Um mercado localizado na Rua Barreto Viana, no bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo, servia para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas de um grupo criminoso situado na cidade de Rosário do Sul, no interior do Estado. A descoberta foi feita pela Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo, que apurou que traficantes realizavam remessas de dinheiro em favor da empresa.
O local foi um dos alvos da Operação Mercado, desencadeada pela especializada nesta quarta-feira (22). De acordo com o titular da Draco, o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, 18 ordens de busca e apreensão foram cumpridas nas cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Tramandaí, Canoas e Uruguaiana. Além disso, 11 contas foram bloqueadas judicialmente, no limite total de R$168 milhões. Um homem de 40 anos, marido da proprietária do mercado, foi preso em flagrante.
Com ele, principal investigado da operação, e que não tinha antecedentes, os policiais apreenderam seis armas, dentre elas duas em situação de furto e quatro de calibre restrito, munições e R$76 mil em espécie em notas de R$100 e R$200. Além disso, veículos de luxo e um caminhão do estabelecimento comercial também foram apreendidos.
De acordo com o delegado, a investigação teve início a partir da condenação de traficantes de Rosário do Sul. “Quando foram juntados depósitos em favor deste mercado de São Leopoldo”, explica o delegado. Segundo ele, entre os anos de 2018 e 2021, o grupo chegou a movimentar quase meio bilhão de reais em transações suspeitas de lavagem de dinheiro e delitos de evasão fiscal. “O mercado, uma empresa lícita, recebia dinheiro ilícito para dar garantia de licitude ao dinheiro do tráfico de drogas”, comenta Marins Júnior.
Segundo Relatório Técnico, elaborado pelo Laboratório de Tecnologias de Combate à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil, ficou comprovado que existiram transações financeiras e bancárias de natureza suspeita, como fracionamento de depósitos de valores, contas de passagem e gastos excessivos via cartões de crédito. Também houve transações em criptoativos ou destinação de valores para entidades financeiras/bancárias do exterior.
Foram identificadas ainda transações bancárias no mercado imobiliário, depósitos em dinheiro não identificados e movimentações financeiras expressivas entre pessoa física investigada e pessoas jurídicas (terceiros). De acordo com o delegado, existia movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, com as atividades econômicas, ocupação profissional e capacidades financeiras dos investigados, servindo de indicativos de lavagem de dinheiro.
A operação contou com a participação de 41 policiais civis e de seis peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que analisaram computadores do mercado e no escritório de contabilidade que prestava serviços ao estabelecimento comercial.
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