FUTEBOL
Nininho tem recordações dos jogos com Garrincha
Canoense relembra as partidas com o "Anjo de Pernas Tortas"
Última atualização: 24/01/2024 15:37
Veterano nos campos de futebol, Coralino de Bairros Ibaldo, de 73 anos, conhecido como Nininho, recorda com carinho o ano 1972 em que disputou pela primeira vez a bola de futebol com Manoel Francisco dos Santos, o eterno Garrincha.
Nininho jogava como zagueiro no time paulista Ilha Solteira quando os jogos contra a "seleção brasileira de Master" ocorreram. "Aquela seleção era a união dos melhores jogadores experientes do País. Foram três jogos anuais em comemoração ao aniversário da cidade Ilha Solteira", recorda.
Nascido e criado no bairro Rio Branco, em Canoas, Nininho revela que avisou aos colegas de time como neutralizar de forma antecipada os movimentos do ponta-direita Garrincha. "Sou muito observador, assistia pela televisão ele jogar. Muitas coisas que percebo, a maioria das pessoas não costuma reparar. A maior prova disso é que nunca joguei no gol e mesmo assim, me tornei um treinador de goleiro", exemplifica.
Nininho conta que a estratégia de marcação contra o time adversário deu certo nos dois primeiros confrontos (1972 e 1973). As partidas terminaram empatadas em 2 a 2. "Em 1974 [último jogo], eles voltaram mais concentrados em nossas táticas e jeito de jogar", salienta o veterano. A "seleção brasileira de Master" venceu por 1 a 0 o então time da segunda divisão do futebol paulista Ilha Solteira.
O canoense diz que o clima dos jogos era de confraternização e respeito pelo adversário. "Foi mágico jogar com craques como Garrincha, Nílton dos Santos e tantos outros importantes jogadores da história do futebol. Algo impensável para um time do porte como era o nosso. Os aniversários eram da cidade, mas o maior presente foi para quem jogou e pôde assistir às partidas no estádio Frei Arnaldo Castilho."
Contratempos
A estreia de Nininho nos gramados ocorreu no ano de 1969, quando ele tinha 20 anos. "Comecei como lateral direita, depois de alguns anos jogava na posição de zagueiro." Aos 23 anos Nininho teve uma lesão na virilha que o impediu de jogar no México.
"Foi uma lesão mal curada, isso prejudicou muito meu desempenho nos gramados. Outro contratempo que tive foi quando um olheiro do Santos considerou a idade que tinha na época [23 anos] acima do ideal. Ele me disse que procurava na faixa etária dos 18 anos", afirma.
Nininho ficou cerca de seis anos no Ilha Solteira. "Depois dos jogos contra o Garrincha, ainda fiquei mais um tempo no clube até encontrar outras casas para jogar."
Descoberta de uma nova carreira no esporte
Nininho seguiu atuando como jogador até meados dos anos 1980. "Passei por clubes da divisão de acesso do Estado, do Paraná, de São Paulo, entre outros. No início da década de 1990, o veterano colocou em prática o desejo se tornar treinador de goleiros. "Quando vi o Luiz Carlos Schneider preparando o goleiro Taffarel, aquilo me encantou. O Schneider foi muito generoso comigo, me deu inúmeros conselhos técnicos. Foi muito importante no começo da minha nova carreira", ressalta.
Nininho iniciou como treinador de goleiros em 1991, no Sport Club Internacional. "Fiquei longos anos no Inter, trabalhei auxiliando técnicos conhecidos no Brasil, como Mano Menezes, Antônio Lopes e Celso Roth", destaca.
Nos últimos anos, Nininho foi treinador de goleiros em três categorias, sub-15, sub-17 e sub-19 do time Sport Club Marítimo Brasil, em Canoas. Recentemente, o experiente profissional deixou o clube. "Não penso em aposentadoria. Estou aberto para novos desafios", finaliza.
Encontro com estrelas do futebol de campo
Além do aclamado Garrincha, Nininho conheceu outros nomes importantes do mundo futebolístico, como o goleiro gaúcho Cláudio Taffarel, peça fundamental para a conquista do tetracampeonato da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1994.
"Quando conheci o Taffarel foi mais um momento especial e marcante em minha carreira. Eu já estava no profissional como treinador de goleiro. Foi uma honra poder conversar com o goleiro que trouxe a taça para nós brasileiros", comenta o canoense.
Nininho também recorda do saudoso Abílio dos Reis. "Ele foi o maior descobridor de talentos. Era um garimpador. Foi treinador das categorias de base do Internacional, ele descobriu o Dunga, por exemplo. O Abílio tinha um olho clínico para encontrar craques", conclui.