de que uma parte de uma grave e triste guerra foi vencida.
Ala Covid
É o que observam as profissionais de saúde do Hospital Centenário, de São Leopoldo, Cláudia da Silva, 46 anos, e Micheli Almeida Couto, 41. Ambas trabalharam na emergência e UTI Covid durante os piores períodos da pandemia e vivenciaram rotinas diárias de caos na luta contra a doença.
Enfermeira há 16 anos na casa de saúde, Cláudia conta que trabalhava na emergência em março de 2020, quando a coordenação perguntou à equipe quem se habilitaria para trabalhar na então criada emergência Covid. Ela e mais um colega se colocaram à disposição. "Como eu morava sozinha, entendi que não era justo que meus colegas que moravam com a família corressem o risco de levar o vírus para casa. Então, me prontifiquei e me despedi da minha família", revelou, citando o medo de um vírus ainda desconhecido.
Com a técnica de enfermagem Micheli, que atua há 13 anos no hospital, sendo todos eles na emergência, o convite para trabalhar na ala Covid assustou e fez ela até se mudar para garantir mais segurança. "Porque eu tenho pais idosos, uma filha asmática. Mas pensei 'estou aqui e vou encarar'. Fui morar junto com uma amiga que trabalhava aqui. Moramos juntas por 4 meses. Saí de casa para deixar minha família mais protegida", comentou.
Ajuda psicológica e casos marcantes
Os primeiros dias foram de organização do serviço, até que pacientes começaram a ser internados pelo coronavírus. Em pouco tempo, o hospital teve que ajustar três UTIs Covid na ala para poder atender os casos graves. “Tivemos que pedir material emprestado para outros setores, respiradores, porque nós tínhamos uma demanda grande”, contou Cláudia.
Além de muitos treinamentos para ensinar a como se proteger, o número de EPIs diários que elas precisavam usar aumentou, e o hospital disponibilizou também ajuda psicológica para que os profissionais conseguissem lidar com o trabalho exaustivo e dolorido. “Por mais que a gente se esforçasse, a gente tinha perdas e sofria junto com as famílias”, lamenta a enfermeira, exemplificando com a perda do primeiro jovem internado pela doença no local, que a abalou muito.
Entre os casos que marcaram, as duas recordam do primeiro internado, seu Antenor. Já que os pacientes não podiam receber visitas, Micheli pediu à coordenação para fazer uma videochamada com a família dele. Dias depois, ele ganhou alta e o contato continuou. “A gente tinha um vínculo com as famílias, pelas videochamadas, que ajudava um pouco elas. Foi muito emocionante”, resumiu a técnica.
Vacinação e uso de máscaras
“A gente pega um ônibus, metrô, e vê as pessoas tossindo, espirrando, sem máscara, sem nada. A gente pensa que a humanidade poderia ter crescido um pouco, mas não cresceu”, lastima Cláudia. “Com a máscara, tu também diminui a transmissão de outras doenças respiratórias, como aconteceu com o uso dela na época da Covid”, recorda a enfermeira, defendendo também a vacinação.
"Foi um teste psicológico", avalia técnica em enfermagem
Hoje num patamar bem mais tranquilo, as profissionais falam sobre o sentimento que ficou dos últimos três anos. “Foi um aprendizado emocional, um teste psicológico. Foi bem complicado, muito assustador a gente lidar com uma coisa que não conhecemos”, explicou Micheli, que atualmente trabalha na emergência pela manhã e na UTI algumas noite por semana.
“Mas, graças a Deus, deu tudo certo. A gente conseguiu, aos trancos e barrancos”, acrescentou. “Nenhuma faculdade, nenhum curso, te ensina a passar pelo que passamos naquele período”, complementou Cláudia, que atua agora na UTI Neonatal.