CATÁSTROFE NO RS

De escolas a posto de saúde recém inaugurado: Mais de 150 instituições públicas têm prejuízos pela enchente na região

Cidade mais afetada é Canoas, onde 41 escolas tiveram danos e o HPSC precisou ser totalmente evacuado

Publicado em: 05/06/2024 06:54
Última atualização: 05/06/2024 08:08

Um mês após a eclosão da maior catástrofe climática já registrada no Rio Grande do Sul, o poder público segue contabilizando os prejuízos. O lento recuo das águas em algumas cidades, contudo, dificulta a avaliação do tamanho do estrago e o quanto os municípios terão que despejar de recursos públicos para recolocar as cidades de pé. Entretanto, essa condição não impede um levantamento estatístico de instituições públicas afetadas.


Escola de educação infantil do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, perdeu móveis, brinquedos, entre outros bens, adquiridos há apenas 3 anos Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Somente nos vales do Sinos, Caí e Paranhana, conforme levantamento realizado pelo Grupo Sinos junto às prefeituras, 105 escolas foram atingidas pela água. O maior número foi em Canoas, com 41 escolas. Em São Leopoldo, foram 18, e em Novo Hamburgo outras 11. Os danos variam de instituição para instituição, mas a maioria segue fechada para o processo de limpeza e reforma.

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Na Escola de Educação Infantil Olavo Bilac, uma das 11 atingidas em Novo Hamburgo, os funcionários conseguiram iniciar o mutirão de limpeza no dia 22. Atingida com mais de um metro de água, pouca coisa poderá ser reaproveitada pela escola que atende mais de 200 crianças, conforme a diretora Janaína Cardoso Ramos. Todos os brinquedos, móveis do setor administrativo e das salas de aula, a biblioteca, classes e cadeiras, nada disso sobrou.

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“Dá pra dizer que perdemos 90% das coisas. Estamos falando de uma escola recente, que tem cerca de três anos, então, tudo que a água destruiu era praticamente novo. É muito triste”, lamenta a diretora. Janaína tem a convicção de que a escola voltará a funcionar, entretanto, o trauma deve custar a passar. “Nesses últimos dias, ouvir qualquer nível de barulho de chuva já causa um pavor”, explica.

 

Perdas na Olavo Bilac chegam a 90% dos equipamentosIsaías Rheinheimer/GES-Especial
Escola de educação infantil do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, perdeu móveis, brinquedos, entre outros bens, adquiridos há apenas 3 anosIsaías Rheinheimer/GES-Especial
Escola de educação infantil do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, perdeu móveis, brinquedos, entre outros bens, adquiridos há apenas 3 anosIsaías Rheinheimer/GES-Especial
Escola de educação infantil do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, perdeu móveis, brinquedos, entre outros bens, adquiridos há apenas 3 anosIsaías Rheinheimer/GES-Especial

 

Em Igrejinha, no Vale do Paranhana, oito escolas municipais sofreram sérios danos estruturais e perda de 100% dos móveis, equipamentos e utensílios. O prejuízo foi estimado em R$ 880 mil.

Posto de saúde fica submerso apenas sete dias após ser inaugurado

O número de postos de saúde e hospitais afetados pela enchente também é alarmante: Na região, foram 55 em 15 municípios diferentes. No caso mais grave, o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) precisou ser totalmente evacuado após o bairro Mathias Velho começar a ser tomado pela água.

Mas também há o caso de um posto de saúde que ficou submerso apenas sete dias após a sua inauguração. Foi na Vila Paim, bairro São Miguel, em São Leopoldo. Numa parceria da Unisinos com a prefeitura, a antiga Unidade Básica de Saúde (UBS) Paim foi revitalizada e ganhou novo prédio, entregue no dia 27 de abril. No sábado seguinte, porém, o posto acabou sendo um dos atingidos pela enchente – somente no município, foram 16 afetados no total.

Somente na última sexta-feira (31), depois que a água baixou completamente, é que as equipes da Fundação Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde (Semsad) puderam entrar na unidade e dar início à limpeza da estrutura.

O valor final ainda deve aumentar, mas se estima que o prejuízo na UBS Paim ultrapasse R$ 1 milhão, entre reforma e equipamentos.

Outros postos atingidos, nas UBSs Rio dos Sinos, Brás e Padre Orestes, equipes também já começaram o processo de limpeza neste fim de semana. Todas as perdas contabilizadas estão sendo lançadas no sistema do Ministério da Saúde (MS), solicitando verba para reformas e equipamentos. 

Muitas pontes terão que ser reconstruídas

A quantidade de ruas e passeios públicos deteriorados pela força da água ainda é incalculável. Entretanto, o número de pontes, pontilhões e passarelas que precisam ser reconstruídas ou reparadas já foi contabilizado pelas prefeituras. São 67. Rolante, Três Coroas e Taquara, todos municípios do Vale do Paranhana, são mais impactados neste sentido, com 29, 14 e nove pontes ou passarelas levadas pela água, respectivamente.

Em Taquara, a estrutura de 9 pontes foram abaladas pela força da água durante a enchente de maio Foto: Weslei Fillmann/Prefeitura de Taquara

Taquara, por exemplo, aguarda o envio de R$ 2,1 milhões do governo federal, que será utilizado para a construção de uma nova ponte na localidade de Padilha, que foi danificada significativamente pelas águas. O recurso também servirá para o custeio da limpeza urbana, desobstrução de vias atingidas por deslizamentos de terra e ajuda humanitária.

Há também a solicitação de R$ 1,7 milhão para a reconstrução de bueiros na localidade de Pega Fogo e de duas pontes nas localidade de Padilha e Rio da Ilha, recurso que deve chegar nos próximos dias, possibilitando que o processo de reconstrução seja iniciado.

Igrejinha, outro município do Paranhana duramente atingido pela enchente, prevê a necessidade de um investimento de R$ 3,6 milhões para reconstruir a ponte Edmundo Kichler, no Centro. Um pilar e uma viga de sustentação da estrutura foram levados pela água e a erosão do solo em uma das cabeceiras forçou sua interdição pelo risco iminente de queda.

*Colaborou: Priscila Carvalho

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