Depois de ter o pedido para isenção da tarifa de pedágio aos moradores da cidade negado pelo governo do Estado, a prefeitura de Portão iniciou o processo de implementação de pavimento asfáltico no trecho de chão batido e calçamento, que serve como desvio da praça, localizada na altura do bairro Rincão do Cascalho na cidade.
Nos últimos dias, as equipes da empresa Toniolo Busnelo, vencedora da licitação para a obra, iniciaram as ações no local. Conforme o superintendente de planejamento e obras de Portão, Guilherme Martini, o serviço inclui um trecho de capeamento sobre o início da Rua São Leopoldo com a RS-240, outro trecho de capeamento na Otávio Juventil da Rosa e pavimentação no trecho de chão batido, totalizando cerca de 300 metros de pavimento e 200 metros de capeamento asfáltico.
Na semana passada, foi feito o trabalho de topografia a sinalização no ponto. Na sexta-feira (19), máquinas faziam a limpeza e retirada da vegetação no trecho de chão batido. O serviço deve continuar nesta semana com a realização da drenagem no local, para posteriormente ser feita a base asfáltica da área. Segundo Martini, é possível que a obra seja concluída em dois meses.
“O cronograma é de quatro meses, mas a gente pretende fazer em menos tempo, se o clima colaborar”, destacou. No total, serão investidos R$ 946.493,26 no trecho, a fim de ligar os dois pontos do desvio da RS-240 com pavimento asfáltico.
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Projeto para o interior
Prefeito de Portão, Delmar Hoff, o Kiko, ressaltou que todo o trecho do desvio será asfaltado para beneficiar a população da cidade, que passou a ter um valor de “pedágio exorbitante” e que, de forma “insensível” não teve a isenção aprovada. Kiko destacou também que o asfaltamento do desvio na localidade do Rincão do Cascalho, na verdade, é um projeto asfáltico que está sendo levado a várias ruas do interior do município.
Depois do trecho, o próximo local a receber a melhoria deve ser a Rua Vereador Antônio Rodrigues da Rosa. O objetivo é facilitar a mobilidade e, a longo prazo, a vinda de mais empresas para o município, visto que os hectares de terra em Portão seriam mais baratos que outras cidades da região. “Com asfalto, a possibilidade de trazer empresas é muito maior, na minha visão”, ponderou Kiko.
Movimento intensificado
No trecho do desvio, agora, as máquinas dividem o espaço com os muitos veículos que circulam por ali a fim de evitar a tarifa – que passou de R$ 6,50 para R$ 11,90 aos carros de passeio, por exemplo. Uma alta de 83% – cobrada pelo pedágio. O novo valor entrou em vigor no dia 1º de fevereiro, depois que a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) assumiu a praça de Portão.
Com isso, os carros dos moradores cadastrados na antiga operação das cancelas também perderem a isenção na cobrança. O caminho passando pelo Rincão do Cascalho que já era movimentado, com o aumento, passou a ser ainda mais procurado.
"Para os motoristas faz muita diferença"
Moradora de São Leopoldo, Saionara de Oliveira, 55, conta que há sete anos trabalha voluntariamente no local “arrumando” a parte de chão batido da estrada, para facilitar a passagem dos motoristas. Ela intercala o serviço com o ex-companheiro durante a semana, colocando terra nos buracos e recolhendo o lixo que eventualmente é jogado no ponto.
Em troca, eles ganham gorjetas dos motoristas e moradores. Embora o asfalto acabe “prejudicando” o seu serviço no local, Saionara não se preocupa e disse que vai continuar atuando por ali. “O pessoal joga muito lixo. Garrafa PET e latinhas recolhemos, o resto a gente coloca numa sacola e põem no lixo. No verão, eu vendia água mineral aqui também”, comentou, já estimando outras funções que pode exercer.
Ela também elogiou o asfaltamento do trecho, que vai ajudar muito para quem trafega. “É uma coisa boa para o pessoal. Para os motoristas faz muita diferença. Eu, se tivesse carro, não passaria pelo pedágio”, opina.
Prefeitura move ação judicial
Além de asfaltar o trecho do desvio, outra medida do município para acelerar a retirada do pedágio do local – que deve ser realocado em São Sebastião do Caí até janeiro do ano que vem –, é uma ação judicial movida pela prefeitura portanense. Procuradora-geral do município, Tatiana Sampaio disse que o processo segue correndo, mas que, além disso, discutirá o assunto na capital federal.
“Eu irei à Brasília, juntamente com o prefeito de São Sebastião do Caí, no dia 30, para tratar do tema 513 (cobrança de pedágio intermunicipal sem disponibilização de via alternativa) com o ministro Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal)”.