FIM DA SUSPENSÃO

Médico investigado pela morte de 42 pacientes em Novo Hamburgo pode voltar a operar

Saiba o que João Couto Neto, também suspeito de 114 lesões graves, decidiu fazer com a liberação para cirurgias

Publicado em: 24/10/2023 20:50
Última atualização: 24/10/2023 21:40

Investigado pela morte de 42 pacientes e lesões graves em outros 114 em Novo Hamburgo, o médico João Batista do Couto Neto pode voltar a operar. A decisão judicial que o proibia de fazer cirurgias acabou no sábado (21). Atuando em São Paulo desde fevereiro, conforme revelado pela reportagem em junho, ele diz que não pretende retomar procedimentos invasivos no momento. Vai continuar no atendimento clínico.


João Couto foi intimado em casa na tarde de 12 de dezembro Foto: Reprodução

Um dos cirurgiões até então mais requisitados no Vale do Sinos, Couto foi submetido a duas suspensões judiciais. A primeira no dia 12 de dezembro do ano passado, quando agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo o notificaram da decisão e cumpriram três mandados de busca - na casa dele, no Centro; no consultório, situado no Centro Clínico Regina; e no Hospital Regina, onde fazia a maior parte das cirurgias. Celulares, documentos e prontuários de pacientes foram apreendidos.

“Pautei toda minha vida profissional com ética e respeito aos meus pacientes”, declarou à reportagem, no dia da operação, quando era acusado de cinco mortes e nove lesões graves. O delegado Tarcísio Kaltbach chegou a pedir a prisão do profissional, mas o Judiciário determinou suspensão de 180 dias.

As denúncias não paravam de crescer. A proibição expirou em 10 de junho e foi renovada por mais quatro meses, no dia 23 do mesmo mês. Nesta terça-feira (24), três dias depois do fim da segunda punição, segundo o Tribunal de Justiça, “não existe nova prorrogação da ordem judicial até o momento”.

Defesa considera uma “pena antecipada”

Para o advogado Bruno de Lia Pires, a suspensão não é cabível. “A defesa entende que, embora o médico não tenha intenção de, por ora, realizar cirurgias, não há necessidade de nova imposição de restrição a sua atividade. A investigação já perdura há quase um ano e não foi concluída, de modo que não deve ser imposta pena antecipada ao médico”, salienta.

Mais quatro homicídios apurados


João Couto Foto: Reprodução

O número de possíveis vítimas foi atualizado nesta terça-feira pela 1ª DP. Os homicídios apurados passaram de 38 para 42. A complexidade do inquérito, que tramita em sigilo, envolve dezenas de análises e laudos ainda pendentes no Instituto-Geral de Perícias. Perfurações de intestino, pâncreas e aorta, além de pulmão 'colado' à pele e retirada de umbigo, estão entre as denúncias contra o profissional. O caso pode resultar no maior júri da história de Novo Hamburgo.

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