ECONOMIA
Temporada do camarão traz boas expectativas para pescadores no litoral norte
Em Tramandaí e Imbé, trabalhadores dizem que crustáceos estão maiores nesta safra
Última atualização: 11/01/2024 09:55
O início do verão é marcado também pela abertura da temporada de pesca do camarão na Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, no Litoral Norte. A safra, que começou no último dia 22 de dezembro e vai até 21 de julho, traz boas expectativas para os pescadores.
Morando às margens do Arroio Tramandaí, que deságua na Lagoa do Armazém, a família Morais vive da pesca há mais de 40 anos. Desde 1985, Venina dos Santos Morais, 67, e Paulo Morais, 66, fazem a pesca de camarão. Para esta safra, o casal espera conseguir, com as duas embarcações com que trabalham, mais de 5 mil quilos da espécie camarão-rosa e uma temporada melhor do que em 2022.
"Este ano tem bastante mato na lagoa, então criou bastante camarão e peixe. Por isso que esse camarão está graúdo", explica Paulo.
Outro aspecto que faz crescer a confiança em um bom período de pesca é o tempo seco e o baixo volume de chuva, já que a concentração de sal na água influencia a safra. "O que faz a safra ser ruim é a chuvarada, porque nós temos uma área de risco. Uma chuvarada que dá enchente, vai todo o camarão embora para o mar. Mas neste ano a água está boa, precisa estar salgada", observa o pescador.
Com uma área total de 2.980 quilômetros quadrados, a bacia hidrográfica do Rio Tramandaí abrange 18 municípios, entre eles Tramandaí e Imbé. "São, em média, 50 famílias de pescadores que participam da pesca do camarão em Imbé", pontua o diretor do Departamento Municipal de Pesca, João Batista Maria Ferreira. Conforme o diretor, na cidade os camarões são capturados no Rio Tramandaí e no Arroio Camarão. Já em Tramandaí o número de famílias que exploram o recurso também é em torno de 50 e a pesca ocorre principalmente no Rio Tramandaí, Lagoa do Armazém e o canal que liga as lagoas das Custódias e do Armazém, conhecido localmente como Arroio Camarão.
Economia local cresce
Na safra de 2022, a pesca do camarão rendeu, no acumulado das duas cidades, em torno de 2 milhões de camarões, equivalente a 100 toneladas, conforme o presidente da Colônia de Pescadores e Aquicultores Z-39, Marcelino Teixeira.
O número elevado traz impacto positivo para a economia local. De acordo com o relatório mais recente publicado pelo Monitoramento Pesqueiro do Estuário do Rio Tramandaí (Mopert), em uma estimativa de valores comercializados de janeiro a dezembro de 2020 por pescadores artesanais de Imbé e Tramandaí, o camarão é o segundo produto que mais gerou rentabilidade econômica, somando R$ 553.169,50.
O diretor do Departamento de Pesca de Imbé enxerga o período como um momento crucial para os pescadores, já que "com a safra do camarão, sempre há uma melhora na renda e este dinheiro gira na economia local".
Além de ser essencial para quem pesca, a temporada do camarão é também uma oportunidade para o comércio e para quem está em busca de uma oportunidade de trabalho. Para a Secretaria de Pesca e Agricultura de Tramandaí, "há um aumento sim na oferta de oportunidade de emprego, pois algumas pessoas desempregadas ou aposentadas acabam por aderir à pesca do camarão ou à revenda desse produto, como alternativa de renda".
Enquanto a cidade dorme, pescadores trabalham
Venina conta que foi com a pesca que ela e o marido criaram os quatro filhos. Atualmente, um dos filhos e o genro do casal fazem parte da equipe de pescadores. E é para ter o camarão fresquinho para vender ao freguês que o trabalho começa ainda no dia anterior. A pescadora diz que, religiosamente, entre às 17h30 e 18 horas, as embarcações partem da casa dela em direção à lagoa para armar a rede de avião - uma das técnicas de capturar o crustáceo.
No barco, além das redes conhecidas também como ‘aviãozinho’, vão junto as baterias de automóveis que são utilizadas para gerar a luz, fundamental na pesca do camarão. “A bateria é levada dentro de um isopor A gente pendura em uma taquara e acende as lâmpadas, porque sem a luz não tem camarão. Fica lá a noite toda. Meia noite, o pessoal vai lá e dá uma despesacada para tirar os peixinhos. Por volta das 4h30 e 5 horas, a gente vai até lá e traz o pescado. Tudo de madrugada”, detalha Venina.
Após a pesca, é o momento de separar os camarões para comercializar. Paulo diz que eles tem o crustáceo para todos os gostos, “quem quiser o camarão inteiro, a gente vende. Quem não quer, a gente descasca e ferve ele”. E nada é desperdiçado, já que quando não há para quem vender no momento, os camarões são limpos, fervidos e armazenados congelados para que possa ser negociado ao longo do ano.
Além do método utilizado pela família, há também a pesca feita com tarrafa. No entanto, essa Venina relata que essa forma é utilizada por pescadores no Arroio Camarão. “Tem os moradores que se atrevem a pescar e o pescador, que vive da pesca. É a nossa sobrevivência”, pondera ela.
Regras para a pesca
A determinação com o período para a temporada do camarão foi publicada em Portaria no Diário Oficial da União no último dia 22. De acordo com o advogado dos sindicatos dos pescadores de Tramandaí, Capão da Canoa, Maquiné e da Federação dos Sindicatos dos Pescadores do Estado do Rio Grande do Sul, José Roberto Prestes Madruga, há regras para a realização do pescado especificamente para a bacia hidrográfica do Rio Tramandaí, como estabelece a instrução normativa 17 de outubro de 2004.
"Nossos pescadores são pessoas acostumadas com a pesca do camarão. Eles já sabem quais são os regramentos, os horários, apetrechos e malhas”.
O início do verão é marcado também pela abertura da temporada de pesca do camarão na Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, no Litoral Norte. A safra, que começou no último dia 22 de dezembro e vai até 21 de julho, traz boas expectativas para os pescadores.
Morando às margens do Arroio Tramandaí, que deságua na Lagoa do Armazém, a família Morais vive da pesca há mais de 40 anos. Desde 1985, Venina dos Santos Morais, 67, e Paulo Morais, 66, fazem a pesca de camarão. Para esta safra, o casal espera conseguir, com as duas embarcações com que trabalham, mais de 5 mil quilos da espécie camarão-rosa e uma temporada melhor do que em 2022.
"Este ano tem bastante mato na lagoa, então criou bastante camarão e peixe. Por isso que esse camarão está graúdo", explica Paulo.
Outro aspecto que faz crescer a confiança em um bom período de pesca é o tempo seco e o baixo volume de chuva, já que a concentração de sal na água influencia a safra. "O que faz a safra ser ruim é a chuvarada, porque nós temos uma área de risco. Uma chuvarada que dá enchente, vai todo o camarão embora para o mar. Mas neste ano a água está boa, precisa estar salgada", observa o pescador.
Com uma área total de 2.980 quilômetros quadrados, a bacia hidrográfica do Rio Tramandaí abrange 18 municípios, entre eles Tramandaí e Imbé. "São, em média, 50 famílias de pescadores que participam da pesca do camarão em Imbé", pontua o diretor do Departamento Municipal de Pesca, João Batista Maria Ferreira. Conforme o diretor, na cidade os camarões são capturados no Rio Tramandaí e no Arroio Camarão. Já em Tramandaí o número de famílias que exploram o recurso também é em torno de 50 e a pesca ocorre principalmente no Rio Tramandaí, Lagoa do Armazém e o canal que liga as lagoas das Custódias e do Armazém, conhecido localmente como Arroio Camarão.
Economia local cresce
Na safra de 2022, a pesca do camarão rendeu, no acumulado das duas cidades, em torno de 2 milhões de camarões, equivalente a 100 toneladas, conforme o presidente da Colônia de Pescadores e Aquicultores Z-39, Marcelino Teixeira.
O número elevado traz impacto positivo para a economia local. De acordo com o relatório mais recente publicado pelo Monitoramento Pesqueiro do Estuário do Rio Tramandaí (Mopert), em uma estimativa de valores comercializados de janeiro a dezembro de 2020 por pescadores artesanais de Imbé e Tramandaí, o camarão é o segundo produto que mais gerou rentabilidade econômica, somando R$ 553.169,50.
O diretor do Departamento de Pesca de Imbé enxerga o período como um momento crucial para os pescadores, já que "com a safra do camarão, sempre há uma melhora na renda e este dinheiro gira na economia local".
Além de ser essencial para quem pesca, a temporada do camarão é também uma oportunidade para o comércio e para quem está em busca de uma oportunidade de trabalho. Para a Secretaria de Pesca e Agricultura de Tramandaí, "há um aumento sim na oferta de oportunidade de emprego, pois algumas pessoas desempregadas ou aposentadas acabam por aderir à pesca do camarão ou à revenda desse produto, como alternativa de renda".
Enquanto a cidade dorme, pescadores trabalham
Venina conta que foi com a pesca que ela e o marido criaram os quatro filhos. Atualmente, um dos filhos e o genro do casal fazem parte da equipe de pescadores. E é para ter o camarão fresquinho para vender ao freguês que o trabalho começa ainda no dia anterior. A pescadora diz que, religiosamente, entre às 17h30 e 18 horas, as embarcações partem da casa dela em direção à lagoa para armar a rede de avião - uma das técnicas de capturar o crustáceo.
No barco, além das redes conhecidas também como ‘aviãozinho’, vão junto as baterias de automóveis que são utilizadas para gerar a luz, fundamental na pesca do camarão. “A bateria é levada dentro de um isopor A gente pendura em uma taquara e acende as lâmpadas, porque sem a luz não tem camarão. Fica lá a noite toda. Meia noite, o pessoal vai lá e dá uma despesacada para tirar os peixinhos. Por volta das 4h30 e 5 horas, a gente vai até lá e traz o pescado. Tudo de madrugada”, detalha Venina.
Após a pesca, é o momento de separar os camarões para comercializar. Paulo diz que eles tem o crustáceo para todos os gostos, “quem quiser o camarão inteiro, a gente vende. Quem não quer, a gente descasca e ferve ele”. E nada é desperdiçado, já que quando não há para quem vender no momento, os camarões são limpos, fervidos e armazenados congelados para que possa ser negociado ao longo do ano.
Além do método utilizado pela família, há também a pesca feita com tarrafa. No entanto, essa Venina relata que essa forma é utilizada por pescadores no Arroio Camarão. “Tem os moradores que se atrevem a pescar e o pescador, que vive da pesca. É a nossa sobrevivência”, pondera ela.
Regras para a pesca
A determinação com o período para a temporada do camarão foi publicada em Portaria no Diário Oficial da União no último dia 22. De acordo com o advogado dos sindicatos dos pescadores de Tramandaí, Capão da Canoa, Maquiné e da Federação dos Sindicatos dos Pescadores do Estado do Rio Grande do Sul, José Roberto Prestes Madruga, há regras para a realização do pescado especificamente para a bacia hidrográfica do Rio Tramandaí, como estabelece a instrução normativa 17 de outubro de 2004.
"Nossos pescadores são pessoas acostumadas com a pesca do camarão. Eles já sabem quais são os regramentos, os horários, apetrechos e malhas”.