INTERROGATÓRIO
Mãe de Rafael acusa pai do menino por homicídio: 'Por que não me matou no lugar do meu filho?'
Ré Alexandra Dougokenski apontou o ex-companheiro como autor do assassinato do filho caçula
Última atualização: 18/01/2024 10:27
Acusada pela morte do filho Rafael Mateus Winques, assassinado em 2020, Alexandra Dougokenski foi interrogada nesta quarta-feira (18), durante julgamento em Porto Alegre. No terceiro dia de júri, a mãe do menino negou a autoria do crime e apontou o pai de Rafael, Rodrigo Winques, como autor do assassinato.
"Até hoje me pergunto: 'Por que ele não me matou no lugar do meu filho'?", questionou a ré ao fazer a acusação. O interrogatório foi finalizado no início da tarde.
Durante o relato, Alexandra alegou ter assumido inicialmente a autoria dos fatos para acalmar a família, que buscava uma resposta para o desaparecimento do menino de 11 anos. A acusada afirmou ainda ter sido pressionada pela Polícia Civil para dizer que matou o filho.
O dia do crime
A juíza Marilene Parizotto Campagna pediu para que a mãe de Rafael fizesse um relato livre do que teria acontecido na noite de 14 de maio de 2020. A ré contou que tudo corria dentro da normalidade e que cada filho [eram dois] foi para o seu quarto. Do seu, Alexandra relatou que viu, pela ampla janela de vidro, a luz de um veículo que parou em frente à casa. Em seguida, ligou a luz de fora e avistou Rodrigo. "Ele perguntou pelo Mateus [nome do meio de Rafael]. Eu disse que não era hora de ele ver o Rafael, mas ele insistiu", relatou.
Conforme o relato de Alexandra, a partir daquele momento, Rafael saiu do quarto, e o pai o pegou no colo e disse que ia levá-lo. Ela então teria falado para Rodrigo que ele não ia levar seu filho. "Quando ele se afastou de mim, o Rafael apontou o dedo para eu olhar para o lado. Nesse instante, avistei outra pessoa", prosseguiu a ré.
Segundo Alexandra, um segundo homem participou da ação. "Ele [Rodrigo] tirou uma corda do bolso da jaqueta. Estava com uma jaqueta preta e um boné bordô, estava de máscara. Tirou a corda e tentou amarrar nos braços do meu filho, mas ele não conseguiu porque o Rafael se debatia muito. Eu não conseguia me aproximar, o cara me segurava", afirmou.
"Acho que meu filho 'tava' sentindo que ia morrer ali. Meu filho começou a gritar e se debater: 'Para, pai. Não, pai'. Foi o único momento em que eu ouvi ele chamar ele de pai. Foi coisa de instantes. Meu filho começou a se debater muito. E, logo em seguida, ele parou. Entrei em desespero. Até hoje me pergunto: 'Por que ele não me matou no lugar do meu filho'?".
Na sequência, Alexandra disse que foi obrigada pelos dois homens a acompanhá-los até o terreno vizinho, onde colocaram Rafael na caixa. "Ele me disse a todo momento que se eu contasse algo, que ele ia voltar e matar toda a minha família."
Ela e Rodrigo mantiveram um relacionamento por quase 11 anos, que ela definiu como abusivo.
A mãe do menino disse que voltou para casa e ficou sem rumo até o dia amanhecer. "Depois que o dia amanheceu, meu filho Anderson acordou e a única coisa que veio na minha cabeça foi dizer que ele [Rafael] tinha sumido".
Medicamento
O Diazepam encontrado após perícia no corpo de Rafael teria sido ministrado por ela dois dias antes do crime, "porque ele reclamou de não conseguir dormir". Como à época a família estava em isolamento social, teria decidido ministrar um medicamento do irmão dela para o menino. Alexandra contou que buscou a medicação na casa da mãe, onde pegou dois comprimidos.
Filho acredita na inocência da mãe
Ouvido como informante, o filho mais velho de Alexandra, Anderson Dougokenski, estava em casa na noite em que o irmão caçula teria sido morto. Ele e a mãe se abraçaram ao se reencontrarem no plenário do júri no fim da manhã de terça-feira (17), antes do início de seu depoimento. O jovem chorou e disse não acreditar que Alexandra tenha cometido o crime.
Em seu relato, o filho mais velho de Alexandra afirmou que, na noite do assassinato do irmão, ouviu barulhos, mas achou que vinham dos vizinhos. Que ouviu alguém dizendo "para, pai" algumas vezes, mas achou que não fosse na casa da família e foi dormir.
No dia seguinte, ele teria acordado, feito café e perguntado à mãe se ela havia escutado os barulhos na vizinhança e que ela teria dito que não. Ainda conforme Anderson, ele passou pelo quarto do irmão e não o viu. Perguntou à mãe, e ela respondeu que achava que ele estava na avó, que morava em frente. Em seguida, a avó apareceu, mas também não tinha visto o menino.
Após a localização do corpo do irmão e da prisão da mãe, Anderson foi morar com a avó paterna em outra cidade.
Padrasto o violentava
Anderson afirma ter sofrido abuso sexual por parte de Rodrigo, pai de Rafael, enquanto ele vivia com Alexandra. O crime teria começado a ser praticado antes mesmo do irmão mais novo nascer. O jovem disse que não contou para a mãe e que só conseguiu relatar o episódio a uma psicóloga depois que o irmão faleceu. Um inquérito policial está em andamento para apurar as acusações.
O jovem frisou ainda que o ex-padrasto era agressivo com a Alexandra e citou que precisara intervir em determinada ocasião para proteger a mãe de agressões físicas. Acrescentou que Rodrigo anda armado e que sente medo dele.
A relação de Rafael com o pai não era boa, de acordo com Anderson. Segundo ele, o menino costumava chamar o pai de "demo" (diminutivo de demônio) e teria afirmado que "preferia morrer" a morar com Rodrigo.
Acusada pela morte do filho Rafael Mateus Winques, assassinado em 2020, Alexandra Dougokenski foi interrogada nesta quarta-feira (18), durante julgamento em Porto Alegre. No terceiro dia de júri, a mãe do menino negou a autoria do crime e apontou o pai de Rafael, Rodrigo Winques, como autor do assassinato.
"Até hoje me pergunto: 'Por que ele não me matou no lugar do meu filho'?", questionou a ré ao fazer a acusação. O interrogatório foi finalizado no início da tarde.
Durante o relato, Alexandra alegou ter assumido inicialmente a autoria dos fatos para acalmar a família, que buscava uma resposta para o desaparecimento do menino de 11 anos. A acusada afirmou ainda ter sido pressionada pela Polícia Civil para dizer que matou o filho.
O dia do crime
A juíza Marilene Parizotto Campagna pediu para que a mãe de Rafael fizesse um relato livre do que teria acontecido na noite de 14 de maio de 2020. A ré contou que tudo corria dentro da normalidade e que cada filho [eram dois] foi para o seu quarto. Do seu, Alexandra relatou que viu, pela ampla janela de vidro, a luz de um veículo que parou em frente à casa. Em seguida, ligou a luz de fora e avistou Rodrigo. "Ele perguntou pelo Mateus [nome do meio de Rafael]. Eu disse que não era hora de ele ver o Rafael, mas ele insistiu", relatou.
Conforme o relato de Alexandra, a partir daquele momento, Rafael saiu do quarto, e o pai o pegou no colo e disse que ia levá-lo. Ela então teria falado para Rodrigo que ele não ia levar seu filho. "Quando ele se afastou de mim, o Rafael apontou o dedo para eu olhar para o lado. Nesse instante, avistei outra pessoa", prosseguiu a ré.
Segundo Alexandra, um segundo homem participou da ação. "Ele [Rodrigo] tirou uma corda do bolso da jaqueta. Estava com uma jaqueta preta e um boné bordô, estava de máscara. Tirou a corda e tentou amarrar nos braços do meu filho, mas ele não conseguiu porque o Rafael se debatia muito. Eu não conseguia me aproximar, o cara me segurava", afirmou.
"Acho que meu filho 'tava' sentindo que ia morrer ali. Meu filho começou a gritar e se debater: 'Para, pai. Não, pai'. Foi o único momento em que eu ouvi ele chamar ele de pai. Foi coisa de instantes. Meu filho começou a se debater muito. E, logo em seguida, ele parou. Entrei em desespero. Até hoje me pergunto: 'Por que ele não me matou no lugar do meu filho'?".
Na sequência, Alexandra disse que foi obrigada pelos dois homens a acompanhá-los até o terreno vizinho, onde colocaram Rafael na caixa. "Ele me disse a todo momento que se eu contasse algo, que ele ia voltar e matar toda a minha família."
Ela e Rodrigo mantiveram um relacionamento por quase 11 anos, que ela definiu como abusivo.
A mãe do menino disse que voltou para casa e ficou sem rumo até o dia amanhecer. "Depois que o dia amanheceu, meu filho Anderson acordou e a única coisa que veio na minha cabeça foi dizer que ele [Rafael] tinha sumido".
Medicamento
O Diazepam encontrado após perícia no corpo de Rafael teria sido ministrado por ela dois dias antes do crime, "porque ele reclamou de não conseguir dormir". Como à época a família estava em isolamento social, teria decidido ministrar um medicamento do irmão dela para o menino. Alexandra contou que buscou a medicação na casa da mãe, onde pegou dois comprimidos.
Filho acredita na inocência da mãe
Ouvido como informante, o filho mais velho de Alexandra, Anderson Dougokenski, estava em casa na noite em que o irmão caçula teria sido morto. Ele e a mãe se abraçaram ao se reencontrarem no plenário do júri no fim da manhã de terça-feira (17), antes do início de seu depoimento. O jovem chorou e disse não acreditar que Alexandra tenha cometido o crime.
Em seu relato, o filho mais velho de Alexandra afirmou que, na noite do assassinato do irmão, ouviu barulhos, mas achou que vinham dos vizinhos. Que ouviu alguém dizendo "para, pai" algumas vezes, mas achou que não fosse na casa da família e foi dormir.
No dia seguinte, ele teria acordado, feito café e perguntado à mãe se ela havia escutado os barulhos na vizinhança e que ela teria dito que não. Ainda conforme Anderson, ele passou pelo quarto do irmão e não o viu. Perguntou à mãe, e ela respondeu que achava que ele estava na avó, que morava em frente. Em seguida, a avó apareceu, mas também não tinha visto o menino.
Após a localização do corpo do irmão e da prisão da mãe, Anderson foi morar com a avó paterna em outra cidade.
Padrasto o violentava
Anderson afirma ter sofrido abuso sexual por parte de Rodrigo, pai de Rafael, enquanto ele vivia com Alexandra. O crime teria começado a ser praticado antes mesmo do irmão mais novo nascer. O jovem disse que não contou para a mãe e que só conseguiu relatar o episódio a uma psicóloga depois que o irmão faleceu. Um inquérito policial está em andamento para apurar as acusações.
O jovem frisou ainda que o ex-padrasto era agressivo com a Alexandra e citou que precisara intervir em determinada ocasião para proteger a mãe de agressões físicas. Acrescentou que Rodrigo anda armado e que sente medo dele.
A relação de Rafael com o pai não era boa, de acordo com Anderson. Segundo ele, o menino costumava chamar o pai de "demo" (diminutivo de demônio) e teria afirmado que "preferia morrer" a morar com Rodrigo.
"Até hoje me pergunto: 'Por que ele não me matou no lugar do meu filho'?", questionou a ré ao fazer a acusação. O interrogatório foi finalizado no início da tarde.