SÃO LEOPOLDO
Menino de 11 anos é espancado na escola por outro aluno e caso vai parar na Polícia
Menino de 11 anos teria sido sufocado e espancado por outro estudante no mês passado
Última atualização: 04/04/2024 09:56
O espancamento de um menino de 11 anos por um garoto de 12 anos na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Olímpio Vianna Albrecht chocou o bairro Feitoria, em São Leopoldo, há quase duas semanas e virou caso de Polícia e Conselho Tutelar (CT) Centro.
A mãe da vítima relata que o caso aconteceu dentro da escola, no dia 22 de março, entre 13h05 e 13h08, no horário de ingresso às aulas.
O fato gerou a transferência do menino agressor na semana passada.
Já o garoto agredido, que foi atendido na Fundação Hospital Centenário (FHC) e liberado para repouso e observação no mesmo dia da agressão, ainda abalado e marcado pelas agressões no rosto, segue sem frequentar a escola, assim como seus irmãos, que presenciaram a violência.
Os nomes da mãe e das crianças, inclusive do adolescente agressor, não serão divulgados em respeito ao artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina a preservação da identidade de adolescentes e crianças.
- SIGA O ABCMAIS NO GOOGLE NOTÍCIAS!
Chicletes
O caso teria iniciado por causa de um chiclete. O menino, que acabaria sendo vitimado, comprou chicletes para dividir com seus amigos.
"Meu filho foi com seu irmão, de 9 anos, a irmã, de 6, e mais dois amigos para a escola e comprou cinco chicletes para eles dividirem (um para cada)", conta a mãe, conforme relato dos filhos.
"Ele (o agressor) arrancou o chicle da mão do meu filho de 9. Então, o de 11 foi pegar de volta para defendê-lo e devolver", relata a mãe. Foi neste momento que o garoto agressor teria começado a agredir o menino.
Segundo contaram os filhos à mãe, o garoto agressor sufocou o menino, que desmaiou e, ao cair, bateu o rosto no chão.
"Após vê-lo desacordado e inconsciente, ainda arrastou o meu filho do portão até o banheiro, e foi aí que ele começou a convulsionar. Aí o irmão dele começou a se desesperar, pedindo que o guri o soltasse, mas ele continuava dando socos mesmo com o menino desacordado, dizendo 'acorda que nem foi tudo isso, para de se fazer."
Socorro
Conforme a mãe, seu filho teria sido socorrido pelo pai de outro aluno, que o levou à secretaria. "Se não fosse por isso, talvez o pior teria acontecido", conta.
Na secretaria, os responsáveis pelo menino agredido foram chamados. O avô o levou ao Hospital Centenário, onde foi atendido e liberado.
A mãe reclama que, segundo relato das crianças, "passaram três professoras enquanto o irmão dele pedia ajuda, mas nenhuma ajudou para evitar o acontecido". A direção da escola nega que isso tenha acontecido.
O caso foi registrado em Boletim de Ocorrência e é investigado pela 1ª Delegacia de Policia Civil em São Leopoldo.
Segundo a delegada Cibelle Savi, após diligências ela pretende entregar a ocorrência ao Ministério Público ainda nesta semana.
O Conselho Tutelar Centro informa que está em fase de atendimento às famílias dos estudantes. Segundo o conselheiro Jonathan Gabriel de Oliveira, o órgão soube do caso pelas redes sociais e compareceu à Emef no dia 26.
Emef divulga nota negando negligência
A Emef publicou, no dia 27 de março, uma nota sobre o assunto. “Informamos que foram tomadas as medidas cabíveis a uma escola, respeitando os preceitos legais, em todas as instâncias, prestando solidariedade, assistência e suporte”, afirma.
A diretoria da Emef foi procurada para esclarecer a suposta omissão cometida pelas professoras e negou que qualquer uma tenha visto a cena.
Em outra nota, alegou que a vítima foi levada à sala dos professores por um pai de aluno, onde a equipe diretiva teria ligado para o Samu, Guarda Civil Municipal e responsáveis do aluno.
Smed diz que escola tomou as providências cabíveis
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) afirma que tomou providências “ouvindo a direção da Emef, a mãe do estudante e o Conselho Tutelar”.
A Smed, segundo afirma em sua nota, “entende que a escola não foi omissa, pois buscou resolver o ocorrido - segundo a equipe diretiva tentando contato com a mãe da criança, acionando a Guarda Municipal, serviço de Saúde e Conselho Tutelar”.
A nota segue: “A partir de encaminhamento do Conselho Tutelar foi feita a transferência de escola do estudante agressor. A Smed, através do serviço do Núcleo Interdisciplinar de Saúde na Escola, está realizando acompanhamento psicológico da vítima”.
Agressor foi transferido e pode ser enquadrado como autor de ato infracional
Diante da repercussão do caso, o garoto de 12 anos foi transferido para outra instituição de ensino mediante solicitação do Conselho Tutelar.
Segundo a delegada Cibelle, pela idade, o garoto já pode ser considerado adolescente autor de ato infracional e pode ser apreendido a uma Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), se assim a Justiça determinar.
Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), disposto na Lei n.º 8.069/90, o tempo máximo de apreensão nesses casos é de três anos.