LUTA CONTRA O RELÓGIO
Paciente com câncer protesta por tratamento urgente em frente ao Fórum de Taquara
Moradora pinta o rosto e se manifesta, devido à demora na entrega de medicamentos oncológicos pelo Estado
Última atualização: 01/03/2024 15:31
Em frente ao Fórum de Taquara, uma voz ecoou em meio à agitação da cidade. A moradora Ana Doris Rocha Boeira, de 56 anos, não estava apenas protestando, estava lutando contra o tempo e o câncer que se espalha por seu corpo.
"Quem não está fornecendo o medicamento que preciso é o Estado", ela afirma com um misto de indignação e desespero.
A demanda de Ana Doris é clara: ela exige tratamento imediato para seu melanoma maligno de pele, agora avançado para o pulmão e fígado. Desde que entrou em contato com seu advogado em 19 de janeiro, ela está em uma corrida contra o relógio.
"Eles deram um prazo de 30 dias no início. E, claro, eles estão dentro do prazo, mas é um prazo muito longo para quem tem câncer de estar se espalhando", diz Ana Doris, enfatizando a urgência da situação.
A demora na entrega dos medicamentos é uma constante na vida de Ana Doris e de muitos outros pacientes com a doença no Brasil.
"Esperei quase três meses para começar o tratamento inicial. É como se tivesse uma arma apontada para a cabeça, que vão passando os dias e depende do Estado fornecer o remédio", ela revela.
Essa espera não é apenas um incômodo logístico, é uma luta diária pela vida. "Para o Estado é só 15 dias, 30 dias, mas para quem espera é demais, porque o câncer não pode esperar", desabafa, expressando a angústia compartilhada por tantos outros pacientes.
A falta de consciência sobre essa realidade é o que motiva Ana Doris a levantar sua voz em protesto. "A maioria das pessoas não sabe disso, que a pessoa com câncer, ela não vai lá e tem o tratamento, não. Ela tem que entrar judicial, ela tem que esperar", explica, destacando a invisibilidade dessa batalha para muitos.
No âmbito legal, Ana Doris é representada pela documentação médica que atesta sua condição e a urgência do tratamento. Diagnosticada em março de 2020, com um histórico de acompanhamento do Hospital Bom Jesus de Taquara, ela é um exemplo vívido das muitas vozes silenciadas pela demora nos processos.
O que diz a Secretaria Estadual da Saúde
Na tarde desta sexta (1º), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) enviou à reportagem seu posicionamento por meio de nota. Segundo a pasta, a "usuária em questão está em atendimento, conforme determinação judicial, onde o Estado é réu". "O medicamento está sendo fornecido para paciente regularmente desde novembro/2022. No ano de 2024 a paciente recebeu medicamento em 22/01/2024 e 27/02/2024", completou.