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APÓS CHUVA INTENSA

"Nem nos recuperamos da última": Moradores de Taquara falam sobre as perdas após mais uma enchente

Conforme a Defesa Civil da cidade, essa foi a sexta remoção de moradores do bairro Empresa desde maio deste ano

Joceline Silveira
Publicado em: 19/11/2023 às 19h:23 Última atualização: 19/11/2023 às 19h:26
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Com as fortes chuvas que atingiram o Vale do Paranhana, a água nas ruas do bairro Empresa, em Taquara, chegaram ao telhado das casas na tarde deste domingo (19). Na localidade, 90 famílias já havia sido removidas pela Defesa Civil no final da manhã de sábado (18), quando a água começou a subir. Moradores do Loteamento Olaria também tiveram que deixar suas casas ainda no sábado por causa da chuva. 

Ruas seguiam alagadas ontem em vários pontos de Taquara | Jornal NH



Ruas seguiam alagadas ontem em vários pontos de Taquara

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Segundo a prefeitura, 600 pessoas estão desalojadas no município, enquanto outros 54 moradores estão desabrigados por conta desta enchente, que é considerada uma das maiores da história da cidade. Entre sexta-feira (17) e sábado, choveu 144,78 milímetros em Taquara, de acordo com o Observatório Heller & Jung.

Nas localidades onde a água invadiu diversas casas, alguns moradores usavam barco para conferir a situação das residências na manhã deste domingo. O servente de pedreiro Anderson Oliveira, de 29 anos, teve que dormir na casa de parentes e voltou ao bairro Empresa nesta manhã. Acompanhado da filha, Mirela, 3, ele chegou ao local com esperança de a água ter baixado.

“A gente ainda não sabe o que perdeu, tem a geladeira, a estante, o aparelho de som… a gente fica assustado, com medo de acontecer de novo porque nem nos recuperamos direito da última”, afirma, se referindo a enchente registrada na região no mês de junho. “Foi assustador porque a gente sempre pensa que vai subir a água, só que desta vez ela não parou mais”, completa outra moradora.

Mais uma enchente

Conforme o coordenador da Defesa Civil de Taquara, Alessandro Santos, foi a sexta remoção de moradores do bairro desde maio.

Ao lado da companheira, Gisele, 26, e da avó, Neli Maria, 69, o técnico em eletrônica, Felipe Henrique de Lima, 29, disse estar desanimado após a segunda inundação que enfrenta em cinco meses. “Eu moro aqui há pouco tempo e é a segunda vez que a enchente invade a minha casa”, disse o homem, também preocupado ainda com o prejuízo da enchente passada.

“Foi no mínimo R$ 6 mil em móveis, eletrodomésticos e reparos na casa. Desta vez, consegui retirar ou erguer quase tudo, mas os prejuízos sempre ficam. O jeito é esperar a água baixar, recomeçar tudo de novo e começar tudo de novo”, completa.

“Ficou muito inundado, ficou muito cheio, água para todos os lados, foi até assustador de ver”, afirma a dona de casa Jéssica Oliveira, 27. Conforme narra, na garagem da casa a água subiu quase quarenta centímetros. O susto veio na madrugada de sábado, quando acordou com a água entrando em casa.

“Nós erguemos a geladeira e quando vimos não tinha mais o que erguer, faltou pouco para entrar água no motor do carro”. Ao lado da filha, Sofia, 5, ela tentava recolher o que sobrou dos eletrodomésticos. “Os armários, sofá e a mesa não vai dar para aproveitar”, lamenta.

Do outro lado da cidade, o bairro Eldorado amanheceu sem água, uma situação bem diferente da que os moradores enfrentaram desde sexta-feira (17).

“Temos dois cenários diferentes em Taquara: enquanto os bairros Santa Maria e Eldorado são banhados pelo Rio Paranhana, o Empresa e o Loteamento Olaria são cortados pelo Rio Paranhana — o que divide o município. Enquanto os dois primeiros estavam isolados pela enchente na sexta, os outros só foram atingidos no sábado, quando a cota de inundação do Sinos foi atingida”, explica Santos.

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