ATENÇÃO REDOBRADA
Sobe o número de crianças que se perdem nas praias gaúchas
Nos primeiros 20 dias da temporada de verão, já foram 545 registros. Durante a Operação Verão de 2021/2022, eram 499 registros de crianças que se perderam na beira-mar
Última atualização: 17/01/2024 15:16
O dia de lazer à beira-mar pode se transformar em tensão quando uma criança se perde. Com o maior número de veranistas, consequentemente aumenta o número de crianças perdidas pelas praias gaúchas. Durante a Operação Verão de 2021/2022, eram 499 registros de crianças que se perderam na beira-mar. Nos primeiros 20 dias desta temporada, as ocorrências somam 545 casos. O levantamento foi divulgado no último domingo (6) e compreende os registros desde 17 de dezembro.
No final da manhã de domingo (8), um menino de 8 anos, que havia se perdido da família enquanto brincava, aguardava na guarita 149, em Tramandaí. A praia estava lotada e o pequeno se perdeu entre os guarda-sóis. Banhistas desconfiaram se tratar de uma criança perdida e a levaram até a guarita. Ali, os guarda-vidas Willkisson Lopes, 22, e Cristiano Dias, 36, estavam de serviço. "Ele chegou bem nervoso, acalmamos ele e começamos a tentar localizar a mãe. O que dificulta é que ele só lembrava a cor da cadeira de praia dela", comenta Lopes. O guarda-vidas Dias, há 16 anos atuando na Operação Verão, conta que só nesta semana dez crianças se perderam. "Nunca havia presenciado um verão com tantas crianças perdidas". Todas as crianças foram encontradas.
Apelo à atenção permanente
Para evitar perder as crianças nas praias, o coordenador da Operação Verão do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), tenente-coronel Isandré Antunes, faz um apelo às famílias.
Mesmo que pareça óbvia, a recomendação é jamais relaxar a atenção quando se tem crianças pequenas por perto. "É importante os adultos, que estiverem com uma criança sob seus cuidados, manterem o contato visual permanente. Qualquer descuido é suficiente para perder a criança de vista. Então, o pai e a mãe que forem à praia precisam dar um intervalo nas redes sociais e web para ficarem conectados com os baixinhos", orienta.
Antunes destaca que as praias lotadas, como tem ocorrido nesta temporada, são cenários que dificultam a localização devido à aglomeração de pessoas e guarda-sóis. O coordenador da Operação Verão ainda alerta que a responsabilidade pela supervisão em todas as áreas de lazer, não só em praias. "A criança não se perde, quem perde ela é o adulto. A supervisão deve ser constante, inclusive nos rios e piscinas", acrescenta. Embora haja contribuições do CBMRS e da BM para localizar as crianças, a recomendação primordial é evitar que elas se percam, por isso, a atenção redobrada é fundamental.
BM distribui pulseiras
Para contribuir para com a localização das crianças, pulseiras de identificação gratuitas são distribuídas pelos guarda-vidas e nas bases da Brigada Militar ao longo da praia. Na pulseira pode ser escrito o nome e o telefone do responsável, para auxiliar na localização dos familiares. Feita com material impermeável, as informações se mantêm visíveis mesmo após a criança ter entrado no mar.
A técnica em enfermagem Franciele Januário, frequenta a praia de Tramandaí, com o sobrinho Valentim de 1 ano 4 meses e aprovou a técnica. "Eu vigio bastante, não deixo brincar sozinho e ele se afasta de mim, no máximo, um palmo de distância. Mas essa é uma boa iniciativa, e eu acredito que os banhistas deveriam aderir cada vez mais", disse.
Para Cassiana e Márcio Barth, de Araricá, que foram passar o final de semana na praia com os quatro filhos, a ação era uma novidade. "Tem que ficar bastante atenta, principalmente em praia maior assim. Eles estão ali brincando, distraídos. Quando eles olham, não acham mais onde a gente está. Então, a gente tem que ficar sempre de olho mesmo", afirmou Cassiana Barth, 39. Eles revelam que com as experiências passadas de férias em família já desenvolveram um método próprio de supervisão. "Dividimos duas crianças para cada, e ficamos contando (para localizar os quatro filhos) à medida que eles se afastam quando estão brincando. Ou seja, não têm descanso", explica Márcio, 42.