Durante audiência pública realizada na última quarta-feira (13) na Assembleia Legislativa (AL/RS), em Porto Alegre, a Liga Feminina de Combate ao Câncer debateu sobre uma nova transferência do atendimento oncológico de Novo Hamburgo para um hospital mais próximo.
A nova aposta do grupo é o Hospital Centenário, em São Leopoldo.
Durante o encontro, promovido pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da AL/RS, o coordenador do Centro Oncológico do Centenário, Adalberto Broecker Neto, sinalizou positivamente para a mudança. Durante o encontro, o atendimento oncológico em São Leopoldo também entrou em pauta, já que atualmente pessoas diagnosticadas com câncer nas regiões da cabeça e do pescoço precisam ser atendidas na cidade de Santa Cruz do Sul, na região central do Estado.
Uma nova audiência pública será realizada em fevereiro para debater o assunto. O encontro deve acontecer ou em Novo Hamburgo ou em São Leopoldo. Antes disso, equipes da Secretaria Estadual de Saúde (SES) em conjunto com gestores das Secretarias Municipais de Saúde (SMS) dos dois municípios farão reuniões técnicas para desenhar uma solução para as duas cidades.
Segundo a SES, nenhuma reunião foi agendada ainda, mas a secretaria garante que “está sempre a disposição e aberta para o diálogo, tanto com prestadores quanto com municípios.”
Choque de versões
Transferidos para o Hospital Bom Jesus (HBJ) em Taquara em abril de 2022, os pacientes oncológicos de Novo Hamburgo precisam percorrer cerca de 44 km para fazer o tratamento. A mudança foi necessária após o Hospital Regina, localizado em Novo Hamburgo, não seguir como referência no atendimento oncológico.
De acordo com a SES, o Centenário não foi uma opção naquele momento por não apresentar disponibilidade nem condições de absorver a demanda. “O Centenário não apresentou disponibilidade para o atendimento. O hospital tem fila de espera com tempo de espera maior que o Bom Jesus, inclusive, a mudança de referência de cabeça e pescoço se deu pela incapacidade do hospital de atender os pacientes no tempo de espera oportuno e estabelecido em lei”, afirma a SES por nota.
Também em nota, o governo de Novo Hamburgo vai na mesma linha da SES, afirmando que o Centenário não tem, atualmente, condições de absorver os pacientes da cidade. “Quando o Hospital Regina comunicou que não realizaria mais o atendimento oncológico pelo SUS, todos os prestadores de serviço de oncologia na região foram aferidos pelo Estado e nenhum, com exceção de Taquara, tinha condições de absorver a demanda de pacientes de Novo Hamburgo que estavam em tratamento”, afirma o governo municipal.
Na mesma linha, o governo municipal garante que o Hospital Bom Jesus é quem pode, neste momento, garantir o tratamento aos paciente oncológicos. “O tratamento oncológico que está sendo ofertado atualmente à população hamburguense atende aos prazos preconizados pela legislação para este tipo de atendimento. Ou seja, está sendo possibilitado o tratamento ao paciente oncológico no tempo oportuno, conforme a legislação, o que não estava sendo possível com o antigo prestador.”
Presente na audiência pública de quarta-feira, a representante da Liga Feminina de Câncer de Novo Hamburgo, Regina Dau, conta que, durante encontro, a postura do Centenário contrariava a afirmação da SES. “O Hospital Centenário, através do diretor dele, diz que eles nunca foram questionados”, afirma Regina.
Quem não se fez presente na reunião foi o poder Executivo de Novo Hamburgo, que não enviou representantes. Das autoridades interessadas, a Prefeitura de Novo Hamburgo foi a única a não ter nenhum representante, já que a SES e a SMS de São Leopoldo se fizeram representar no encontro.
O governo de Novo Hamburgo afirma que não foi comunicado sobre a audiência. “A Secretaria Municipal de Saúde não recebeu nenhum comunicado sobre audiência pública a respeito do tema”, informa por nota.
Mesmo a Câmara de Vereadores dos dois municípios teve representação, sendo que Novo Hamburgo tinha um da base de apoio ao governo, Raizer Ferreira (PSDB), e um de oposição, Ênio Brizola (PT).
Esperança
Mesmo com a ausência de representantes do Executivo, Regina Dau garante estar confiante para que o tratamento oncológico volte a ser mais próximo. “A gente saiu com uma esperança que pode, quem sabe, ano que vem, trazer a Oncologia de Taquara para São Leopoldo”, aponta.
Proponente da audiência, o deputado estadual Dr. Thiago Duarte (União) chama atenção para os prejuízos que a distância gera para pacientes oncológicos. “A gente dificulta o acesso e, por isso, piora não só o prognóstico, mas o tratamento desses pacientes.”
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Apesar de ter previsão de ser realizado em fevereiro, o novo encontro para tratar o tema ainda não tem uma data definida. Essa nova agenda deve ser definida na reabertura dos trabalhos da AL/RS, que encerra o recesso parlamentar no início de fevereiro de 2024.