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VALE DO SINOS

MENINGITE: Mãe de bebê que morreu em menos de 24h faz apelo a pais sobre a gravidade da doença: "Meu filho estava morrendo aos poucos"

Arthur Fetzer, de apenas 1 ano e 3 meses, faleceu no último dia 25. Veja relato da mãe nas redes sociais

Publicado em: 14/07/2023 às 11h:26 Última atualização: 20/08/2024 às 18h:11
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A morte do pequeno Arthur Fetzer, de 1 anos e 3 meses, reacendeu o alerta para a meningite bacteriana na região metropolitana. 

O menino, que era morador de Estância Velha, faleceu no dia 25 de junho e, duas semanas depois, no último domingo (9), a mãe, Juliane, usou suas redes sociais e do brechó onde trabalha em Novo Hamburgo para falar sobre o assunto. 

“Um dos propósitos [da partida dele] foi para que eu fizesse esse vídeo, para tentar disseminar o máximo possível o motivo pelo qual ele faleceu”, começou.

Arthur Fetzer começou a ter febre na quinta-feira do dia 22 e veio a falecer no domingo, 25 de junho | abc+



Arthur Fetzer começou a ter febre na quinta-feira do dia 22 e veio a falecer no domingo, 25 de junho

Foto: Arquivo pessoal

Durante toda a gestação, Juliane apareceu nos stories e feed do Instagram do estabelecimento mostrando roupas e composições disponíveis para venda, o que fez com que as seguidoras acompanhassem todo o desenvolvimento do pequeno desde a barriga da mãe. Por isso, foi um choque quando o post de luto foi publicado.

Além de agradecer pela enxurrada de mensagens que recebeu, Juliane explica quando os primeiros sintomas da doença começaram e qual foi o primeiro diagnóstico dos médicos. A febre começou na quinta-feira, dia 22 de junho, enquanto o menino estava na escolinha. Arthur teve 39.1°C de febre. No dia seguinte, “ele aparentemente estava bem”, mas continuou tendo picos de febre. 

À reportagem, Juliane conta que tanto na sexta quanto no sábado, os pais levaram o menino à emergência da Doctor Clin, em Novo Hamburgo. Lá, os médicos diagnosticaram um quadro de laringite e indicaram medicamentos para auxiliar no tratamento.

“No sábado à tarde eu voltei lá, ele não estava bem, tanto que eu e meu pai fomos lá e meu pai disse ‘doutor, esse menino não está bem’. O doutor olhou e disse: ‘não, é laringite’. E a gente não tem como saber. A gente colocou nas mãos dele porque ele estudou e sabe sobre aquilo, então, a gente saiu de lá com o coração apertado.” 

Por meio de nota, a Doctor Clin diz que, neste momento, aguarda “os resultados das investigações em curso”. [VEJA ABAIXO A ÍNTEGRA DA NOTA]

Como o bebê piorou pela madrugada, os pais decidiram levar Arthur ao Hospital Regina, também em Novo Hamburgo. Naquele dia, uma manchinha pequena e roxa apareceu no pé e já estava na metade da canela quando ele foi levado à casa de saúde. Em menos de 16 horas, se espalhou por todo o corpo e a criança não resistiu. 

“Ele estava muito fraco, ele lutou a madrugada inteira esperando leito [de UTI], com dor, não tinha jeito de se ajeitar na cama. Para mim, acho que foi a parte mais horrível de toda a história, foi lá dentro do Regina, porque o meu filho estava morrendo aos poucos e a cada hora a gente via que não tinha mais o que fazer”, conta.

Em nota, o Hospital Regina diz que Arthur foi transferido para a UTI Pediátrica, mas não especificou detalhes sobre o leito ocupado pelo menino. “Tratou-se de um caso muito grave, sendo identificada sua gravidade já na chegada ao hospital. A criança teve o atendimento inicial na Emergência pela equipe de emergencistas e com suporte do médico intensivista da UTI Pediátrica, iniciando manejo precoce, pensando em todas as possibilidades. Na sequência, ele foi transferido para a UTI Pediátrica.”

O hospital esclareceu ao meio-dia desta sexta-feira (14) que não há leito clínico dentro da UTI Pediátrica. De acordo com a instituição, mais detalhes do atendimento não puderam ser fornecidas à reportagem em função da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Juliane pede por conscientização

Em vídeo publicado nas redes sociais, Juliane manda um recado para os pais e salienta que é necessário ter responsabilidade com as crianças: “A gente nunca espera que aconteça, mas se ela [a doença] existe, a gente tem que ir atrás”, e complementa:

“Pesquisem, cobrem dos pediatras de vocês para que eles expliquem todos os tipos de vacinas que o SUS não cobre. Vocês precisam estar cientes do que acontece com os filhos de vocês, para que vocês de alguma forma consigam prevenir, porque o que a gente passou, eu jamais desejaria a alguém”, diz, emocionada.

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, de forma gratuita, somente a vacina contra a meningite C.

“Meu nenê sofreu um dia inteiro. Graças a Deus, ele está bem, está feliz lá em cima, não sofre mais. Quem sofre é quem fica”, relata.

A mãe do menino faz um apelo para que os pais exijam exames para confirmar diagnósticos. 

De acordo com a neurologista e professora do curso de Medicina da Universidade Feevale, Helena Fussiger, não é possível detectar a doença por meio de exames de sangue, mas outros exames podem ser solicitados para que o diagnóstico seja feito.

“Para dizer que é meningite tem que fazer um exame de pulsão lombar que é um exame mais invasivo”, explica.

Primeiro caso de meningite bacteriana em Estância Velha

O caso do pequeno Arthur foi o primeiro de meningite bacteriana registrado em Estância Velha em 2022 e em 2023, conforme a Prefeitura da cidade. Ainda, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que nenhuma outra criança da escola de educação infantil onde o menino estudava teve os sintomas.

Vacina do SUS não protege contra todos os tipos

O Sistema Único de Saúde oferece a vacinação contra meningite, no entanto, não protege contra todas as cepas existentes. “A vacina contra meningite oferecida na rede pública é a Menigocócica C, que protege contra o tipo C. 

Casos

No Rio Grande do Sul, em 2022, foram 136 casos da doença, sendo 87 de meningite pneumococo, 38 de meningococo e 10 de hemophilus. Destes contaminados, 36 vieram a óbito, sendo 29 infectados pela pneumococo, seis por meningococo e um por hemophilus.

Já em 2023, até o momento, o Estado registrou 76 casos de meningite, cerca de 56% do total registrado no ano anterior. Destes casos, 55 foram da pneumococo, 17 de meningococo e quatro de haemophilus. Dos infectados, foram 19 mortes, sendo 18 por pneumococo e um por meningococo.

Casos em Novo Hamburgo

Em Novo Hamburgo, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, em 2022, foram 20 casos da doença, sendo 11 não especificadas, um por meningococo, um classificado como bacteriana, um viral, três pneumococo e três tipificadas como outras etiologias.

Já em 2023, até o momento, a cidade hamburguense registrou 23 casos. Destes, 14 foram classificados como não especificados, um como bacteriana, cinco como viral, dois como pneumococo e um como outras etiologias.

Principais sintomas

  • Febre alta;
  • Alteração no nível de consciência;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Rigidez de nuca;
  • Algumas vezes, manchas na pele (tipo picada de mosquito);
  • Em crianças pequenas, há também o abaulamento de fontanela (moleira inchada);

Apesar de grave, a meningite bacteriana tem cura, desde que diagnosticada rapidamente e tratada com antibiótico apropriado.

Veja a nota da Doctor Clin na íntegra

“Nota a respeito do falecimento do paciente Arthur Fetzer, ocorrido no dia 25 de junho.

A Doctor Clin tomou ciência do ocorrido e esclarece que todo atendimento necessário foi prestado ao paciente durante sua passagem pela unidade de Novo Hamburgo. Informamos que o paciente foi examinado clinicamente e recebeu tratamento adequado, de acordo com o diagnóstico inicial.

Neste momento, é importante ressaltar que a causa exata do falecimento ainda não está completamente esclarecida, sendo necessário aguardar os resultados das investigações em curso.

Nossos profissionais de saúde seguem os protocolos e diretrizes estabelecidos, visando sempre o bem-estar e a saúde de nossos pacientes. Reforçamos que permanecemos à disposição para fornecer as informações necessárias e prestar todo o apoio à família do paciente nesse momento difícil.”

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