DESAFIO DIÁRIO
Moradores e autoridades cobram solução para mortes na RS-239; "Essa rodovia é violenta", diz pedestre
Pedestres falam que a instalação de passarelas no trecho de Sapiranga é uma necessidade urgente
Última atualização: 19/03/2024 14:49
Com 10 mortes em pouco mais de um ano, a RS-239 segue sendo uma rodovia perigosa. Os números preocupam e assustam autoridades e moradores, que cobram melhorias na sinalização da rodovia e a instalação de passarelas ao longo da estrada.
Uma das prioridades pode ser o trecho de Sapiranga, onde, somente nos dois primeiros meses deste ano, três pessoas morreram vítimas de atropelamentos. Como forma de chamar a atenção para o problema e em tom de protesto, no final do mês passado, moradores instalaram 12 cruzes de madeira e uma faixa implorando o fim das mortes na 239.
Quem precisa encarar a rodovia diariamente não vê a hora de poder atravessar a 239 com segurança. Nesta terça-feira (19), em 30 minutos de observação, a reportagem flagrou sete pessoas desafiando o perigo que é cruzar a rodovia em meio ao trânsito intenso de veículos.
Uma dessas pessoas foi o metalúrgico Arcenio Passos, 56 anos, que reside no bairro São Luiz, em Sapiranga. “Trabalho em Porto Alegre e preciso atravessar todos os dias essa estrada para pegar ônibus, só eu sei os calafrios que isso me dá”, conta. “Tá mais do que na hora, alguém precisa fazer algo”, afirma.
Um dos últimos movimentos reivindicando intervenções da 239 foi feito pela prefeitura de Sapiranga. Além de medidas contra enchentes no trecho entre o viaduto e o Arroio Sapiranga (São Luiz), a administração solicita há algum tempo a ampliação do recuo dos retornos e a conclusão das alças viárias nas ruas laterais e as próprias pistas laterais ao longo do trecho.
Mais recentemente uma comitiva formada por políticos do município foi à sede da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) para solicitar a instalação de mais um controlador de velocidade na parte central, próximo a fábricas, onde já existia um controlador e foi retirado.
Comando Rodoviário também faz cobranças
O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), que nos últimos três anos, através de ações de fiscalização, conseguiu reduzir em 65% o número de acidentes com mortes da 239, também sofre com a falta de manutenção e melhorias na rodovia. Para contribuir, faz levantamentos mensais, onde pontua a necessidade de ações em pontos críticos e encaminha à EGR.
No mês passado, a 2ª Companhia do CRBM, comandada pelo capitão Rodrigo Frazzon, encaminhou ofício à EGR com mais de 10 apontamentos, entre os quais, assinala a necessidade de construção de passarelas ao longo da rodovia e, consequentemente, a instalação de guard-rail para impedir a travessia de pedestres em locais inapropriados.
Além disso, segundo o Comando Rodoviário, a escuridão na rodovia também influencia para os acidentes fatais.
Por isso, os policiais solicitaram a instalação de iluminação pública entre os quilômetros 20 e 23, em Campo Bom, e entre os quilômetros 34 e 38, trecho localizado entre os municípios de Araricá e Nova Hartz. “Uma rodovia planejada para comportar o tráfego de veículos, com acessos seguros, viadutos e passarelas, retornos reestruturados, sinalização e iluminação, pode contribuir significativamente para a segurança viária, cabendo aos usuários seguir as normas e regras de segurança durante o seu trajeto”, analisa o soldado Maurício de Lima, auxiliar da Companhia de Polícia Rodoviária de Sapiranga.
EGR fala em desenvolver estudo para construir novas passarelas
A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) anunciou que irá desenvolver um estudo de viabilidade técnica e econômica referente à construção de novas passarelas. Por meio de nota, a empresa pública informou que não há um prazo determinado para a elaboração do estudo.
A EGR esclarece que há somente três passarelas na RS-239, e afirma que as estruturas estão localizadas em pontos estratégicos: uma em Parobé, no quilômetro 47,5 e duas em Sapiranga, nos quilômetros 26 e 29,5. “Precisa de muito mais, essa rodovia é violenta, os motoristas andam como loucos e os pedestres precisam contar com a sorte para atravessar a estrada”, observa o morador do bairro Santa Fé, Almeci Padilha Machado, 65.
Além disso, a EGR garante que prevê a execução da manutenção asfáltica e de reparos no trecho do quilômetro 13 ao quilômetro 88 da 239, com investimento de R$ 8,6 milhões. Também estão previstos serviços de sinalização e revitalização de defensas, além de implantação de placas de sinalização em pontos específicos da rodovia.