FRUTA DO VERÃO
Melancias cultivadas na região estão mais doces, aponta estudo
Testes feitos pela Ceasa/RS mostram teor de doçura superior ao indicado pela União Europeia
Última atualização: 22/01/2024 16:03
A suculência e refrescância são algumas das características tradicionais da melancia. Mas neste ano, a fruta, que é a cara do verão, está ainda mais doce e saborosa. Um estudo feito pela Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) constatou que a quantidade de açúcar encontrado nas amostras coletadas de melancias vindas de Montenegro, Portão e mais três municípios do Estado foram superiores ao recomendado pela União Europeia.
Para avaliar a intensidade de doçura da melancia, o teste do grau Brix foi aplicado e indicou o percentual de açúcar. Foram coletadas 25 amostras da fruta que chegaram à Ceasa do dia 24 de novembro ao dia 6 de dezembro de 2022. As análises, feitas por servidores da Gerência Técnica da Ceasa, identificaram que as amostras variaram de 10° a 12,2° Brix, ficando acima o teor de doçura indicado pela União Europeia, com 9° Brix.
O grau é medido por meio do refratômetro, aparelho que mede a quantidade de luz que desvia ao passar por uma substância. Neste caso, a luz devia mais em uma substância com alto teor de açúcar. De acordo com o gerente técnico do setor de análises, Claiton Colvelo, os testes são realizados com recorrência em diversos produtos comercializados na Ceasa para averiguar a qualidade dos hortigranjeiros que chegam até os consumidores.
Além de Portão e Montenegro, melancias de Arroio dos Ratos, Triunfo, Minas do Leão também fizeram parte das verificações. Colvelo conta que as safras destas cidades foram as primeiras a entrarem na Ceasa e por isso, foram verificadas. “A carga chega pelo portão onde a gente tem o controle e aproveitamos para coletar uma amostra da melancia”. Ele acrescenta ainda que “geralmente são essas primeiras safras que podem ter problemas. Pode entrar uma melancia fora do ponto ideal para consumo e pode acabar estragando mercado. Mas ficamos muito felizes quando os resultados são tão positivos”, explica.
Doçura tem relação com o clima
A concentração de açúcar elevada da safra de 2023 pode ter envolvimento com as condições climáticas dos últimos meses. Conforme o gerente técnico, dias de chuva no fim de agosto e frio em outubro e novembro atrasou o aprontamento da fruta, fazendo com que a melancia ficasse menor do que o comum. “Quanto mais chuva no período de aprontamento da melancia, menos açúcar ela vai concentrar”.
Melancia em alta pela região
No calor intenso do verão, a melancia é uma alternativa para se manter refrescado. E na região, local para apreciar a fruta não faltam. Em Taquara, a Feira da Melancia trouxe aos consumidores melancias produzidas no interior do município. A feira ocorreu na Rua Coberta da cidade até o dia 30 de janeiro e ofereceu a fruta de diversos modos, seja inteira, em fatia ou em suco.
O casal de produtores Gabriel Kunz Anacleto, 29, e Cibele Waschburger, 33, foram responsáveis por uma das bancas do evento. Eles contam que este foi o primeiro ano em que participaram da feira e que, mesmo tendo colhido uma safra menor do que a esperada, há boa expectativa justamente pelo sabor intensificado.
Em Parobé, Juliana Damas, 50, se deliciou junto aos netos Lucca Miguel, 3, e Henri Gabriel, 4, com o suco de melancia na 17ª Festa da Melancia, no dia 8 de janeiro. O evento, gratuito a população, ocorreu de 5 a 15 de janeiro, com diferentes opções para o consumo da fruta. Sediado na Rua Coberta da Praça Primeiro de Maio, a festa contou com 20 estandes. “Nós somos de Parobé, então sempre viemos. Eu trouxe meus netos e só nesta edição, já é o terceiro dia que venho”, relatou Juliana.
Na Banca 1, a venda da melancia é cultura da família. Alvicio Francisco de Passos, 68, vende a fruta há 8 anos e garante a qualidade da melancia, já que acompanha de perto o desenvolvimento da melancia que o cunhado, Wellington Jardel, 26, planta. Mesmo com Jardel afirmando que a safra deste ano foi diferente em comparação com a de 2022, com a colheita de um terço da produção, Passos já havia vendido cerca de 280 melancias e a intenção era vender ainda mais. “A gente vende só a fruta e as vendas estão muito boas, bem movimentadas”, destacou o vendedor.
O casal de Ivoti, Nestor Prass, 75, e Eti Prass, 71, são exemplos disso. Eles foram à festa garantir a melancia e saíram de lá com duas unidades da fruta. “A gente vem todos os anos. As melancias estão muito bonitas e bem docinhas”, contou Prass.
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