Há casos de motoristas de aplicativos investigados por crimes contra passageiros na região metropolitana e Serra, mas nada parecido com um furto registrado em São Leopoldo. Conforme a vítima, uma cozinheira de escola de 44 anos, o prestador do serviço fugiu quando ela tirava objetos pessoais do porta-malas, ao fim da corrida, e levou uma maleta dela com semijoias avaliadas em R$ 20 mil. Afirma que tem imagens e testemunhas. O acusado, que mora em Novo Hamburgo, nega.
“Vendo esses produtos há bastante tempo para complementar a renda da família. Estou desesperada, correndo atrás para pagar a fornecedora”, relata a passageira. Ela conta que chamou viagem às 16h04 de 24 de fevereiro, ao fim do expediente na escola municipal do bairro Campestre, pelo aplicativo 99. O carro era um HB20 branco de um motorista identificado pelo sobrenome.
“Não parou”
Segundo a cozinheira, o homem não desceu do carro. “Coloquei sacolas com uniforme e outras coisas minhas no porta-malas e entrei. Uma professora me alcançou a maleta com as semijoias. O porteiro é outra testemunha, e há câmeras na escola.” Ao chegar em casa, no bairro São Miguel, 15 minutos depois, a cliente deixou a maleta no banco traseiro e saiu para pegar os outros pertences. “Foi só eu fechar o porta-malas para ele arrancar com o carro. Gritei, apavorada, mas não parou. Certamente ouviu. Ficou evidente que queria se livrar logo de mim.”
Vítima descobriu origem do carro e até os passageiros seguintes
A passageira recorda que, atordoada, imediatamente tentou contato com o suspeito, que não atendia nem respondia, e depois falou com a 99. “O motorista só deu retorno às 10 horas da noite, dizendo que a maleta não estava com ele. Fui pessoalmente à 99, em Porto Alegre, e também falei com a empresa pelos canais de atendimento. Tenho todos os protocolos, mas nenhuma solução. Fiz boletim de ocorrência na delegacia.”
Com ajuda do marido e parentes, ela descobriu que o HB20 é de uma locadora de Novo Hamburgo. “Falamos com o dono, que defendeu o motorista, dizendo que é uma pessoa do bem.” A cozinheira ainda chegou aos passageiros depois dela. “Era um pessoal de Santa Catarina, que veio para um casamento. Uma moça afirmou que viu a maleta no banco da frente.” A vítima frisa que usa com frequência transporte por aplicativo. “É muito útil, porque não tenho carro. Nunca tinha acontecido algo assim comigo. Tive azar de lidar com uma pessoa de má índole.”
“Não fui eu e vou procurar um advogado”, diz suspeito
O motorista investigado não atendeu às ligações da reportagem, mas respondeu por mensagem, nesta quinta-feira (16). Se diz inocente. “Não fui eu e vou procurar um advogado.” Também nesta quinta, quando a vítima prestou depoimento e entregou provas, foi aberto inquérito do furto na 2ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo. “É o nosso primeiro caso recente desse tipo”, comenta o delegado André Serrão. A empresa 99 não se manifestou.
Outros casos
Em maio do ano passado, um motorista de app de 38 anos foi preso em Cachoeirinha por assaltos a passageiros.
Em agosto de 2021, outro autônomo do setor, de 35 anos, foi preso ao simular assalto para ficar com as compras de um casal de turistas cariocas em Gramado.
Em setembro de 2019, um acusado de 46 anos foi preso por estupro de uma passageira de 18 anos em Gravataí.
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