O ano de 2025 vai ser muito especial para uma família do interior do Rio Grande do Sul. No fim do ano passado, especificamente no dia 16 de dezembro, os nomes dos irmãos Bianca Dornelles da Silva, de 21 anos, e Leonardo Ivan Dornelles da Silva, 19, estavam na lista dos aprovados no curso de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um dos mais concorridos do Brasil.
Além da dupla, a irmã mais velha, Caroline Dornelles da Silva, 22, foi aprovada no curso da mesma instituição em 2023. O trio é motivo de orgulho aos pais, a industriária Daniela Dornelles, 41, e o auxiliar de produção Alexandre da Silva, 48, que incentivaram o caminho até a conquista da tão sonhada aprovação em medicina.
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Bianca, assim como a irmã mais velha, sempre sonhou em ser médica. Já o caçula, Leonardo, tinha o desejo de se tornar jogador de futebol profissional. O jovem chegou a fazer teste no Grêmio, mas não passou. Foi então que aflorou, assim como nas irmãs, a vontade de atuar na área da saúde.
Rotina desafiadora
No último ano, enquanto Caroline já morava em Porto Alegre e cursava na UFRGS, os dois mais novos ganharam bolsas em um curso preparatório de vestibular e se dedicaram aos estudos. Porém, a rotina era desafiadora. Moradores de Venâncio Aires, acordavam às 5 horas da madrugada para pegar ônibus às 7 horas com destino a Lajeado, onde fica a sede do curso preparatório. As aulas duravam até as 16h30, e eles chegavam em casa apenas no começo da noite.
Apesar do benefício das bolsas, a família de poucos recursos financeiros não media esforços para incentivar e fazer com que os dois jovens pudessem alcançar os seus objetivos. A mãe relembra que conseguiu um preço acessível nas passagens, compradas quinzenalmente, o que facilitou o transporte dos filhos.
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Durante o período de preparação, o que ficou marcado para Daniela foi a dedicação da dupla nos estudos, visto que abriam mão até de participar de confraternizações da família. “Eles sabiam que essa era a forma que tinham para entrar [na UFRGS] e não podiam desviar a atenção. Isso fazia com que eles se sentissem cansados e isso eu via às vezes no olhar deles”, detalha. E mesmo com a rotina intensa, os filhos reservavam um tempo para estudar ainda mais antes de dormir.
“Não vou negar que foi difícil, muitas vezes vi meus amigos saindo e se divertindo, enquanto eu estava estudando ou fazendo simulados, mas tudo foi por um bom motivo e todos os dias eu pensava nisso, o que me ajudou a não me perder no meio do caminho”, lembra Leonardo.
“Confesso que foram períodos difíceis, combatendo o cansaço da viagem para Lajeado e as aulas em período integral, mas no final desse ano tudo valeu a pena”, avalia Bianca.
A notícia
Todo o esforço da dupla foi recompensado com o tão sonhado resultado positivo. A jovem já havia ficado na lista de espera no vestibular do ano anterior, enquanto o caçula era estreante na tentativa que conquistar uma vaga no curso. A notícia veio por telefone.
“Ela [Caroline] que estava monitorando a lista, se tinham passado ou não. No dia 16, por volta das 14 horas, ela me liga: ‘Mãe, a Bianca passou!’. Foi aquela coisa eufórica. A gente não sabia se abraçava ou se chorava, se pulava”, recorda Daniela.
“Quando minha irmã me ligou e simplesmente disse que meu nome estava no listão de aprovados da UFRGS, eu não conseguia acreditar, era algo que eu almejava tanto e finalmente tinha conseguido”, lembra Bianca. “Minha alegria não cabia no peito, eu não sabia se chorava ou ria, definitivamente uma das sensações mais loucas que já senti, e tudo isso em dose dupla, quando descobrimos que meu irmão também havia passado”, complementa.
“O Leonardo nem cogitou que ele tivesse passado, pois, imagina, primeiro ano que fez vestibular e ele estava bem de boa, festejando a Bianca”, conta a mãe. Instantes depois, mais uma boa notícia chegou para a família. “Logo em seguida, minha filha liga de novo. ‘Mãe, o Leonardo foi aprovado também’. Ele não acreditava. Foi uma emoção dupla. Sem acreditar até agora”, completa.
Vitória da família
Daniela diz que a vitória de 2024 é uma emoção muito grande e também agrega os resultados aos esforços coletivos da família. “Isso não é só uma vitória deles, mas minha e do pai deles também, porque a caminhada não foi fácil. Saber que os três são estudiosos e foram pelo mesmo caminho… Não tenho nem coragem de pedir nada a Deus, porque meus pedidos foram todos atendidos”, destaca a mãe.
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Os dois mais novos reconhecem a participação dos pais em suas conquistas. “É muito gratificante, pois eles são as pessoas que não deixaram ninguém desistir e sempre apoiaram e incentivaram os estudos”, diz Leonardo sobre a alegria dos pais pela aprovação na instituição pública.
“É uma sensação indescritível ver a alegria nos olhos deles, a maior recompensa por todo o esforço que fizeram. Ver o orgulho deles é a prova de que todo o investimento em mim valeu a pena, sou eternamente grata por terem sido meus maiores incentivadores”, enfatiza Bianca.
O trio na capital
Caroline já mora em Porto Alegre desde o fim de 2023, quando ingressou no curso. Agora é a vez dos outros dois irmãos se mudarem oficialmente para a capital gaúcha. Eles devem ingressar em medicina no segundo semestre deste ano.
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De acordo com a mãe, a filha mais velha conseguiu vaga na Casa do Estudante e reside no local. Os outros dois terão que entrar na fila de espera e devem ficar em um apartamento alugado até que uma nova vaga seja disponibilizada.
A expectativa é de que a mudança ocorra em junho, o que vai deixar a “casa vazia” e pode se tornar um desafio para os pais. “Mas é como se diz: não criamos os filhos ‘pra’ gente, criamos para o mundo, não é?”, finaliza a mãe, orgulhosa pela conquista dos três futuros médicos.
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