abc+

EXPEDIÇÃO MALTE

Morador de Picada Café vai viajar 130 mil quilômetros até o Alasca a bordo de fusca

Viagem que será transformada em documentário vai desvendar os segredos das cervejas produzidas nas Américas

Débora Ertel
Publicado em: 06/05/2023 às 14h:27 Última atualização: 06/03/2024 às 10h:41
Publicidade

Apaixonado por cerveja, fã de Fusca e especialista em contar histórias, o cineasta Rodrigo Castelhano, 42 anos, partiu para uma aventura que tem como destino final o Alasca. É a Expedição Malte – a cerveja do novo mundo, que deverá contabilizar cerca de dois anos e o total de 130 mil quilômetros.

O parceiro do viajante é De Niro, um fusca azul, 1974, motor 1.300, que foi adaptado para suportar a longa jornada. O nome do carro é em homenagem ao astro Robert De Niro. A missão de Castelhano é desvendar os segredos dos mestres cervejeiros das Américas, os estilos de produção e quais ingredientes inusitados são incorporados às receitas.

A expedição começou dia 21 de abril e teve sua primeira parada em Pelotas, onde ele ficou por 14 dias. A estadia prolongada não estava nos planos, mas a boa conversa e a paixão da região Sul pela bebida fez com ele permanecesse mais tempo. No dia 4 de maio ele partiu para Santa Vitória do Palmar e no dia 5, entrou no Uruguai para seguir até a cidade argentina de Ushuaia, na Patagônia, primeiro destino antes de subir rumo à América do Norte.

Castelhano explica que a ideia de realizar a expedição surgiu depois que um projeto de trabalho foi interrompido por causa da pandemia. Sua produtora gravava o filme Desumanos, que tinha como diretora sua companheira, Joyce Deimling. Aliás, foi por causa de Joyce que ele deixou Porto Alegre e se mudou para Picada Café, lugar onde pretende ficar até o fim da vida.

Ocorre que o longa-metragem começou a ser gravado em 2019 e não pode ser concluído, mesmo estando 70% pronto, porque o elenco mudou fisicamente. “As crianças cresceram muito e os adolescentes tiveram filhos”, conta.

A frustração aconteceu quando o cineasta completou 40 anos. “Comecei a me questionar se tinha feito o que queria, qual era o objeto de vida. Uma das coisas que sempre quis foi viajar pelas Américas, então surgiu a expedição”, conta.

Fusca adaptado


Expedição Malte



Expedição Malte

Foto: Divulgação


Para aguentar o “tirão”, como se diz aqui na região, De Niro passou por seis meses de preparação, com alterações no motor, pneus e na suspensão. Além disso, os bancos traseiros foram retirados, dando lugar a uma pequena geladeira e utensílios de cozinha, incluindo uma caixa de ferramentas.

Sobre o fusca, Castelhano leva uma barraca com capacidade para acomodar até quatro pessoas. “Este é o meu oitavo Fusca. Costumo fazer viagens pelo Brasil deste jeito”, conta.

Chegada é no Alasca

Mas por que ir até o Alasca? O Alasca é mundialmente conhecido por suas paisagens repletas de gelo. É o maior estado dos Estados Unidos e tem como capital a cidade de Juneau. Assim como o Havaí, apesar de pertencer aos norte-americanos, não possui ligação territorial com o país.


Alasca



Alasca

Foto: Pixabay


Trata-se de uma península que faz fronteira com o Canadá e foi comprada pelo governo estadunidense em 1867. O país também tem se destacado por concentrar as melhores e mais premiadas cervejarias dos EUA. Tanto que cruzeiros incluíram visitas aos locais de produção de cerveja em seus roteiros. “Existem cervejas muito boas por lá”, garante Castelhano.

Porto Alegre é destaque no Brasil e faz parte da Expedição

Rio Grande do Sul tem 285 microcervejarias instaladas

Depois de chegar a Ushuaia, ele retorna para Picada Café quando então parte para Porto Alegre. A capital gaúcha é um lugar que vem se destacando em nível nacional quando o assunto é cerveja.

O Rio Grande do Sul é referência na produção de cervejas artesanais. Com 285 microcervejarias distribuídas em 126 municípios é o segundo Estado com maior quantidade de estabelecimentos.

Já Porto Alegre é a segunda cidade com mais cervejarias no Brasil, com 43 fábricas registradas. Além disso, a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja estima que o território gaúcho possua cerca de 300 “cervejarias ciganas”, termo usado para denominar marcas que não possuem fábrica própria e terceirizam a produção.

Depois de mostrar o talento dos cervejeiros porto-alegrenses, a expedição passa por Santa Catarina, Parná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A partir daí segue rumo a Bolívia, onde será a próxima parada internacional.

Região tem 55 microcervejarias


Cerveja



Cerveja

Foto: Uirá Müller/Divulgação


A qualidade e a diversidade das cervejas são pontos de destaque da produção. Os estilos Pilsen, Ipa, Stouts, Red Ale, Apas, Weiss são os mais produzidos no Rio Grande do Sul, sendo a Pilsen a mais vendida.

Em toda a região de cobertura do Jornal NH, existem 55 microcervejarias registradas. Há estabelecimentos em Brochier (2), Campo Bom (3), Canela (2), Canoas (4) Dois Irmãos (4), Feliz (3), Gramado (6), Harmonia (1), Igrejinha (3), Ivoti (2), Montenegro (3), Morro Reuter (2), Nova Hartz (1), Nova Petrópolis (2), Novo Hamburgo (6), Pareci Novo (1), Parobé (2), Picada Café (3), Santa Maria do Herval (1), São Francisco de Paula (2), São Leopoldo (1), São Sebastião do Caí (1), Sapiranga (3), Sapucaia do Sul (1), Taquara (1) e Vale Real (1).

Atualmente, no Rio Grande do Sul, para ser classificado como microcervejaria e manter benefícios tributários, o limite da produção deve ser de 3 milhões de litros por ano, enquanto outros estados passaram para 5 milhões ao ano.

No entanto, como informa a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), o Estado avalia possibilidades de mudanças para o setor.

Viagem vai virar documentário


Expedição Malte



Expedição Malte

Foto: Divulgação


Entre elaboração do roteiro e pesquisa, com o objetivo de visitar mais de 100 cervejarias artesanais, o projeto levou três anos pra ser concluído. Questionado sobre o que diferencia a produção da bebida de um lugar para o outro, Castelhano explica: “Existe a escola alemã, que é a mais clássica, tem os estilos da cerveja, sendo a pilsen que mais vende, e tem as experimentações, que os brasileiros estão fazendo muito”, diz.

Em Pelotas, por exemplo, ele provou a bebida feita com butiá, o que foi uma novidade. “Tem gente fazendo cerveja com madeira. Usam as lascas desidratadas de árvores locais. É um universo gigante”, garante.

Todas as entrevistas, curiosidades e imagens que o cineasta captar ao longo da viagem serão transformadas em um documentário. Mas antes disso, a cada 20 dias, o público poderá conferir episódios da aventura que serão publicados no canal Expedição Malte do YouTube. Ainda tem o perfil no Instagram que traz atualizações diárias.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade