ENTENDA

Não liberar gases pela boca pode ter motivo médico: Conheça a Síndrome do Não-Arrotar e seus sintomas

Descrita pela primeira vez em 2019, hoje já existe tratamento para a disfunção, inclusive no Brasil; entenda

Publicado em: 07/11/2023 11:09
Última atualização: 07/11/2023 11:40

Não conseguir liberar gases pela boca pode ser, de fato, uma síndrome. Principalmente quando essa inabilidade começa a causar dores e prejuízos na vida dos diagnosticados. E ela tem nome: Disfunção Cricofaríngea Retrógrada (DCF-R), ou Síndrome do Não-Arrotar.


Entre os sintomas está inabilidade de arrotar, flatulência excessiva e inchaço abdominal Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Em 2015, o otorrinolaringologista Dr. Robert W. Bastian atendeu um paciente desesperado que descrevia uma lista de sintomas, aos quais deu o nome de DCF-R. Entre eles, estava a inabilidade de arrotar, flatulência excessiva e um inchaço abdominal.

Após o tratamento, a pessoa resolveu contar a sua experiência na rede social Reddit, fazendo com que muitos usuários se identificassem e procurassem a ajuda do Dr. Bastian. Apesar disso, o primeiro artigo do profissional só foi publicado em 2019.

Recentemente, um homem conseguiu arrotar pela primeira vez em 46 anos, após passar pelo tratamento para a síndrome, no Hospital Santa Casa, em Porto Alegre. “Nunca consegui arrotar. Tomar refrigerante era a morte, era impossível”, disse o engenheiro ao jornal G1

Afinal, o que é a Síndrome de Não-Arrotar e qual o tratamento?

O músculo cricofaríngeo, que fica no esfíncter esofágico superior (na garganta, um pouco abaixo do “pomo de adão”), está sempre tenso, perdendo a habilidade de relaxar. Isso impede o gás do estômago de sair pela boca.

O tratamento consiste em injetar botox no músculo, fazendo com que ele relaxe e, em majoritariamente das vezes, o paciente consiga arrotar entre três e cinco dias.

Em 2019, o artigo "Inability to Belch and Associated Symptoms Due to Retrograde Cricopharyngeus Dysfunction: Diagnosis and Treatment" foi publicado, explicando os sintomas, mais comuns e menos, que podem ajudar no momento de diagnóstico. Confira alguns:

Não conseguir arrotar

O primeiro sinal é a inabilidade de liberar os gases pela garganta. Mas é preciso prestar atenção: pessoas que podem ter a síndrome quase sempre conseguiam arrotar quando bebês e podem continuar na idade adulta, porém, de forma micro, aleatória e que não traz alívio.

Barulhos "borbulhantes" socialmente vergonhosos

Os sons podem ser menores e internos. Em outros casos, geralmente quando a boca está aberta, os barulhos podem ser maiores. Eles podem parecer com sons de dinossauros, uma sinfonia de coaxos de sapos, até os sons que a Regan produzia enquanto estava possuída no filme O Exorcista (1973).

Em algumas ocasiões, os outros são capazes de ouvir, levando a pessoa a sofrer com a vergonha, muitas vezes deixando de comer quando sabe que vai enfrentar situações sociais no dia.

Inchaço e pressão

Um sintoma comum é o inchaço do abdômen. Bastian faz uma analogia a uma barriga de grávida: o aumento comum é descrito como de "três a quatro meses", chegando até seis meses. Isso ocorre principalmente após a ingestão de alimentos ou bebidas com gás.

A pessoa que sofre com a síndrome também pode, além da distensão abdominal, sentir pressão no peito e até na parte mais baixa do pescoço. É comum também o relato de dor aguda no abdômen, costas ou na omoplata, que consiste no osso em forma de triângulo que fica abaixo da clavícula.

Flatulência

A flatulência aumenta com o passar do dia, sendo maior durante a noite. Quem sofre com a síndrome vive procurando lugares onde as pessoas não irão ouvir ou descobrir seus gases, causando danos na vida social da pessoa.

Outros sintomas

A pessoa diagnosticada com DCF-R pode sofrer com a constipação, soluços dolorosos e náusea, além da hiperventilação e ansiedade social. Entretanto, estes sintomas são menos comuns.

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