ABC NAS RUAS
Indústria de leite da região é suspeita de batizar produtos com soda cáustica e água oxigenada
Nova fase da operação "Leite Compensado", do Ministério Público do Estado, investiga a indústria de laticínios; mandados são cumpridos no RS e em SP
Última atualização: 11/12/2024 18:57
Na manhã desta quarta-feira (11), o Ministério Público do Estado (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou uma nova fase da operação "Leite Compensado". A ação tem como alvo principal uma empresa de laticínios localizada no bairro Empresa, em Taquara. A operação também ocorreu simultaneamente nas cidades de Três Coroas, Parobé, Imbé e São Paulo.
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A suspeita é que a empresa Dielat esteja usando soda cáustica e água oxigenada para mascarar qualidade do leite, que estaria sendo adulterado com água.
No total, foram cumpridos quatro mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão. Em Taquara, os agentes realizam buscas no escritório da empresa, analisaram documentos e recolheram amostras de leite, que estava sendo processado, para avaliação. A investigação apura possíveis irregularidades no processamento e na qualidade da matéria-prima utilizada pela empresa. Durante a operação, uma agenda com a fórmula da adulteração foi encontrada, o que evidencia, para o MPRS, a atividade criminosa.
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Cinco pessoas foram presas, sendo quatro preventivas e uma em flagrante. Entre os detidos está Sérgio Alberto Seewald, de 66 anos, conhecido como "alquimista" ou "mago do leite". Ele já havia sido alvo na quinta fase da operação. Detalhes sobre a operação foram apresentadas pelo MP em uma coletiva de imprensa nesta manhã.
Produtos adulterados
Os promotores Mauro Rockenbach e Alcindo Bastos ressaltam que os produtos da indústria de Taquara são distribuídos não só para todo Rio Grande do Sul, mas para todo o Brasil e até para a Venezuela. Além disso, a fábrica já venceu e participa de várias licitações em muitas partes do País para fornecimento de laticínios. Recentemente, a empresa foi vencedora de um certame para distribuir produtos derivados do leite para escolas de uma cidade paulista.
Sobre os lotes, o MPRS informa que, apesar de análises iniciais terem detectado substâncias nocivas à saúde humana e demais sujeiras ou pelos indefinidos, com o aprimoramento da fórmula, são aguardados exames mais detalhados para determinar exatamente os que estão contaminados.
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O Gaeco, que une forças policiais e membros do Ministério Público, conduz a ação em parceria com equipes especializadas, reforçando o objetivo de combater crimes organizados que possam impactar diretamente a saúde pública e o mercado consumidor.
A reportagem entrou em contato por telefone e e-mail com a empresa Dielat na manhã desta quarta-feira. Até a publicação desta reportagem, a empresa não havia retornado os contatos. O espaço está aberto para manifestação.