ECONOMIA
Confira o que disseram os líderes de setores afetados pela reoneração da folha
Além do setor coureiro-calçadista, o de máquinas, de transporte e segmentos ligados ao varejo estão entre os impactados com o possível aumento da alíquota
Última atualização: 24/11/2023 17:15
O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento pegou de surpresa representantes dos setores da economia que são impactados com a medida. Em outubro, a prorrogação foi aprovada pelo Senado.
A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI) lamentou a decisão e afirma que já articula com parlamentares da bancada gaúcha a derrubada do veto que considera um "verdadeiro escândalo". A entidade disse que espera "que o Congresso Nacional cumpra seu dever."
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Veloso, os empregos no setor serão fortemente afetados caso ocorra a reoneração.
"Vamos continuar trabalhando no sentido de mostrar pra sociedade e classe política que é vantagem pro País a prorrogação porque melhores salários e setores que mais empregaram nos últimos anos foram os contemplados", avalia Veloso.
O setor de telemarketing é um dos mais afetados com a reoneração. A presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Telemarketing e Radio Chamada do Estado (Sintratel RS), Crislaine, Carneiro, lembra que o segmento foi um dos que mais empregou em 2023.
"Foram mais de 200 mil contratações, beneficiando especialmente jovens em busca do primeiro emprego em sua maioria mulheres. Neste momento, a manutenção dessa medida é crucial", reforça.
O setor de transporte e logística também é um dos segmentos afetados com a possível elevação da alíquota.
"Esta medida representa um golpe significativo ao desenvolvimento econômico do setor de transporte e logística e do nosso país, impactando diretamente o setor produtivo e, consequentemente, a geração de empregos e a competitividade das empresas. Não temos dúvidas que aumenta o risco de desemprego e muitas empresas vão rever os seus investimentos e crescimento para o ano de 2024", ldiz o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul ( SETCERGS), Sérgio Mário Gabardo.
Segundo análise da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), caso a desoneração não seja revogada, cerca de 413 mil empregos poderão estar em risco no setor industrial gaúcho.
O varejo do RS também deve ser impactado caso o veto não seja derrubado no Congresso Nacional. "É lamentável e preocupante. O comércio, em especial os segmentos de confecção e vestuário, calçados, couro e têxtil, está diretamente prejudicado com a decisão", ressalta Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, sobre a determinação do presidente.
Os 17 setores beneficiados com a desoneração:
- Calçados
- Call Center
- Confecção e vestuário
- Comunicação
- Fabricação de veículos e carroçarias
- Máquinas e equipamentos
- Projetos de circuitos integrados
- Tecnologia de Comunicação
- Tecnologia da Informação
- Construção civil
- Couro
- Têxtil
- Proteína animal
- Construção e obras de infraestrutura
- Transporte rodoviário coletivo
- Transporte rodoviário de cargas
- Transporte metroferroviário de passageiros
Entenda a medida
A desoneração da folha é um mecanismo que permite às empresas dos setores beneficiados o pagamento de alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários - no caso do setor calçadista, o pagamento é de 1,5%. Essa permissão foi introduzida há 12 anos para algumas áreas e há pelo menos dez anos abrange todos os setores hoje incluídos.