DADOS DE 2022
Mortes por Covid-19 caem 86% na região, mas contágio cresce 12%
Levantamento feito em 15 municípios, aponta que no ano passado houve 298 mortes pela doença, enquanto 2021 somou 2.204 vítimas fatais
Última atualização: 11/01/2024 11:16
O ano de 2022 terminou com um chamado de atenção em relação ao crescimento nas contaminações por Covid-19 em todo o Estado. Na região Novo Hamburgo, chamada de R07 no plano estadual de enfrentamento, formada por 15 municípios dos Vales do Sinos e Paranhana, os dados de 2022 tiveram aumentos consideráveis em relação aos números de 2021 - mas não tão graves como no comparativo entre 2021 e 2020, primeiro e segundo anos da pandemia.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, desde o início da pandemia, estes 15 municípios concentraram 3.313 mortes e 194.908 casos desde o início da pandemia.
O número de contaminados teve um aumento de 12% entre 2022 e 2021: foram 81.066 contaminados em 2022 e 71.887 em 2021. Em 2020 eram 41.955. Já o número de mortes em 2022 desacelerou e foi o menor em um ano desde a chegada da Covid-19 em 2020. No ano recém encerrado, a região teve 298 mortes, índice 86% menor que em 2021, quando houve 2.204 óbitos e 811 em 2020.
Mesmo com o número de mortes ainda apresentando um crescimento, ele se mostrou muito menor do que a porcentagem de contaminados na região. Para o virologista e professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki, há alguns fatores que podem explicar o crescimento nos números, entre eles a vacinação contra o vírus e a circulação de variantes.
"A vacinação, efetivamente, protege as pessoas mais sensíveis. Quando a gente olha para 2021, nós temos mais de 60% dos óbitos associados à circulação de uma variante de grande patogenicidade, grande violência, que era a variante gama. É diferente do contexto que a gente vive em relação ao vírus que está circulando em 2022, onde a gente tem essas linhagens derivadas de ômicron, que também podem ser letais aos não vacinados, mas que efetivamente elas têm um perfil de violência mais reduzido em relação ao que nós fizemos com gama. Então, tem a vacinação e tem o lado do vírus também", relata.
Aumento
Além de Novo Hamburgo, a região R07 contempla as cidades de Araricá, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Lindolfo Collor, Morro Reuter, Nova Hartz, Portão, Presidente Lucena, Santa Maria do Herval, São José do Hortêncio, São Leopoldo e Sapiranga. Em 2022, o pico de casos registrados na região aconteceu em janeiro, quando a região atingiu 1.440 casos. O número voltou a crescer em dezembro, com o segundo maior pico de registros feitos em dezembro, com 311 casos.
De acordo com Spilki, este é um perfil notado nos últimos anos, em que o número de casos confirmados de Covid-19 tem uma elevação considerável. "É um perfil que aumenta em novembro, dezembro, se mantém no nível relativamente alto ao longo de janeiro e, se seguir o mesmo script que a gente teve em 2020 e 2021, uma elevação em relação a isso em fevereiro, na medida em que as pessoas vão retornando do litoral ou de viagens de férias", detalha.
Para evitar um cenário semelhante em 2023 e trazer boas expectativas, o virologista enfatiza a importância da vacinação e enxerga nela a maneira mais eficaz para reduzir os números. "É a vacina, sem dúvida, para que a gente possa continuar esse processo de 'empurrando', digamos assim, o vírus para um aspecto onde ele não preocupe tanto, que a gente imagina que será ao longo de 2023. Manter o calendário vacinal em dia é o elemento mais importante para manter algum grau de segurança, já que outras medidas de restrição não estão no horizonte".
Novo Hamburgo acumula 1.119 mortes e mais de 55 mil casos desde 2020
Segundo os dados do Ministério da Saúde, desde o início da pandemia, Novo Hamburgo registra 1.119 mortes acumuladas, uma média de 453 mortes para cada 100 mil habitantes e 55.080 casos confirmados. No ano passado foram 117 novos óbitos. Os casos confirmados acumulados em 2021 totalizaram 31.163 e no fim de 2022 a soma chegou em 54.920, 23,7 mil casos a mais.
"Em Novo Hamburgo, aplicamos mais de 547 mil doses da vacina contra a Covid desde o dia 19 de janeiro de 2021. A medida que avançamos com a imunização ao longo de 2021 e 2022, a gravidade dos casos foram gradativamente diminuindo em relação ao registrado no início da pandemia em 2020, que, infelizmente, ainda assim, deixou mais de 1 mil óbitos na cidade. Com a circulação das novas variantes do vírus, sentimos nos últimos meses um aumento considerável no número de casos, mesmo que sem a gravidade anterior, mas que refletiram no sistema de saúde. Por isso, reitero, que quem não se vacinou ou está com doses em atraso, que procure a unidade de saúde mais próxima e se imunize", comenta o secretário de Saúde, Marcelo Reidel.
Mais vidas preservadas no ano que passou
Em São Leopoldo, de acordo com dados do Núcleo Hospitalar Epidemiológico da Fundação Hospital Centenário, em 2021 foram 554 mortes por Covid-19. Em 2022, ocorreram 82 mortes, o que aponta uma redução de 85% nos casos fatais e uma melhora significativa em uma das principais prioridades durante uma epidemia: preservar as vidas.
A enfermeira de Controle de Infecção Hospitalar de Esteio, Carla Andretta Moreira Neves, relata que recentemente a Secretaria Estadual de Saúde anunciou a disponibilidade de antiviral para uso em pacientes com Covid-19 não hospitalizados e de alto risco. "A medicação usada nos primeiros dias pode reduzir ainda mais os casos graves. Diante das alternativas de tratamento disponíveis e da manutenção das políticas de vacinação, a expectativa é de que os casos se mantenham leves e que possamos caminhar para redução máxima dos casos graves, internações e óbitos", explica ela.
Em Esteio, a quantidade de internações em 2021 era de 822 pacientes e 184 mortes. Em 2022, os números caíram consideravelmente, para um total de 164 pessoas internadas e 16 vítimas fatais. "Percebemos o reflexo positivo da vacinação", avalia a enfermeira Carla.