A investigação sobre o molho de tomate da marca Fugini teve desdobramento nesta quarta-feira (17). O Instituto-Geral de Perícias (IGP) entregou à Polícia de Viamão o resultado da análise das amostras denunciadas em dezembro do ano passado. Segundo a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, titular da 1ª Delegacia de Polícia da cidade, o laudo constatou a presença de “fungos e ovos parasitas” no alimento.
Foram três laudos com três amostras distintas do molho de tomate. A delegada explica que o ponto de convergência entre as análises é, além da empresa de fabricação, o mesmo fungo encontrado. O tipo, no entanto, não é especificado no documento.
A Polícia solicitou que o IGP esclarecesse se os produtos eram próprios para consumo, quesito que, segundo a Jeiselaure, foi satisfatoriamente respondido: “O consumo desses alimentos, por tanto, não é adequado, e pode trazer uma série de implicações à saúde humana, tanto pelo consumo dos fungos, como também dos parasitas.”
Em fevereiro, cinco amostras de outras cidades do RS foram analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen). Todos os resultados foram satisfatórios para consumo.
Um morador de Novo Hamburgo foi surpreendido ao abrir um pacote da marca no fim do mesmo mês. “Aquele troço podre dentro. Você olha e tem uns pedaços que parecem podres e têm cheiro ruim”, relatou o aposentado Edson Pereira, de 73 anos, à reportagem do Jornal NH.
A Fugini admitiu uso de matéria-prima vencida na produção de maionese e anunciou recall (recolhimento) dos itens impróprios para consumo. O comunicado foi publicado no dia 30 de março, um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspender a fabricação, a distribuição, o comércio e o uso de produtos da marca. Doze dias depois, a resolução foi revogada.
E agora?
A delegada expõe que a empresa será chamada para esclarecimentos. “Precisamos ouvir o que eles têm a dizer e, possivelmente, até o fim do mês [maio], vai ser concluído o inquérito”, salienta Jeiselaure.
Relembre o caso
No fim de dezembro de 2022, pelo menos três moradores de Viamão registraram boletim de ocorrência contra a Fugini. Segundo a Polícia Civil, os consumidores tiveram uma surpresa um tanto desagradável ao abrirem as embalagens de molho de tomate. Mesmo dentro da validade, o alimento estava com um “aspecto estranho”.
As embalagens foram, inclusive, vendidas em estabelecimentos diferentes. Na época em que o inquérito foi aberto, Jeiselaure já informava que os produtos apresentavam alteração semelhante.
Contraponto
A reportagem tentou contato com a Fugini, mas não teve retorno até a publicação da matéria. O espaço segue aberto para posicionamento.
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Nota da empresa
Em nota de esclarecimento, a Fugini falou sobre o processo de produção e se posicionou sobre os problemas encontrados nos produtos recentemente. Abaixo, confira a nota na íntegra:
“A respeito de informações veiculadas recentemente na imprensa e nas redes sociais, a Fugini Alimentos, empresa referência no setor, com 27 anos de atuação no mercado, esclarece que:
1. No âmbito de sua política de sustentabilidade, saudabilidade e rótulos limpos (clean label), a marca deixou de usar conservantes artificiais como, por exemplo, o sorbato de potássio, e reduziu o uso de alguns ingredientes naturais, como açúcar, sal e gordura, que estão sendo eliminados ou restringidos em seus produtos.
2. Essa transição para produtos mais naturais, associada à falta de conhecimento técnico sobre o assunto, têm provocado rumores infundados entre consumidores e a opinião pública.
3. O processo de produção, enchimento e fechamento da embalagem sachê é totalmente automatizado. Mesmo com um índice de ocorrências extremamente baixo (0,000003% ou 3 casos por milhão) do total produzido e comercializado, o transporte e/ou o manuseio incorretos das embalagens pode danificá-las de forma imperceptível a olho nu (com o surgimento de micro- uros), o que eventualmente pode fazer com que o produto entre em contato com microorganismos potencialmente causadores de bolor.
4. Isso não significa, de forma alguma, que o produto tenha um problema de qualidade, mas sim que ele está passando por um processo de oxidação ou decomposição natural, assim como pode acontecer com as frutas, o ovo ou o pão, por exemplo. Esse fato também pode ocorrer pelo armazenamento por período incorreto na geladeira (após a abertura da embalagem, o consumo deve ser realizado em até um dia).
Por fim, a Fugini reforça que seus canais de atendimento estão sempre abertos para esclarecer quaisquer dúvidas. Nosso SAC (0800 702 4337 ou sac@fugini.com.br) está disponível, de segunda a sexta-feira das 08h00 às 17h00.
A Fugini usufrui do conhecimento adquirido ao longo da história, ao mesmo tempo que é incansável na busca por inovação. Estamos certos de que a tecnologia de ponta (pasteurização, automatização e gestão de qualidade) utilizada nos processos de fabricação e envase garante a saudabilidade e qualidade de todos os nossos produtos.
Seguiremos trabalhando de forma contínua para manter a sociedade informada sobre os pilares fundamentais que sustentam a idoneidade e o compromisso da marca com seus milhões de consumidores.”