A recente mudança de comando na Argentina deixou em alerta o Brasil. Isso por que o recém-eleito Javier Milei disse durante a campanha que cortaria relações diplomáticas com o País.
Segundo a justificativa do político argentino, esse rompimento seria feito por ele considerar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunista. Foram diversas as críticas de Milei a Lula, que ainda se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado na eleição de 2022.
Mesmo com essas ameaças, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, vê com otimismo a eleição do ultra liberal de extrema-direita. “Acreditamos que, daqui a pouco, por ser mais liberal esse novo governo, que melhore a relação para conseguirmos exportar”, pondera Ferreira. Ele ainda aponta que o novo presidente deve dar prioridade para a questão econômica. “Acreditamos que se houve câmbio de governo lá, o governo novo vai querer resolver um dos principais problemas deles, que é a inflação, e por isso a baixa quantidade de reservas cambiais.”
Em relação às declarações de Milei, Ferreira minimizou como ação de campanha. “Uma coisa é uma campanha política onde um determinado candidato faz seu plano do que vai querer fazer, depois de 10 de dezembro, quando senta na cadeira, a história será outra”, afirmou o presidente da feira durante a realização da Brazilian Footwear Show (BFShow).
O presidente da Abicalçados também descartou a possibilidade de fim das relações entre os dois países. “Não existe querer romper relações com o Brasil. O Brasil depende da Argentina como a Argentina depende do Brasil, até acho que a Argentina depende mais do Brasil”, destacou ele, lembrando que ambos são os principais parceiros comerciais na região.
Apex otimista
Mesmo mais cauteloso, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, também acredita que os dois países vão encontrar uma solução. “É um momento bastante delicado, mas eu sou sempre otimista. Espero que a boa relação comercial entre os dois países possa ajudar a garantir que tenhamos um diálogo apesar das diferenças de governos que a gente possa ter.”
Viana ainda lembrou que o fluxo do comércio entre os países cresceu para 40% neste ano e que o presidente Lula já se manifestou sobre a eleição. “O presidente deu os parabéns ao povo argentino e ao presidente eleito, celebrando o fato da Argentina ter levado a democracia como um fator central, eu espero que de alguma maneira o que foi dito na campanha possa ser repensado [e que] a gente possa ter durante no próximo governo as relações acontecendo.”
Veja vídeo do primeiro dia de BFShow
LEIA TAMBÉM