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REPRESENTATIVIDADE

Moradora de Taquara é primeira candidata mãe a participar do Miss Universo RS

Após mais de 70 edições, tradicional concurso de beleza permitirá participação de mulheres casadas, divorciadas e/ou com filhos

Ubiratan Júnior
Publicado em: 17/03/2023 às 07h:00 Última atualização: 02/02/2024 às 14h:06
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Mãe do Pedro, de 7 anos, e da Luiza, de 2, a moradora de Taquara Vitoria de Brito Liskoski é a primeira mulher com filhos a disputar o título de Miss Universo Rio Grande do Sul. Uma mudança nas regras do tradicional concurso, que ocorre desde 1954 e conta com mais de 70 edições, permite que, a partir deste ano, mulheres casadas, divorciadas e/ou mães participem das seletivas e concorram ao título.

A edição de 2023, marcada para maio, terá 32 candidatas. Segundo a coordenação do concurso gaúcho, Vitória é a única do certame que possui filhos. Embora não seja a única do País a usufruir da nova regra, tendo em vista que uma candidata inscrita para a disputa de Minas Gerais também é mãe, o coordenador do concurso do RS, Bebeto Azevedo, garante que a moradora do Vale do Paranhana foi a primeira do País a se inscrever no novo molde. 

A advogada de 24 anos conta que desde a infância aprendeu a gostar de concursos de beleza e que, na adolescência, participou do primeiro. No entanto, ao se tornar mãe, por saber das regras que proibiam a participação de mulheres casadas e com filhos, teve de abrir mão de seu hobby. Foram cerca de oitos anos longe das competições desse tipo. Ainda assim, ela seguiu acompanhando esse meio. “Quando o Miss Universo anunciou a atualização nas regras em agosto do ano passado, que seria possível mulheres que são mães, casadas e divorciadas, eu pulei de alegria”, lembra.

A moradora do Vale do Paranhana diz que a mudança a deixou feliz por dois motivos. “Primeiro, que poderia realizar o meu sonho de competir no maior concurso de beleza do nosso planeta. Segundo, por poder representar as mães de uma forma geral, mostrar que nós, mesmo desempenhando essa ‘função’, temos controle das nossas vidas e devemos ir em busca de realização pessoal, sem sermos diminuídas por nenhum tipo de atributo”, completa a jovem.

Casada com o também advogado Leandro Liskoski, ela afirma que o apoio do companheiro tem sido fundamental. O casal está junto desde 2014 e, no ano seguinte, teve o primeiro filho. Dois anos depois do nascimento do primogênito, eles casaram-se. Em 2020, nasceu a caçula. “Meu marido sempre me motiva a realizar coisas que me fazem bem e feliz. E, agora, ele não está medindo esforços para ajudar na realização do meu sonho”, pontua a candidata.

Vitória com o marido, Leandro, e os filhos, Pedro Henrique e Luísa



Vitória com o marido, Leandro, e os filhos, Pedro Henrique e Luísa

Foto: Arquivo pessoal

O apoio também vem de outras frentes. Desde que divulgou a sua participação na edição deste ano do Miss Universo, por meio das redes sociais, Vitória tem recebido diversas mensagens de incentivo. “Mais um motivo de que a gestação deixa a mulher mais empoderada e linda. Irá representar a verdadeira mulher”, comentou uma seguidora na publicação. “Linda, maravilhosa! Nossa cidade muito bem representada, Vitória! Já estou na torcida! Vai com tuuudo”, escreveu outra.

A candidata valoriza o reconhecimento das pessoas pela sua participação na disputa pelo título gaúcho. “Estou muito feliz com a repercussão positiva após anunciar a participação no Miss Universo RS, sendo a primeira mãe a competir no nosso Estado. Tenho recebido muitas solicitações de amizade, seguidores e mensagens de apoio, carinho. Inclusive, andando na rua, as pessoas me param para fazer algum comentário. Alegria demais em ser a porta de voz dessa incrível mudança”, define. 

Para ela, de modo geral, as mulheres estão comemorando e “aplaudindo de pé” a mudança no concurso, que elimina a restrição para um grupo de mulheres.


Ninguém é capaz de parar uma mulher com plena consciência de que ela pode ser o que quiser.

O coordenador da edição gaúcha explica que a mudança na regra foi a partir do entendimento de que o concurso precisa se adequar à realidade da sociedade. Para ele, a postura das mulheres de hoje não é a mesma das mulheres que participavam da competição no passado, assim como os pensamentos da sociedade, que também evoluíram ao longo do tempo.

“O concurso está se adaptando a um formato atualizado e mais inclusivo, que contemple também essas situações e que elas também possam participar”, salienta Bebeto. “A sociedade mesmo já estava pedindo essa mudança, o concurso já estava muito envelhecido. Acho que isso vem para renovar o concurso e renovar conceitos também, de beleza e miss”, completa. 

Outro avanço da competição é que mulheres trans também podem se candidatar. No entanto, essa adaptação foi feita na edição anterior à pandemia. Em 2021, o RS já teve uma candidata mulher trans e, neste ano, conta com a participação de mais uma.

Preparação

Vitória salienta que a preparação pela busca do título de Miss Universo RS 2023 está sendo intensa. Na próxima semana, ela fará as fotos oficiais para o concurso. Além disso, cuidados com a alimentação e atividade físicas envolvendo musculação e exercícios aeróbicos têm feito parte da rotina da jovem, que ainda faz aulas de oratória, passarela e inglês. “Minha expectativa em relação ao concurso são as melhores possíveis, pois estou aproveitando bem o momento e estou feliz. Além disso, estou muito focada e determinada, tenho a certeza que estou fazendo o meu melhor”, garante. 

Candidata de Taquara tem rotina intensa de preparação para o concurso



Candidata de Taquara tem rotina intensa de preparação para o concurso

Foto: Arquivo pessoal

Se vencer a competição estadual, Vitória representará o RS na etapa nacional do Miss Universo, que ainda não tem data para ocorrer. O Estado já teve 14 mulheres que venceram a fase nacional, a mais recente foi Julia Gama, em 2020. A vencedora do título máximo do País representará o Brasil no Miss Universo, em El Salvador, podendo ser a segunda gaúcha a conquistar a coroa na disputa mundial. A primeira e única foi Iêda Maria Vargas, em 1963.

O grande dia

A escolha da Miss Universo que representará o Estado na competição nacional ocorre no dia 6 de maio no Centro de Eventos do Park Shopping, em Canoas. O evento começa às 21 horas.

Para representar os gaúchos na competição nacional, as candidatas serão avaliadas em diferentes critérios por jurados de diferentes áreas. Além da beleza, elas terão que demonstrar desenvoltura na passarela e conhecimentos gerais na entrevista.

Na véspera da final, sexta-feira (5), terão o primeiro encontro com o júri, que, além de ouvi-las na entrevista, irá avaliar as participantes no traje de gala e de banho. Do primeiro encontro, serão selecionadas 12 finalistas. Já no sábado, um Top 5 será formado, incluindo a vencedora de 2023.

Interessados em assistir à grande final podem comprar ingressos pelo site ou pelo app da Sympla. Os valores variam de R$ 50 a R$ 100 (mais taxa) e podem ser adquiridos até o dia 4 de maio, conforme disponibilidade.

“Via muitos pela TV e ficava encantada”

Da infância até os dias de hoje, é assim que Vitória define o carinho pelos concursos de beleza. “Eu via muitos pela TV e ficava encantada. Eu lembro de imitar na frente da TV os desfiles”, recorda. Por volta dos 12 anos, ela participou de um curso de modelo ministrado na época por Ana Paula Hungetobler, que era proprietária de uma escola preparatória. “A partir de então, recebi convites para participar de concursos de beleza”, relata.

Na época, quem a incentivou a participar desse tipo de competição foi Éder Forsin, conhecido como coordenador de diversos concursos na região, como o Garoto e Garota Revelação. Ele também é coordenador do Miss Universo RS no Vale do Paranhana, sendo um dos responsáveis pela preparação da representante de Taquara. “Eu sempre gostei muito de quando a Vitória participava de concursos comigo, ela sempre foi uma menina dedicada, responsável e se comprometia muito com o concurso e o título”, destaca Forsin. 

O coordenador regional conta que está animado com participação da Vitória e que está feliz por está ao lado dela neste momento histórico para ela e para o Miss Universo RS. Ele defende a participação de mulheres mães em concursos de beleza. “Ser mãe não faz uma mulher perder a representatividade, perder a voz, ainda mais num momento em que tanto se fala sobre o empoderamento feminino.” 

A primeira participão de Vitória em competições desse tipo foi aos 13 anos e, desde então, tem em seu currículo muitos títulos e participações em diversos concursos de misses. “Musa das estações teen (1º lugar), Broto RS (fiquei broto ternura), Beleza Verão RS (1º lugar), Miss RS Infanto-juvenil (2º lugar ) e o Mais Bela Gaúcha da Rede Pampa (fiquei no top 5) – que foi o último pelo qual concorri antes de ser mãe”, elenca Vitória.

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