abc+

SURTO DE DENGUE

"Não podemos baixar a guarda": Ano começa com atenção redobrada sobre a dengue na região

Números de 2024 preocuparam autoridades. Prevenção ainda é o meio para evitar surto

Publicado em: 07/01/2025 às 10h:52
Publicidade

O ano mal começou e a preocupação com um novo surto de dengue já mobiliza o projeto de Prevenção e Combate à Dengue da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo. No verão, o alerta para focos do mosquito Aedes aegypti se intensifica, já que as condições se tornam ideais para proliferação.

São Leopoldo iniciou novo levantamento do LIRAa  para verificar risco de dengue nos bairros do município | abc+



São Leopoldo iniciou novo levantamento do LIRAa para verificar risco de dengue nos bairros do município

Foto: Romeu Finato/PMSL

De acordo com o Painel de Casos de Dengue do governo do Estado, em 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou um cenário alarmante, com 207.465 casos confirmados da doença e 281 mortes. Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas estiveram entre as cinco cidades com mais casos e óbitos, o que confirmou a gravidade da situação na região.

LEIA TAMBÉM: Homem é morto dentro de loja em Novo Hamburgo; filho da vítima presencia o crime

Entre as motivações que levaram o ano passado a surpreender negativamente, está o aumento considerável da temperatura — com 2024 sendo um dos anos mais quentes da história. “Existiu uma série de eventos climáticos extremos que acabaram interferindo no ciclo do mosquito”, explica a professora Mariana Soares da Silva, do curso de Medicina Veterinária e do Programa de Pós-Graduação em Virologia da Feevale.

Quando comparado com 2023, os números de 2024 assustam ainda mais. Em Novo Hamburgo, uma das cidades com o pior cenário, o ano passado registrou 15.754 casos confirmados e 20 óbitos. No ano retrasado, 2.250 casos confirmados e nenhuma morte. “Além dos eventos climáticos, também tivemos como agravante a mudança no padrão dos sorotipos de dengue que circulavam no Brasil, e o ressurgimento de alguns sorotipos que a população ainda não tinha contato”, acrescenta.

CONFIRA: BOLO ENVENENADO: Justiça toma decisão sobre prisão de nora suspeita de envenenar sogra e outros familiares no RS

Segundo a professora e virologista, a tendência para 2025 é de estabilidade nos números, mas o risco persiste. “É natural que após um surto dessa magnitude haja redução nos casos, até porque uma parcela significativa da população já foi infectada. Contudo, não podemos baixar a guarda”, alerta.

CLIQUE AQUI E INSCREVA-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Estado

Para manter o monitoramento da dengue, a Secretaria Estadual da Saúde mantém ativo repositório com diversos painéis, notas técnicas, comunicados de risco e informações sobre arboviroses, com recorte sobre a dengue e o vetor de transmissão. O alerta maior da pasta é para os meses de janeiro, fevereiro e março.

Segundo a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Tani Ranieri, o Estado também realiza capacitações. “Olhar de forma diferenciada para a dengue é fundamental para evitar agravamentos, hospitalizações e óbitos”, afirma.

Força-tarefa para combate

Em dezembro, a Universidade Feevale participou de uma capacitação voltada aos servidores da rede municipal de saúde de Novo Hamburgo, com o objetivo de preparar a força-tarefa que atuará no combate à dengue em 2025. “Nesta época do ano, é esperado um aumento de casos por conta do calor, por isso precisamos trabalhar em conjunto”, destaca Mariana.

Para manter os casos de dengue sob controle, o apoio da comunidade é essencial. “É claro que usar repelente e roupas protegidas é importante, mas o mosquito da dengue é extremamente urbanizado e se encontra dentro das nossas residências. Por isso, precisamos adotar cuidados básicos, como eliminar locais com água parada, que são o habitat do vetor”, reforça.

A Secretaria da Saúde de São Leopoldo anunciou ontem o início de mais um Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa). A ação possibilita o diagnóstico de locais mais propensos para a proliferação do mosquito. Inicialmente, equipes estarão nos bairros Feitoria e Campestre.

ENTRE NA COMUNIDADE DO ABCMAIS NO WHATSAPP

Esperança na vacinação

Além das medidas de prevenção no dia a dia, a vacinação contra a dengue surge como uma esperança importante para conter a doença no Brasil. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, 67 municípios já receberam doses do imunizante Qdenga. O esquema vacinal inclui duas doses, administradas com intervalo de três meses.

Na região, cidades como Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Morro Reuter, Novo Hamburgo, Portão, Presidente Lucena, São Leopoldo e Sapiranga fazem parte da lista de distribuição. Conforme o Ministério da Saúde, a vacinação é destinada a crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue nos últimos quatro anos. Entretanto, a vacina não é autorizada pela Anvisa para pessoas acima de 60 anos, grupo que registra a maior taxa de óbitos no Estado.

Outra novidade pode reforçar a luta contra a dengue. Em dezembro, o Instituto Butantan submeteu à Anvisa o pedido de aprovação para sua vacina contra a doença — a primeira do mundo em dose única.

A notícia anima especialistas. “O imunizante atual ainda tem uma aplicação limitada. A vacina do Butantan pode ser produzida em maior escala e com um custo mais acessível, mas tudo é ainda muito inicial”, conclui Mariana.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade