METEOROLOGIA
Neve em abril é sinal de que inverno será mais rigoroso no Sul do Brasil? Especialista responde
Meteorologista Estael Sias relembra como foi o inverno nos anos em que nevou em abril
Última atualização: 04/03/2024 16:05
Nevou fraco nesta quarta-feira (19) à noite no Planalto Sul de Santa Catarina e o fenômeno surpreendeu até quem entende do assunto, afinal os principais modelos meteorológicos não indicavam possibilidade de neve neste momento no Brasil. O raro registro de neve tão cedo foi favorecido por dois fatores e abriu a discussão: neve em abril é sinal de que teremos um inverno rigoroso pela frente?
Antes de responder é preciso entender o que aconteceu. E quem explica é a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia. Segundo ela, a neve desta quarta-feira em Santa Catarina foi consequência da incursão de uma massa de ar frio de maior intensidade que veio acompanhada de um centro de baixa pressão que formou nuvens de desenvolvimento vertical sobre o Rio Grande do Sul – até com granizo – e que migraram para o Planalto Sul catarinense. Com a altitude do Planalto Sul, a precipitação caiu em forma de neve.
"A temperatura em camadas de menor altitude da atmosfera não era muito baixa, sequer baixando de 0ºC no nível de 850 hPa (1.500 metros de altitude), o que em teoria desfavorecia nevar. Ocorre que em camadas imediatamente mais altas havia frio suficiente para a neve com o bolsão do ar mais gelado sobre a área em níveis médios da atmosfera", resume Estael, frisando que "nevar em abril é muito raro".
Com a queda de neve desta quarta-feira no Planalto Sul Catarinense, agora são apenas três eventos deste tipo documentados no Sul do Brasil no quarto mês do ano. Os dois eventos anteriores que se tem registro confirmado ocorreram em 1999 e no ano de 2016. O episódio mais marcante foi em 1999, quando nevou na noite de 16 para 17 de abril no Planalto Sul Catarinense.
Segundo Estael, os invernos de 1999 e de 2016 tiveram temperatura abaixo da média no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. "Nos dois anos, a temperatura média no trimestre de inverno ficou perto ou abaixo da climatologia histórica nos três estados do Sul, ou seja, foram invernos frios", resume a especialista.
No entanto, ela pondera que "há uma imensa diferença entre 1999, 2016 e 2023 que não recomenda que neve cedo em abril seja tomada como um sinal para o inverno. Em 1999, o ano inteiro foi com La Niña moderada a forte. No primeiro trimestre do ano, o chamado Índice Niño Oceânico (ONI) estava em -1,3ºC. Neste ano, em -0,4ºC. No inverno de 1999, trimestre de junho a agosto, o ONI foi de -1,1ºC. Em 2023 deve ser positivo com El Niño, como projetam quase todos os modelos de clima, o que não significa deixará de fazer frio".
Estael Sias acrescenta que o ano de 2016 começou com Super El Niño. O Índice Niño Oceânico (ONI) durante o primeiro trimestre do ano foi de +2,5ºC. "Ocorre que o El Niño rapidamente perdeu força na sequência. No inverno de 2016, o índice estava em -0,4ºC e se reitera que em 2023 no mesmo trimestre será positivo com um provável El Niño instalado", explica.
Portanto, de acordo com a meteorologista da MetSul, a analogia histórica com base na neve de abril de 1999 e 2016 não é bom indicativo para como será o inverno de 2023, uma vez que se antecipa condições oceânicas no Pacífico e de circulação global da atmosfera muito distintas no trimestre de junho a agosto de 2023 na comparação com o mesmo trimestre de 1999 e 2016.
Nevou fraco nesta quarta-feira (19) à noite no Planalto Sul de Santa Catarina e o fenômeno surpreendeu até quem entende do assunto, afinal os principais modelos meteorológicos não indicavam possibilidade de neve neste momento no Brasil. O raro registro de neve tão cedo foi favorecido por dois fatores e abriu a discussão: neve em abril é sinal de que teremos um inverno rigoroso pela frente?
Antes de responder é preciso entender o que aconteceu. E quem explica é a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia. Segundo ela, a neve desta quarta-feira em Santa Catarina foi consequência da incursão de uma massa de ar frio de maior intensidade que veio acompanhada de um centro de baixa pressão que formou nuvens de desenvolvimento vertical sobre o Rio Grande do Sul – até com granizo – e que migraram para o Planalto Sul catarinense. Com a altitude do Planalto Sul, a precipitação caiu em forma de neve.
"A temperatura em camadas de menor altitude da atmosfera não era muito baixa, sequer baixando de 0ºC no nível de 850 hPa (1.500 metros de altitude), o que em teoria desfavorecia nevar. Ocorre que em camadas imediatamente mais altas havia frio suficiente para a neve com o bolsão do ar mais gelado sobre a área em níveis médios da atmosfera", resume Estael, frisando que "nevar em abril é muito raro".
Com a queda de neve desta quarta-feira no Planalto Sul Catarinense, agora são apenas três eventos deste tipo documentados no Sul do Brasil no quarto mês do ano. Os dois eventos anteriores que se tem registro confirmado ocorreram em 1999 e no ano de 2016. O episódio mais marcante foi em 1999, quando nevou na noite de 16 para 17 de abril no Planalto Sul Catarinense.
Segundo Estael, os invernos de 1999 e de 2016 tiveram temperatura abaixo da média no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. "Nos dois anos, a temperatura média no trimestre de inverno ficou perto ou abaixo da climatologia histórica nos três estados do Sul, ou seja, foram invernos frios", resume a especialista.
No entanto, ela pondera que "há uma imensa diferença entre 1999, 2016 e 2023 que não recomenda que neve cedo em abril seja tomada como um sinal para o inverno. Em 1999, o ano inteiro foi com La Niña moderada a forte. No primeiro trimestre do ano, o chamado Índice Niño Oceânico (ONI) estava em -1,3ºC. Neste ano, em -0,4ºC. No inverno de 1999, trimestre de junho a agosto, o ONI foi de -1,1ºC. Em 2023 deve ser positivo com El Niño, como projetam quase todos os modelos de clima, o que não significa deixará de fazer frio".
Estael Sias acrescenta que o ano de 2016 começou com Super El Niño. O Índice Niño Oceânico (ONI) durante o primeiro trimestre do ano foi de +2,5ºC. "Ocorre que o El Niño rapidamente perdeu força na sequência. No inverno de 2016, o índice estava em -0,4ºC e se reitera que em 2023 no mesmo trimestre será positivo com um provável El Niño instalado", explica.
Portanto, de acordo com a meteorologista da MetSul, a analogia histórica com base na neve de abril de 1999 e 2016 não é bom indicativo para como será o inverno de 2023, uma vez que se antecipa condições oceânicas no Pacífico e de circulação global da atmosfera muito distintas no trimestre de junho a agosto de 2023 na comparação com o mesmo trimestre de 1999 e 2016.
Antes de responder é preciso entender o que aconteceu. E quem explica é a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia. Segundo ela, a neve desta quarta-feira em Santa Catarina foi consequência da incursão de uma massa de ar frio de maior intensidade que veio acompanhada de um centro de baixa pressão que formou nuvens de desenvolvimento vertical sobre o Rio Grande do Sul – até com granizo – e que migraram para o Planalto Sul catarinense. Com a altitude do Planalto Sul, a precipitação caiu em forma de neve.
"A temperatura em camadas de menor altitude da atmosfera não era muito baixa, sequer baixando de 0ºC no nível de 850 hPa (1.500 metros de altitude), o que em teoria desfavorecia nevar. Ocorre que em camadas imediatamente mais altas havia frio suficiente para a neve com o bolsão do ar mais gelado sobre a área em níveis médios da atmosfera", resume Estael, frisando que "nevar em abril é muito raro".