CULTURA
Livro narra histórias de mulheres de Pinhal Alto
Nossas Mães e os Sinos de Bochum tem lançamento neste sábado (6) e resgata o legado feminino na comunidade
Última atualização: 06/03/2024 10:42
A autora Helena Ines Seger Weber (foto) nasceu e mora em Pinhal Alto, interior de Nova Petrópolis, que é o cenário de seu novo livro: Nossas Mães e os Sinos de Bochum - A saga do Tannenwald - uma colônia alemã no Rio Grande do Sul. A obra tem lançamento marcado para este sábado (6), a partir das 9h30, com recepção na Capela Imaculado Coração de Maria. Haverá missa, seguida de lançamento da obra e sessão de autógrafos no Centro Social e Cultural de Pinhal Alto. A programação conta ainda com almoço por adesão pelo valor de 50 reais.
Antes da publicação do livro, apenas os nomes dos 16 primeiros imigrantes do Tannenwald eram conhecidos. Uma pesquisa do genealogista Dieter Loyo e o inquietamento de Helena apresentou, a partir de então, o nome também de mulheres.
Nossas Mães e os Sinos do Bochum resgata as histórias de 30 mulheres com importantes contribuições para a comunidade local. "A ideia do meu segundo livro surgiu a partir de uma inquietude: o anonimato das mulheres. Há ricos registros sobre a história da imigração no Tannenwald (assim chamado Pinhal Alto até 1940). Temos até a nominata dos 16 desbravadores que chegaram por volta de 1860. A comunidade foi crescendo em feitos, sem que se desse importância à contribuição feminina", comenta Helena. E Bochum é a cidade alemã de onde vieram os sinos da igreja.
A autora conta que existem vários monumentos religiosos na localidade. "Um deles é uma cruz alusiva à realização da primeira missa, quando 'a esposa de August Jäger' adoeceu gravemente, e um padre veio de Dois Irmãos para assistir a 'moribunda' na derradeira hora. E ela foi enterrada no cemitério do Jammerthal. Sem nome. Comecei a me dar conta: o anonimato feminino não é tão passado", destaca.
A personagem do primeiro capítulo é Paulina Lauxen Kroetz, avó materna da própria escritora. Ela foi a apenas a primeira a ter sua história de vida pesquisada e escrita por Helena, que reuniu outras 29 personagens nesta obra.
Reparação histórica
"Nossas Mães e os Sinos de Bochum é reparação", escreveu Camila Weber, filha de Helena, na contracapa. As histórias das personagens se entrelaçam com Pinhal Alto.
"Helena registra a quase invisibilidade feminina e traz à superfície os indícios de um papel surpreendente e forte, num mundo em que as mulheres eram, na realidade, fundamentais para a vida e os destinos daquele lindo lugar", citou a doutora em História Leonor Baptista Schwartsmann, no texto na "orelha" do livro.
Como adquirir
O livro tem 430 páginas e é vendido pelo valor de 80 reais pela editora Oikos. Depois do lançamento, os exemplares podem ser adquiridos na Alles - Avenida 15 de novembro, 1.290, loja 10, Galeria Imperatriz Leopoldina.
Existe a possibilidade de remessa pelos Correios mediante contato com Helena pelo telefone e WhatsApp (54) 99111-2731.
Escolha das personagens e descobertas interessantes
Como foram escolhidas as personagens?
Helena Ines Seger Weber - Por questões de afinidade, de relações viscinais, de parentesco, ou porque ensinadas com o mesmo credo, as personagens foram surgindo umas após outras, somando 30. Elas se conheciam, interagiam.
À medida que se conheceu suas trajetórias, foi sendo mostrada uma época, a de mulheres descendentes de famílias alemãs, com usos, costumes, tradições e muita religiosidade.
Muitas descobertas interessantes lhe chamaram a atenção?
Helena - Então, uma dessas personagens trouxe a Walter Seger (*1928 2009), líder comunitário, em uma pasta. O conteúdo: documentos, incríveis recortes de jornais (do Deutsches Volksblatt e do Jornal A Nação) em que moradores locais davam notícias de seus nascimentos, mortes, rotinas e festividades.
Hubert Müller (*1877 1950) escreveu num dezembro de 1913 sobre os primórdios do Tannenwald, sob a ótica masculina obviamente.
Hilda Amália Hansen-Hansen é o nome da guardiã. A que teve irmão prefeito, irmã mãe de bispo, três irmãos padres, uma irmã religiosa. Ela guardava o feito de outros, inclusive do pai Nicolau Hansen, tido como "Gemeindevater", pai da comunidade - aquele que instalou os sinos que vieram da cidade alemã de Bochum e que durante mais de 50 anos puxou-os três vezes ao dia. Os moradores acertavam os relógios, tamanha a exatidão. Houve testemunhas de sua última frase: "Quem doravante vai puxar os sinos".
A filha Hilda Amália puxou, durante mais de 20 anos.
Quanto tempo demorou desde a ideia até o livro ficar pronto?
Helena - Foi um trabalho intenso de três anos. Havia um rico começo de meu pai Walter Seger: ele recebeu o que lhe trouxe Hilda Amália, já havia transcrito do alemão gótico grande parte.
Ali esse começo ao que me contaram os filhos das 30 mulheres. Ou seja, nossas mães foram intermediárias, uniram a história da colonização aos dias de hoje, formando um todo.
Paralelo aos documentos e recortes de jornais antigos que foram traduzidos no capítulo de Hilda Amália, em sótãos de casas antigas, no específico do dos pais da personagem, foram encontradas cartas, então também traduzidas.
Ainda como material muito especial, os livros contábeis do fabriqueiro (tesoureiro): neles, a relação dos associados a partir de 1890, as despesas ano após ano (desde o milho, combustível para o meio de transporte do padre, até a compra das cordas para puxar os sinos (de Bochum) da "nova igreja" (1929). Tudo formando nossa história.
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