Considerada uma das maiores construções no estilo enxaimel do Rio Grande do Sul, o Salão Holler, de Ivoti, ainda não tem uma previsão para voltar a receber a comunidade. Quem passa pela Avenida Presidente Lucena acompanha de perto a situação do casarão erguido no século 19, com 797,92 metros quadrados de área.
Um documento elaborado na Jornada de Patrimônio Cultural de Ivoti pede que os candidatos ao Executivo consolidem uma política de proteção ao patrimônio cultural.
O salão foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) em 2014, mesmo ano em que foi doado à prefeitura. Fechado desde 2010, as obras de restauro começaram em outubro de 2021 com expectativa de serem realizadas em três etapas.
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A primeira, já finalizada, era a instalação de um novo telhado, estrutura emergencial e parte elétrica provisória. Já o reparo do forro, esquadrias e a substituição de peças de madeira seriam para uma segunda fase. Por fim, o projeto inicial previa a estrutura elétrica definitiva, eletrônica e o Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI).
Conforme a assessoria de imprensa da administração municipal, neste momento a prefeitura trabalha no projeto e orçamento da segunda etapa. Inclusive, em dezembro de 2023 a reportagem divulgou que a obra estava atrasada por conta do projeto estrutural devido às condições das madeiras do entrepiso no térreo.
Ainda segundo a assessoria, o empecilho foi resolvido por conta do trabalho que está em desenvolvimento, relacionado a segunda fase da restauração. No entanto, a prefeitura não informou quando vai concluir esse planejamento e nem qual o custo estimado, embora afirme que há previsão de recursos no orçamento de Ivoti para a melhoria.
Além disso, essas futuras obras dependem de aprovação do Iphae, já que o projeto ainda não foi enviado para o órgão estadual. Para a parte do telhado, o orçamento na época divulgado foi de R$ 211 mil, oriundo de verba municipal.
Uso do espaço
A prefeitura divulgou que tem a intenção de usar o antigo salão como novo endereço da biblioteca municipal, proposta que já gerou controvérsias em lideranças no meio cultural. Segundo a presidente da Sociedade Ivotiense de Estudos Humanísticos (Siehu), Andréa Cristina Baum Schneck, o Salão Holler é central e tem potencial para ser um espaço cultural público, estrutura que o município não tem.
Inclusive, após a enchente de maio que deixou o Núcleo de Casas Enxaimel embaixo d’água, o que ocasionou o fechamento do Museu Cláudio Oscar Becker, foi sugerido ao município que o museu funcionasse na Casa Holler.
Cronograma, atividades e capacidade técnica
No início do mês, dentro da Jornada de Patrimônio Cultural de Ivoti, foi realizado o encontro “Diálogos e reflexões sobre os caminhos da preservação”, que produziu uma carta aberta aos candidatos a prefeito da Cidade das Flores. O documento fala da importância e a necessidade de valorizar o patrimônio histórico, que a propósito, foi comemorado em 17 de agosto.
Conforme o presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, Cristiano de Brum, um dos pontos abordados na carta é a necessidade de ter um cronograma das obras que são realizadas nos prédios públicos históricos, com fácil acesso para toda a comunidade poder acompanhar.
“O ideal é que tivesse um cronograma aberto e que todos tivessem acesso às datas. Infelizmente essa transparência não está sendo clara”, comenta. Ele aponta que este é um problema não só em Ivoti.
Conforme Brum, as restaurações históricas costumam ser tratadas pelos órgãos públicos como obras comuns, enquanto na realidade não são. “É uma oportunidade de fazer educação patrimonial, fazer oficinas, ensinar as crianças, de fazer oficinas com carpinteiro e pedreiros. Tem que ter um envolvimento comunitário. Aproveitar aquele momento como uma escola”, defende.
Outro ponto que o documento elaborado chama atenção é para a necessidade de haver mais critérios de seleção para definir empresas vencedoras de obras de restauração. Além do preço, Brum fala que a carta defende a capacidade técnica e experiência prévia dos inscritos. “Às vezes, uma obra mal feita acaba causando mais danos ao prédio”, pondera.
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