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INVESTIGAÇÃO

"Não fui eu e tenho como provar", afirma adolescente preso por sequestro e morte do avô em Novo Hamburgo

Apesar da grave e delicada desavença familiar apontada como motivo, estudante de 16 anos diz que não seria capaz da atrocidade

Publicado em: 30/10/2023 às 21h:01 Última atualização: 30/10/2023 às 21h:11
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Apreendido pelo sequestro e morte a tiros do avô em Novo Hamburgo no fim de semana, o estudante de 16 anos nega com veemência o crime. “Não fui eu e tenho como provar”, afirmou no interrogatório à Polícia. Ele garantiu que, apesar da recente grave desavença com o parente idoso, não seria capaz da atrocidade. O motivo do homicídio apontado pela Polícia não é publicado porque envolve fato sensível, que fere a intimidade de uma vítima de outro suposto crime, também sob investigação.

Luiz Metzdorf | Jornal NH



Luiz Metzdorf

Foto: Reprodução/Facebook

Durante o depoimento, o adolescente, em meio ao choro, tentou confortar a mãe, uma hamburguense de 38 anos. “Fica tranquila, porque não fiz nada.” Ainda aflita, na tarde desta segunda-feira (30), ela diz confiar plenamente no filho. “Tenho certeza que não foi ele. Quem conhece ele sabe que até uma mosca não quer matar, o que dirá uma pessoa.”

O jovem tinha relação afetuosa com o avô paterno assassinado, Luiz Carlos Metzdorf, 63. “Meu marido faleceu há dois anos de Covid-19. Eu jamais privaria os avós do convívio com os netos, pois já tinham perdido um filho e sempre tivemos um bom ambiente familiar”, comenta ela.

Um fato descoberto há duas semanas, porém, estremeceu o convívio. “Fiz a denúncia. Nós todos ficamos abalados e nos afastamos. Percebi uma revolta no meu filho. Ele chorava.” A ocorrência, registrada no último dia 17, resultou em inquérito policial.

Mensagens

A mãe diz não saber se o adolescente fez ameaças ao avô, como apontado pela investigação. “Ele disse que enviou mensagens porque estava com raiva. Não vi o conteúdo, mas orientei a não fazer isso porque a situação já estava com a Polícia. O que sei é que nunca falou em matar.”

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Ela define o filho como “amoroso, estudioso e trabalhador”. Menciona sacrifícios. “Nunca tive queixa dele. Só uma vez fui chamada à escola porque ele não estava indo. Explicou que queria trabalhar mais, porque estávamos passando por dificuldades desde a morte do meu marido. Mas voltou aos estudos. Desde essa perda, somos só nós três. Eu, meu filho e minha filha de três anos.” O adolescente seguiu os passos do pai no trabalho com assistência técnica de eletrônicos. 

“Vamos provar a inocência dele”

A mãe conta que, quando ficou sabendo da morte do sogro por pessoa próxima dele, na noite de sábado (28), decidiu ligar para o filho. “Ele veio imediatamente. Estava na casa de um colega.” No início da madrugada, por volta de 0h30, a Polícia bateu à porta da residência, no bairro Canudos. “Pediram pelo meu filho e o chamei. Disseram que tínhamos que ir à delegacia.”

Autuado em flagrante pelo homicídio do avô, o estudante ficou detido na delegacia e, na noite de domingo (29), foi internado no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Novo Hamburgo. A esposa da vítima teria reconhecido o próprio neto como um dos assassinos.

“Só vou poder vê-lo na quarta-feira. Tento me manter calma, mas é difícil. Não durmo. Choro bastante.” Um advogado já foi providenciado. “O que me importa hoje é provar a inocência do meu filho. É uma criança de 16 anos. A irmãzinha só pede por ele. São muito apegados.”

Invasores estavam encapuzados e armados

Luiz Carlos Metzdorf assistia televisão com a esposa e um filho, por volta das 21 horas de sábado, quando a residência na Vila Getúlio Vargas, bairro Canudos, foi invadida por dois encapuzados armados. Eles cobriram a cabeça de Metzdorf com um saco plástico e o levaram. Não feriram os dois familiares.

O corpo do sequestrado foi encontrado duas horas depois, cheio de tiros, à margem da Estrada Integração Leopoldo Petry, no bairro Lomba Grande, no acesso à Prainha. Ao redor havia vários estojos de munição calibre 9 milímetros. A quantidade será contabilizada pelos peritos.

Nascido em Ijuí, o aposentado morava há muitos anos em Novo Hamburgo. O neto é apontado pela Delegacia de Homicídios como mentor e executor do crime. Os agentes tentam identificar o outro encapuzado.

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